(Primeira parte)
Traduzido por
Kalayasas, sob a Primeira e Gloriosa Dinastia Liu Sung, na Era Yuan Hwa.
O número das passagens
segue aquele expresso no Shinshû Seiten (Kyôto: Higashi Honganji Shuppan Bu),
1995. Pp. 89-123.
Prefácio
[1] Assim eu ouvi.
Em certa ocasião,
permanecia o Buda em Rajagrha, na Montanha Grdhrakuta, com uma multidão de
Bhiksus, mil duzentos e
cinqüenta monges ao
todo, mais trinta e dois mil Bodhisattvas, tendo a sua frente Manjuçri, o
príncipe do Dharma.
O Rei Bimbisara é aprisionado por seu filho
Ajataçatru
[2] Naquele tempo,
havia na grande cidade de Rajagrha um príncipe de nome Ajataçatru. Este,
seguindo as instruções de seu perverso
amigo Devadatta,
aprisionou o Rei Bimbisara, seu pai, encerrando-o isolado num quarto murado por
sete paredes, determinando a
todo o corpo de
ministros que ninguém deveria vê-lo.
A Primeira-Dama do país
chamava-se Vaidehi, e venerava profundamente o Grande Rei. Após limpa e
banhada, untou seu corpo com
um denso mel, deitou
farinha sobre ele e encheu seu colar com sumode uva, e secretamente entregou
tudo ao rei. Ele então comeu a
farinha, bebeu o sumo
de uva e então pediu por água. Tendo enxaguado a boca, juntou com reverência as
palmas das mãos na direção
da Montanha Grdhakuta
e, a distância, saudou reverentemente o Venerado do Mundo, pronunciando as
palavras:
“Mahamaudgalyayana é
meu parente, e quisera eu que ele demonstrasse compaixão e me conferisse os
Oito Preceitos”. Então
Mahamaudgalyayana voou
como um falcão até o rei e, dia após dia,conferiu-lhe os Oito Preceitos.O
Venerado do Mundo enviou
também o Venerável
Purna e mandou-o pregar o Dharma ao rei. Passaram-se assim três vezes sete
dias. O rei comia farinha e mel e
ouvia o Dharma, o que
tornou seu semblante alegre e pacífico.
A Rainha Vaidehi é aprisionada
[3] Então Ajataçatru
perguntou ao guarda do portão: “Meu pai, o rei, continua a existir?” O guarda
respondeu: “Grande Rei! A
Primeira-Dama unta o
corpo com farinha e mel, enche seu colar de sumo de uva e leva tudo isso para o
rei; os çramanas
Mahamaudgalyayana e
Purna vêm aqui através do ar para pregar o Dharma ao Rei, o que não posso
impedir”.
Ouvindo estas palavras,
Ajataçatru encolerizou-se com sua mãe e disse: “Minha mãe não passa de uma
rebelde em conluio com
rebeldes. Os çramanas
são homens perversos que com magia enganadora fizeram que o rei permanecesse
vivo depois de tantos dias”.
Assim dizendo, apanhou
uma espada pontiaguda, tencionando matar com ela sua mãe.
Havia então um ministro
chamado Candraprabha, um homem inteligente e de grande sabedoria. Em companhia
de Jivaka, saudou o
rei e disse-lhe:
“Grande Rei! Nós, ministros, ouvimos, a partir de uma das Sagradas Escrituras
Védicas, que desde o início dos kalpas
houve dezoito mil reis
perversos que, desejando o trono, cometeram parricídio. Porém, nunca ouvimos
falar sobre a perversidade do
matricídio. Ó Rei! Se
cometerdes este assassinato revoltante, maculareis os ksatriyas e estes
ministros não suportariam ouvir sobre
isso. Tal ato é
característico de um Candala, ao que não poderíamos permanecer aqui”.
Assim dizendo, os dois
grandes ministros, com as mãos em suas espadas, recuaram para se retirarem.
Então Ajataçatru assustou-se
angustiado, dizendo a
Jivaka: “Vós não sois dos meus?”. Jivaka respondeu: “Grande Rei! Guardai-vos de
cometer matricídio!”.
O rei, ouvindo tais
palavras, arrependeu-se e pediu ajuda. Depôs então sua espada, renunciando ao
matricídio. Ao invés disso,
ordenou aos
funcionários da corte que encerrassem sua mãe em uma câmara interna e não lhe
permitissem sair novamente.
Çâkyamuni visita Vaidehi
[4] Assim aprisionada,
Vaidehi deixou-se abater pela tristeza e pelo pesar. Voltada para a distante
Montanha Grdhakuta, ela
reverenciou o Buda, dizendo:
“Ó Tathagata, Venerado do Mundo! Outrora vós sempre me enviáveis Ananda para me
confortar.
Encontro-me agora
abatida pelo pesar e sinto profundo desgosto por não ter a menor possibilidade
de contemplar o Honrado do
Mundo, de gloriosas
virtudes. Assim sendo, eu vos suplico que me envieis o venerável
Mahamaudgalyayana e Ananda para que eu
possa vê-los”. Depois
de pronunciar essas palavras, ela se pôs a soluçar. Verteu então uma torrentede
lágrimas e saudou, de longe, o
Venerado do Mundo.
Antes mesmo de ela levantar a cabeça, o Venerado do Mundo, que se encontrava na
Montanha Grdhakuta,
tomou conhecimento dos
pensamentos que se abrigavam no coração de Vaidehi e, imediatamente, ordenou a
Mahamaudgalyayana e a
Ananda que fossem até
ela através dos ares. O próprio Buda deixoua Montanha Grdhakuta e mostrou-se na
câmara interna do Palácio
Real.
Após prostrar-se em
saudação, Vaidehi ergueu a cabeça e viu o Venerado do Mundo, o Buda Çâkyamuni.
Seu corpo tinha a cor do
ouro brunido e tinha
por assento um lótus de cem jóias. Mahamaudgalyayana postava-se a sua esquerda
e Ananda a sua direita. Indra, Brahma e os deuses protetores do mundo
mantinham-se no ar, fazendo chover flores celestiais portoda a parte e
apresentando
oferendas.
Tão logo Vaidehi percebeu
o Venerado do Mundo, tirou seu colar e prostrou-se ao solo. Gemendo e
soluçando, disse ela ao Buda:
“Venerado do Mundo! Que
antiga falta fez-me dar à luz tão mau filho? E quais os condicionamentos
kármicos, ó Venerado do
Mundo, que vos fizeram
parente de Devadatta?”.
Vaidehi aspira pelo ir-nascer na Terra Pura de
Amida
[5]“Ah! Venerado do
Mundo! Suplico-vos que me explaneis, de maneira ampla, a respeito de um local
isento de sofrimento e de
tribulações. É meu
desejo ir nascer em tal lugar. Não desejo mais viver neste corrompido e
perverso Mundo Jambudvipa. Este mundo
corrupto e maléfico
está pleno de seres infernais, espíritos famintos e seres animalescos, e
abundam nele os entes perversos. Quisera
eu, futuramente, jamais
ouvir vozes maléficas ou contemplar pessoas más. Agora, eu me prostro diante do
Venerado do Mundo, com
os cinco pontos no
solo, buscando proteção e lamentando minhas faltas. Suplico ao Sol Búdico que
se digne a me dispensar seus
ensinamentos e a me
fazer contemplar um mundo produzido a partir de ações puras”.
Então o Venerado do
Mundo emitiu luz a partir do ponto central entre suas sobrancelhas. Essa luz,
que tinha a cor do ouro, expandiuse iluminando os inumeráveis mundos das dez direções
do espaço, após o que recuou e fixou-se no alto da cabeça do Buda,
transformando-se numa
plataforma de ouro, semelhante ao Monte Sumeru. Nesta [luz] se manifestaram
todas as Maravilhosas e Puras
Terras dos Diferentes
Budas. Algumas dessas Terras eram compostas de sete espécies de jóias. Outras
se assemelhavam apenas a
flores de lótus. Outras
eram semelhantes aoPalácio do Deva Mahesvara. Outras eram semelhantes a
espelhos de cristal em que se
refletiam as Terras das
dez direções. Tais foram as inumeráveis Terras dos Budas, resplandecentes e
agradáveis de se contemplar,
vistas por Vaidehi, que
então disse ao Buda: “Venerado do Mundo! Ainda que todas essas Terras Búdicas
sejam puras e plenas de luz,
desejo ir nascer no
Mundo de Suprema Alegria do Buda Amida. Suplico ao Honrado do Mundo que se
digne a me ensinar o controle
do pensamento e a me
explicar a atitude receptiva correta”.
A luz brota do sorriso de Çâkyamuni
[6] Nesse momento, o
Honrado do Mundo esboçou um sorriso. Da boca do Buda brotaram raios de luz de
cinco cores. Cada um
desses raios passou a
iluminar o alto da cabeça do rei Bimbisara. Nessa hora, o Grande Rei, ainda que
prisioneiro, não experimentou
obstrução no olho de
seu coração e pôde contemplar, ao longe, o Venerado do Mundo. Prestou-lhe
homenagem inclinando a cabeça e
a face e, sem nenhum
esforço, obteveprogresso espiritual, alcançando o grau dos que jamais
retrocedem.
Três ações meritórias
para alcançar o ir-nascer na Terra Pura
[7]Nesse momento, o
Venerado do Mundo disse a Vaidehi: “Não sabes que o Buda Amida não se encontra
longe daqui? Concentra
tua mente e contempla
com clareza, naquela Terra, aquele que realizou plenamente as ações puras. Vou
agora te instruir de
maneira ampla, através
de numerosos exemplos. Assim, todos os entes profanos do futuro que desejarem
cumprir as ações puras
lograrão o nascimento
na Terra Ocidental daFelicidade Suprema. Aqueles que almejarem o nascimento
naquela Terra deverão, antes
de qualquer coisa,
praticar as três ações meritórias. Em primeiro lugar, deverão eles cuidar de
seus pais com respeito, servir seus
mestres e, com coração
compassivo, abster-se de matar, praticando as dez boas ações. Em segundo lugar,
deverão eles observar o
Tríplice Refúgio,
guardar os Preceitos e abster-se de violar as regras da boa conduta. Em
terceiro lugar, deverão acalentar o anseio
de alcançar o
Despertar, crer profundamente na Lei de Causa e Efeito, ler e recitar os Sutras
do Grande Veículo e exortar os demais
a trilharem o Caminho.
Esses três itens são chamados de atos puros”.
Disse ainda o Buda a
Vaidehi: “Não sabes agora que estas três espécies de ações são a causa
verdadeira das ações puras dos Budas
dos Três Tempos, do
Passado, do Futuro e do Presente?”
Vaidehi questiona sobre como visualizar a TerraPura
[8] Disse o Buda a
Ananda e Vaidehi: “Há que ouvir com atenção! Há que refletir bem! O Tathagata
pregará agora as ações puras em
benefício de todos os
seres viventes do futuro, atormentados por esses malfeitores que são todas as
espécies de paixões. Bem fizeste,
Vaidehi, em me propor
tão excelente questão! Ananda, deves assimilar e guardar as palavras do Buda
para as expor amplamente às
multidões! O Tathagata
vai agora ensinar a Vaidehi e a todos os seres viventes do futuro como
contemplar a Terra Ocidental da
Suprema Alegria. Com
efeito, é graças ao Poder do Buda que é possível contemplaraquela Terra de
Pureza tal como alguém que
observa sua própria
imagem num espelho brilhante. Há que alcançar a suprema e maravilhosa
felicidade de contemplar aquela Terra.
E é graças ao fato do
coração ficar pleno de contentamento que, no momento oportuno, será alcançada a
convicção de que todos os
fenômenos são
desprovidos de nascimento.”
O Buda disse a Vaidehi:
“Tu não passas de uma profana, as faculdades de teu coração são opacas e
débeis. Desprovida da Visão
Celestial, és incapaz
de ver a distância. Os Budas, os Tathagatas, dispõem de hábeis meios salvíficos
especiaisque te proporcionarão
semelhante visão.”
Disse então Vaidehi ao
Buda: “Venerado do Mundo! Até mesmo alguém como eu, graças aoPoder do Buda,
podeagora contemplar
aquela Terra.
Entretanto, como poderão os seres viventes dos tempos posteriores à Extinção do
Buda, corrompidos, perversos,
privados do bem,
atormentados pelos cinco sofrimentos, contemplarem o Mundo da Suprema Alegria
do Buda Amida?”
As Treze contemplações
1) contemplação do ambiente
[9] Disse o Buda a
Vaidehi: “Tu e outros seres sencientes deveisconcentrar-vos e, com pensamento
único, voltar vossa atenção em
direção ao oeste. Como
se pode contemplar? Todos os seres sencientes, exceto os que nasceram cegos –
isto é, todos aqueles com a
faculdade da visão –
devem contemplar o pôr do sol. Sentai-vos na postura apropriada, voltando-se
para o oeste. Fixai o olhar no sol,
com um firme
pensamento; concentrai vosso olhar, e não permitais que ele vague para longe do
sol poente, que é como um tambor
suspenso no horizonte.
Em assim fazendo, deveis ser capazes de visualizá-lo claramente, quer vossos
olhos estejam abertos ou
cerrados. Esta é a
visualização do sol, e é chamada de contemplação inicial”.
2) contemplação da água
[10] Deveis então
praticar a visualização daágua. Imaginai então que a água é pura e cristalina.
Fazei com que tal visão se torne
claramente distinta, e
não deixeis que se dispersem vossos pensamentos. Após ter visualizado a água,
imaginai que esta se congela.
Visualizando a
transparência do gelo em toda a sua profundidade, percebei-o como lápis-lazúli.
Ao alcançar tal visão, imaginaique o
chão é composto desta
gema e que brilha magnificamente, por dentro e por fora. Sob este assoalho, e
suportando-o, existe um
estandarte de sete
gemas inquebrantáveis, que se estende para as oito direções, de maneira que
seus oito lados são perfeitamente
alinhados. Cada um
destes lados é adornado por uma centena de gemas, e cada qual emite mil raios
de luz, e cada raio de luz possui
oitenta e quatro mil
cores. Estes [raios], quando refletidos sobre o assoalho de lápis-lazúli, são
como mil kotisde sóis, tão ofuscantes
que não se pode vê-los
detalhadamente.
Sobre o solo de
lápis-lazúli, existem cordasdouradas entrelaçadas transversalmente; sete gemas
marcam seus limites, de maneiraclara
e distinta. Cada jóia
possui luzes de quinhentas cores. A luz assemelha-se a uma flor, ou às estrelas
e à lua; suspensa no céu,
transforma-se numa
plataforma luminosa, na qual existem dez milhões de pavilhões feitos de uma
centena de gemas. Ambos os lados
desta plataforma são
adornados por uma centena de kotisde estandartes floridos, e por infinitos
instrumentos musicais. Enquanto oito
brisas puras surgem da
luz e tocam os instrumentos, proclamam a verdade do sofrimento, do vazio, da
impermanência e da
insubstancialidade.
Esta é a visualização da água e é chamada de segunda contemplação.
3) Contemplação do Solo
[11] “Quando tiverdes
atingido esta contemplação, visualizai cada objeto claramente, sem que a imagem
se perca, quer vossos olhos
estejam abertos ou
fechados. Exceto quando estiverdes dormindo, mantende-a sempre em mente”.
“Aqueles que
visualizarem desta forma terão uma percepção geral do solo da Terra da Suprema
Alegria. Se obtiverdes este samadhi,
vereis este solo de
maneira tão clara e distinta que será impossível descrevê-lo em detalhes. Esta
é a visualização do solo, e é chamada
de terceira
contemplação”.
O Buda disse a Ananda:
“Guarda estas palavras do Buda, e para o benefício das multidões de seres que
no futuro vierem a buscar
libertação de seu
sofrimento, expõe este método de visualização do solo. Os que alcançarem a
contemplação do solo desta terra, terão
extinguido o mau Karma
acumulado durante oito kotisde kalpasdo Samsara, e ao abandonarem seus corpos
certamente renascerão
na Terra Pura. Não
duvida disto. Praticar desta forma é chamado de Correta Contemplação, e
praticar de outra forma é incorreto”.
4) Contemplação das Árvores
[12] O Buda disse a
Ananda e Vaidehi: “Quando tiverdes alcançado a visualização do solo, deveis
então contemplar as árvores de
jóias. Visualizai uma
por uma e então formaia imagem de sete fileiras de árvores, cada qual com oito
mil yojanas de altura e
adornada com folhas e
flores como as sete gemas. Cada flor e folha possuem a cor de uma gema
diferente. Das flores cor de lápislazúli, brota uma luz dourada. Das flores cor
de cristal brota uma luz vermelha. Das flores cor de ágata brota uma luz
safira. Das
flores cor de safira
brota uma luz verde e perolada. Coral, âmbar, e todas as outras gemas servem
como ornamentos luminosos.
Esplêndidas redes de
pérolas cobrem as árvores. Entre as redes que cobrem cada uma das sete fileiras
de árvores, existem quinhentos
kotis de palácios
adornados com belas flores, como o palácio dorei Brahma, onde todas as crianças
celestiais vivem naturalmente.
Cada uma destas
crianças veste um ornamento feito de quinhentos kotis de gemas
çakrâbhilagnamani, cujos raios iluminam uma
centena de yojanas,
como cem kotis de sóis e luas brilhando ao mesmo tempo, o que torna impossível
descrever a cena em detalhes.
Muitas gemas
misturam-se, produzindo as mais belas cores.
As fileiras destas
preciosas árvores estão igualmente dispostas, e é uniforme o espaçoentre suas
folhas. Por entre as folhas revelam-se
maravilhosas flores das
quais brotam espontaneamente frutos como as sete gemas. Cada folha possui vinte
e cinco yojanas, tanto em
comprimento quanto em
largura. Assim como os ornamentos celestiais, as folhas possuem milhares de
cores e uma centena de formas.
Destas árvores surgem
flores maravilhosas, que possuem a cor do ouro do rio Jambu e giram como rodas
de fogo em meio às folhas.
Brotam delas diversos
frutos, como se brotassem do vaso de Indra. Há uma magnífica luz que se
transforma em flâmulas e
estandartes, [sobre]
infinitas e preciosas abóbadas. Nestas preciosas abóbadas podem ser vistos
reflexos de todas as atividadesbúdicas
através de um
triquilhocosmo. As terras búdicas nas dez direções também se refletem ali. Após
ter observado estas árvores, deveis
ainda contemplar cada
detalhe nesta ordem: os troncos, os galhos, as flores e frutos. Fazei com que
seja clara e distinta vossavisão de
cada detalhe. Esta é a
visualização das árvores, e é chamada de quarta contemplação“.
5) Contemplação das Águas
[13] “Em seguida
contemplai as águas, da seguinte forma. Na Terra da Suprema Alegria, existem
oito lagos, cada qual feito das sete
jóias. A água brota a
partir de uma delicada e majestosa gemacintamanie forma catorze córregos. Cada
um destes córregos possui a
cor das sete gemas;
suas margens são feitas de ouro e a areia de seu leito é feita de variegados
diamantes. Em cada córrego há sessenta
kotis de flores de
lótus como as sete gemas, redondas e simétricas, medindo doze yojanas de
diâmetro. A água da jóia manicorre por
entre as flores e ao
redor das árvores. Suas ondas produzem os mais belos sons, que proclamam a
verdade do sofrimento, do vazio, da
impermanência, da
insubstancialidade e dos paramitas, e reverencia ainda as características
físicas e marcas dos Budas. Da majestosa
gema cintamanibrota uma
esplêndida luz dourada, que se transforma em pássaros com as cores de uma
centena de gemas. As canções
destes são de bela
melodia, louvando semprea rememoração do Buda, do Dharma e do Sangha. Esta é a
visualização da água das oito
excelentes qualidades,
e é chamada de quinta contemplação”.
6) Contemplação Geral
[14] “Em cada região
desta terra preciosa, há quinhentos kotis de pavilhões de tesouros, nos quais
infinitos Devas executam músicas
celestiais. Existem
ainda instrumentos musicais suspensos no arque, como aqueles dos preciosos
estandartes celestiais, produzem
notas espontaneamente,
mesmo quando não há quem os execute. Cada nota proclama a virtude da
rememoração do Buda, do Dharma
e do Sangha. A
realização desta contemplação é chamada de percepção geral das árvores de
jóias, do solo de jóias e dos lagos de
jóias da Terra da
Suprema Alegria. Esta é uma contemplação geral, e é chamada de sexta
contemplação.“ Aquele que percebeu tais
objetos livrar-se-á de
um karma extremamente pesado, acumulado durante inumeráveis kalpas, e decerto
irá, ao término de sua vida,
renascer naquela terra.
Praticar desta forma é chamado de Correta Contemplação, e praticar deoutra
forma é incorreto”.
7) Contemplação do Trono de Lótus
[15] Disse o Buda a
Ananda e Vaidehi: “Ouvi cuidadosamente e refleti profundamente. Devo, a partir
de agora, expor-vos o método
de eliminação do
sofrimento. Carregai na mente minhas palavras e exponde-as às multidões de
seres”. Ao proferir tais palavras, o
Buda Amitayus surgiu de
pé, pairando sobre eles no ar, acompanhado pelos Bodhisattvas Avalokiteçvara e
Mahasthamaprapta, que se
posicionavam à sua
esquerda e direita, respectivamente. A luz era tão brilhante que era impossível
vê-los em detalhes. Eram
incomparáveis mesmo a
cem mil pepitas de ouro do rio Jambu. Após esta visita de Amitayus, Vaidehi
ajoelhou-se aos pés de
Çâkyamuni,
reverenciando-o e dizendo: “Honrado do Mundo, através de vosso poder fui capaz
de contemplar Amitayus e os dois
Bodhisattvas, mas como
poderão vê-los os seres sencientes do futuro?”
O Buda disse a Vaidehi:
“Os que desejarem ver o Buda, devem realizar a seguinte contemplação. Devem
formar a imagem de uma
flor de lótus sobre o
solo das sete gemas. Devem então visualizar cada pétala desta flor como se
possuísse as cores de uma centena de
gemas e oitenta e
quatro mil veios, como nas pinturas celestiais, e de cada um dos veios brotam
oitenta e quatro mil fachos de luz.
Devem visualizar cada
um de maneira clara e distinta. Cada pequena pétala possui duzentos e cinqüenta
yojanas tanto em
comprimento quanto em
largura e,como dito, cada flor possui oitenta e quatro mil pétalas. Entre cada
uma das pétalas, existe uma
centena de kotis da
excelsa gema cintamani, como adornos iluminados. Cada gema manilibera mil
fachos de luz que são como
abóbadas. A superfície
do solo é inteiramente coberta pela reunião das sete gemas”.
“O caule desta flor de
lótus é feito da gema çakrâbhilagnamani, e é decorado por oitenta mil
diamantes, gemas kinçuka, brahmamani
e também por redes de
maravilhosas pérolas. Quatro colunas de preciosos estandartes erguem-se
espontaneamente, cada qual
parecendo tão grande
quanto cem bilhões de kotisde Montes Sumerus. Sobre as colunas existe uma
abóbada semelhante à do palácio
existente no Paraíso de
Yama. Esta também está adornada por quinhentos kotis de excelentes jóias, e de
cada uma brotam oitenta e
quatro mil raios
ofuscantes, brilhando em oitenta e quatro mil diferentes tons de dourado. Cada
uma dessas luzes envolve esta excelsa
terra e por toda a
parte transmuta-se em várias formas, como plataformas de diamantes, redes de
pérolas e variegados ramos de flores.
De acordo com os
desejos de alguém, esta luz pode tornar-se qualquer coisa em qualquer das dez
direções, realizando as atividades
búdicas. Esta é a
visualização do Trono de Lótus, e é chamada de sétima contemplação”.
O Buda disse ainda a
Ananda: “Esta majestosa flor de lótus foi originalmente produzida pelo poder do
Voto Original do Bodhisattva
Dharmakara. Aqueles que
desejam visualizar o Buda Amitayus devem primeiramente praticar esta
contemplação do Trono da Flor.
Não se deve realizá-la
de maneira desordenada. Visualizai os objetos um por um – cada pétala, cada
gema, cada raio de luz, cada
caule e cada
estandarte. Deve-se procurar ver todas estas imagens de maneira tão clara e
distinta quanto se estivéssemos olhando
nossa própria imagem
refletida no espelho. Realizada tal contemplação, será extinto o mau
karmaacumulado durante cinqüenta mil
kalpasdo Samsara.
Aquele que praticar desta forma, certamente há de renascer na Terra da Suprema
Alegria. Praticar desta forma é
chamado de Correta
Contemplação, e praticar de outra forma é incorreto”.
8) Contemplação da Imagem de Amida
[16] Disse o Buda a
Ananda e Vaidehi: “Após terdes contemplado isto, deveis então visualizar o
Buda. Perguntais como? Os Budas e
os Tathagatas são os
corpos do mundo do Dharma e adentram a mente contemplativa de todos os seres
sencientes. Por isso, quando se
contempla um Buda, a
mente adquire em seu formato as trinta e duas características físicas e as
oitenta marcas secundárias. Assim,
quando a mente
visualiza o Buda, torna-se Buda ela própria. Um oceano de Budas iluminados e
perfeitos surge assim em nossa
mente. Por tal razão,
deve-se concentrar com devoção, e contemplar profundamente o Buda, o Tathagata,
o Arhat, o Perfeitamente
Iluminado.“
“Ao se visualizar o
Buda, deve-se primeiramente formar Sua imagem. Quer vossos olhos estejam
abertos ou fechados, vede a imagem
doBuda adornada por
gemas, da cor do ouro do Rio Jambu, e sentado em um trono de flores. Quando
tiverdes visto esta imagem do
Buda sentado, o olho de
vossa mente se abrirá, e vereis clara e distintamente os sete objetos gloriosos
e adornados por gemas da Terra
da Suprema Alegria,
incluindo o solo adornado por gemas, os lagos adornados por gemas, as fileiras
de árvores adornadas por gemas
e cobertas com redes de
gemas, que se espalham pelo céu. Percebei-as tão clara e distintamente como um
objeto que segurais na
palma de vossa mão”.
“Após terdes visto Sua
imagem, visualizai à esquerda do Buda uma enorme flor de lótus. Fazei com que
seja como a descrita
anteriormente, e então
[visualizai] uma outra flor, desta vez à Sua direita. Visualizai o Bodhisattva
Avalokiteçvara repousandosobre o
assento de flores à
esquerda do Buda, liberando uma luz dourada semelhante à imagem búdica acima
descrita. Vede então o
Bodhisattva
Mahasthamaprapta repousando sobre o assento de flores à direita do Buda.”
“Quando tiverdes
alcançado tal visão, vereisimagens do Buda e dos Bodhisattvas liberando raios
dourados, que iluminarão as árvores
adornadas por gemas.
Sob cada árvore haverá também três flores de lótus com imagens de um Buda e
dois Bodhisattvas repousando
sobre elas, de maneira
que toda a terra esteja repleta de tais imagens”.
“Quando tiverdes
atingido esta visão, deveis perceber que os riachos, raios de luz, árvores de
preciosidades, gansos, patos, e assim por
diante, todos expõem o
maravilhoso Dharma. Quer meditando ou não, ouvireis sempre o maravilhoso
Dharma. Ao despertar da
meditação, deveis
lembrar-vos do que ouvistes e, não esquecendo tais palavras, confirmá-las nos
sutras. Se [o que ouvistes] não
estiver de acordo com
os Sutras, deve então ser chamado de ilusão.Se estiver de acordo [com os
Sutras, o que ouvistes] deve ser
chamado de percepção
geral da Terra da Suprema Alegria. Esta é a visualização das imagens búdicas, e
é chamada de oitava
contemplação. Se
alcançardes tal percepção, o mau karma acumulado durante infinitos kotisde
kalpasdo Samsaraserá extinto.
Haveis ainda de obter,
em vosso presente corpo, o samadhida Rememoração Búdica”.
9) A Contemplação do Próprio Amida
[17] Disse o Buda a
Ananda e Vaidehi: “Após terdes realizado tal contemplação, deveis então sentir
as características físicas ea luz
de Amitayus. Ananda,
deves saber que o corpo [de Amida] é tão brilhante como milhares de milhões de
kotisde pepitas de ouro do
rio Jambu do paraíso de
Yama, e que sua altura é de seiscentos mil kotisde nayutasde
yojanasmultiplicados pelo número de grãos de
areia do Ganges. O
cacho de cabelos brancos que lhe cai à direita, por entre suas sobrancelhas, é
tão alto quanto cinco Montes
Sumeru. Seus olhos são
puros, e tão amplos quanto os quatro grandes oceanos, sendo o azul e o branco
bem distintos. Todos os poros
de seu corpo
transbordam luz, tão magnífica quanto o Monte Sumeru. Sua auréola é grande como
centenas de kotis de triquilhocosmo.
Nesta auréola residem
Budas no corpo de manifestação, tão numerosos quanto um milhão de kotis de
nayutas multiplicados pelo
número dos grãos de
areia do Ganges. Cada Buda é acompanhado por inumeráveis e incontáveis
bodhisattvas em corpo de
manifestação”.
“O Buda Amitayus possui
oitenta e quatro mil características físicas, e cada qual possui oitenta e
quatro mil marcas secundárias de
excelência. Cada marca
secundária emite oitenta e quatro mil raios de luz, e cada raio é tão forte a
ponto de iluminar as terras das dez
direções. Assim o Buda
guarda e protege a todos aqueles que se rememoram dele, sem deixar ninguém de
lado. É impossível
descrever em detalhes
estes raios de luz, características físicas e marcas, Budas em corpo de
manifestação e assim por diante. Mas
podes, entretanto,
vê-los claramente com os olhos de tua mente, através da contemplação.”
“Aqueles que os tiverem
sentido, verão todos os Budas das dez direções. Como podem ser contemplados
todos os Budas, esta
[contemplação] é
chamada de O Samadhi da Rememoração Búdica. Diz-se que alcançar esta
contemplação é contemplar os corpos de
todos os Budas e, ao
fazê-lo, contempla-se ainda a mente búdica. A mente búdica é a Grande
Compaixão, que abarca todos os seres
humanos com
incondicional benevolência. Aqueles que praticarem esta contemplação irão, após
suas mortes, renascer na presença de
todos os Budas,
alcançando a compreensão do não-surgimento. Por tal razão, os sábios devem
concentrar seu pensamento na
visualização de
Amitayus.”
“Ao contemplá-lo,
faze-o a partir de uma de suas características físicas. Visualiza somente o
cacho de cabelos brancos entre suas
sobrancelhas, até que
possas vê-lo de maneira clara e distinta. Aofazê-lo, todas as oitenta e quatro
mil características manifestar-se-ão
espontaneamente. Quando
vires Amitayus, verás também inumeráveis Budas das dez direções, e receberás de
cada um uma predição
sobre tua futura
condição búdica. Esta é a percepção geral de todas as características físicas
do Buda, e é conhecida como a nona
contemplação. Praticar
desta forma é chamado de Correta Contemplação, e praticar de outra forma é
incorreto”.
10) A Contemplação de Avalokiteçvara
[18] Disse o Buda a
Ananda e Vaidehi: “Após terdes visto Amitayus de maneira clara e distinta,
deveis visualizar o bodhisattva
Avalokiteçvara. Sua
altura é de oitenta kotis de nayutas de yojanas. Seu corpo é de um dourado
púrpura, e no topo de sua cabeçahá
um pequeno monte
cercado por uma auréola, com um raio de centenas de milhares de yojanas, na
qual existem quinhentos Budas no
corpo de manifestação.
Cada um destes se assemelha a Çâkyamuni, e é acompanhado por
quinhentosBodhisattvas em corpo de
manifestação e por
infinitos devas. No círculo de luz que emana de todo o Seu corpo, surgem
iluminadas as várias marcas e formas de
todos os seres que
vivem nos cinco caminhos da existência. Traz em sua cabeça uma coroa celestial
feita por gemas
çakrâbhilagnamani, na
qual se encontra, de pé, um Buda no corpo de manifestação, medindo vinte e
cinco yojanas de altura.
A face do bodhisattva
Avalokiteçvara é da cor do ouro do Rio Jambu, enquanto a mecha de cabelos que
lhe cai por entre as
sobrancelhas possui as
cores das sete gemas, e dela brotam oitenta e quatro mil raios de luz. Em cada
um destes raios habitam
infinitos e incontáveis
centenas de milhares de Budas em corpo de manifestação, cadaqual acompanhado
por infinitos Bodhisattvas
em corpo de
manifestação, todos manifestos à vontade e de diversas formas, ocupando por
completo os mundos das dez direções. Sua
aparência é comparável
à cor de flores de lótus vermelhas. Ele veste uma guirlanda que libera oitenta
kotis de maravilhosos raios de
luz, nos quais se
refletem todos os objetos maravilhosos daquela Terra. As palmas de suas mãos
são da cor de quinhentos kotis de
variegadas flores de
lótus. Nas pontas de seus dez dedos existem oitenta e quatro mil marcas
semelhantes a sinetes, cada qual com
oitenta e quatro mil
cores. Cada cor, por sua vez, emite oitenta e quatro mil delicados raios de
luz, que iluminam todos os seres. Com
suas mãos adornadas por
gemas, dá as boas vindas e guia os seres sencientes.
Quando ergue seus pés,
a marca de rodas do dharma com mil raios é deixada no solo espontaneamente, e
se converte em um pedestal,
que emite quinhentos
kotis de raios de luz. Ao abaixar seu pé, espalha por todo o lugar flores de
diamante e jóias mani, pelo que todas
as coisas são
simplesmente cobertas. Todas as características físicas e marcas que ele possui
são idênticas às do Buda, exceto pela
elevação que possui no
topo de sua cabeça, no lugar mais alto e invisível, diferentes daquelas do
Honrado do Mundo. Esta é a
visualização das
verdadeiras características físicasdo Bodhisattva Avalokiteçvara, e é chamada
de décima contemplação.
O Buda disse então a
Ananda: “Aqueles que desejam ver o Bodhisattva Avalokiteçvara devem
realizaresta exata contemplação. Os
que a alcançarem não
sofrerão infortúnio algum, mas serão libertados de obstáculos kármicos, tendo
extinguido o mau karma
acumulado durante
inumeráveis kalpas do Samsara. Se tão somente ouvires o nome deste bodhisattva,
obterás méritos imensuráveis.
Desta forma, quão maior
seria o mérito que virias a adquirir sepudesses visualizá-lo com clareza!
Aqueles que desejam ver o
Bodhisattva
Avalokiteçvara devem antes de qualquer coisa visualizar a elevaçãono topo de
sua cabeça, e em seguida sua coroa
celestial. Devem então
visualizar as outras características físicas em ordem, de maneira clara e
distinta, como se contemplassem um
objeto na palma de suas
mãos. Praticar desta forma é chamado de Correta Contemplação, e praticar de
outra forma é incorreto”.
11) Contemplação de Mahasthamaprapta
[19] “A seguir,
visualizai o Bodhisattva Mahasthamaprapta. As dimensões deste Bodhisattva são
as mesmas de Avalokiteçvara. Sua
auréola, de duzentos e
vinte e cinco yojanas de diâmetro, brilha a uma distância de duzentos e
cinqüenta yojanas. A luz que emana de
seu corpo ilumina os
mundos nas dez direções, fazendo-os brilhar como um dourado púrpura. Esta luz
pode ser vista por todos que
possuam com ele
afinidades kármicas. Mesmo que alguém veja a luz que emana apenas de um dos
poros de sua pele, poderá perceber
as puras e gloriosas
luzes dos inumeráveis Budas dos dez quadrantes. É por isso que este bodhisattva
é chamado de “Luz Infinita”. É
com a luz desta
sabedoria que ele ilumina a todos os seres, fazendo com que se afastem dos três
venenos e adquiram inigualável
poder. Por isto é
chamado de “Aquele que possui Grande Poder”. A coroa celestial deste
Bodhisattva é enfeitada por quinhentas
majestosas flores de
lótus, e cada qual possui quinhentos majestosos pedestais. Em cada um destes se
revelam as puras e
resplandecentes terras
búdicas das dez direções, com todas as suas características gloriosas e sem
limites.”
A elevação em sua
cabeça, no formato de um broto de lótus, possuisobre si um majestoso vaso. Este
é cercado por várias luzes que
revelam todas as
atividades búdicas. Suas outras características são exatamente iguais as de
Avalokiteçvara. Ao caminhar, este
bodhisattva
[Mahasthamaprapta] faz tremer todos os mundos nas dez direções, e onde quer que
a terra venha a tremer, surgem
quinhentos kotis de
majestosas flores, cada qual tão bela e brilhante como as flores da Terra
Suprema Alegria. Ao sentar, este
Bodhisattva faz com que
tremam ainda todas as sete majestosas terras. Desde aterra búdica da Luz
Dourada no nadir, até a terra
búdica do Monarca da
Luz no zênite, todas as terras tremem ao mesmo tempo. Os corpos manifestos de
Amitayus, Avalokiteçvara e
Mahasthamaprapta tal
qual infinitas partículas de poeira, unem-se como sob o formato de nuvens no
céu da Terra da Suprema
Alegria. Preenchendo
toda a abóbada, eles repousam sobre os assentos de lótus, e expõem o
Maravilhoso Dharma, no intuito de
resgatar do sofrimento
todos os seres. Praticar desta forma é chamado de Correta Contemplação, e
praticar de outra forma é incorreto.
Esta visão do
Bodhisattva Mahasthamaprapta’, também conhecida como Contemplação das
características físicas de
Mahasthamaprapta, é
chamada de décima primeira contemplação. Ela extingue o mau karma acumulado
durante incontáveis e
imensuráveis kalpas do
samsara. Aqueles que praticam tal contemplação não mais serão sujeitos ao
nascimento a partir do ventre,e
poderão aventurar-se
pelas puras e maravilhosas terras búdicas. Estas contemplações são chamadas de
Contemplações Gerais de
Avalokiteçvara e
Mahasthamaprapta.
12) A Contemplação dos Próprios Aspirantes
[20] “Após terdes
realizado tal contemplação, visualizai a vós mesmos renascendo na Terra
Ocidental da Suprema Alegria, sentados
de pernas cruzadas
sobre uma flor de lótus. Visualizai esta florfechada; a medida em que se abre,
quinhentos raios de luzes coloridas
iluminam vosso corpo;
então abri vossos olhos e vede Budas e Bodhisattvas pairando no céu, e escutai
o barulho das águas, dos
pássaros e das árvores,
e as vozes dos Budas, todos expondo o Maravilhoso Dharma segundo as doze
divisões das escrituras. Quando
despertardes desta
meditação, mantende em mente tais coisas e não as esqueçais. Vê-las desta forma
é chamado de Visualização da
Terra da Suprema
Alegria do Buda Amitayus. Esta é uma contemplação geral, e é chamada de Décima
segunda Contemplação.
Infinitos Amitayus em
corpo de manifestação, ao lado de Avalokiteçvara e Mahasthamaprapta, estarão
sempre junto aos que
contemplam desta
maneira”.
13) A Contemplação de Amida e dos Dois
Bodhisattvas
[21] Disse o Buda a
Ananda e Vaidehi: “Os que desejam sinceramente renascer na Terra Ocidental,
devem primeiramente visualizar
uma imagem de seis
palmos de altura, na superfície de um lago. As dimensões de Amitayus são, como
descrito anteriormente, além
do escopo mental de
seres ordinários. No entanto, através do poder do Voto Original do Tathagata,
aqueles que o contemplarem
certamente terão
sucesso. Podeis adquirir méritos imensuráveis simplesmente visualizando a
imagem daquele Buda. Assim, o quão
maior não seria o
mérito que viríeis a adquirir se pudésseis visualizar todas as suas
características físicas!”
“Amitayus, exercendo
seus poderes sobrenaturais à vontade, pode manifestar-se livremente e de
diversas formas nas terras das dez
direções. Por vezes
pode manifestar-se como uma grande imagem, ocupando toda a abóbada; outras
vezes pode fazê-lo através de
uma pequena imagem, de
apenas seis ou oitopalmos de altura. As imagens através das quais [Amitayus] se
manifesta são todas da cor
do puro ouro. Os Budas
em corpo de manifestação e as majestosas flores de lótus na auréola de cada uma
das formas manifestas são
as descritas acima.”
“Os Bodhisattvas
Avalokiteshvara e Mahasthamaprapta são sempre idênticos. Os seres sencientes
podem distinguir um do outro
apenas através das
marcas em suas cabeças. Estes dois Bodhisattvas auxiliam Amida [em sua missão]
de salvação universal. Esta éa
contemplação mesclada,
e é chamada de Décima terceira contemplação”.