terça-feira, 29 de novembro de 2016

Tendai


Tendai (天台宗, Tendai-shū?) é uma escola japonesa de budismo maaiana, descendente da escola chinesa Tiantai, ou escola do Sutra do Lótus.
David W. Chappell indica a relevância do Tendai para o budismo universal:[1]
Embora o Tendai (em chinês: T'ien-t'ai) tenha a reputação de ser uma denominação importante na história japonesa, e de ser a escola mais abrangente e diversificada do budismo chinês, ela é praticamente desconhecida no ocidente. Esta presença fraca está em contraste marcante com a visão do fundador do movimento na China, T'ien-t'ai Chih-i (538-597), que forneceu uma base religiosa que parecia adequada para adaptar-se a outras culturas, para desenvolver novas práticas, e para universalizar o budismo.[2]
Índice

História
O ensinamento Tiantai foi trazido ao Japão pela primeira vez pelo monge chinês Jianzhen (鑑眞 japonês: Ganjin) na metade do século VIII, mas não foi completamente aceito. Em 805, o monge japonês Saichō (最澄; também conhecido como Dengyō Daishi 伝教大師) voltou da China com novos textos Tiantai e fez do templo que ele havia construido no Monte Hiei (比叡山), Enryakuji (延暦寺), um centro para estudo e prática do que veio a ser o Tendai japonês.
Filosoficamente, a escola Tendai não desviou substancialmente das crenças da escola chinesa Tiantai. Entretanto, o quê Saichō transmitiu da China não foi somente o Tiantai, mas também incluía elementos do Zen (禅, chinês tradicional: 禪), do Mikkyō esotérico (密教), e da escola Vinaya (戒律). A tendência a incluir uma série de ensinamentos tornou-se mais marcante com os sucessores de Saichō, tais como Ennin (圓仁) e Enchin (圓珍). Entretanto, em anos posteriores, esta varidade de ensinamentos começou a gerar sub-escolas dentro do budismo Tendai. Na época de Ryogen, existiam dois grupos distintos no Monte Hiei: os Sammon, ou Grupo da Montanha, os quais seguiam Ennin, e os Jimon ou Grupo do Rio, os quais seguiam Enchin.
A escola Tendai floresceu sob a patronagem da família imperial e da nobreza japonesa, particularmente do clã Fujiwara; em 794, a capital imperial foi movida para Kyoto. O Budismo Tendai tornou-se a forma dominante de Budism no Japão por muitos anos, e deu origem à maioria dos desenvolvimentos no budismo japonês posterior. Nitiren, Hōnen, Shinran, e Dogen—todos pensadores famosos do Budismo japonês de escolas outras que a Tendai—foram inicialmente treinados como monges Tendai. O Budismo japones foi dominado pela escola Tendai num grau muito maior do que o budismo chinês havia sido pelo sua escola de origem, a Tiantai.
Devido à sua patronagem e à sua crescente popularidade nas classes superiores, a seita Tendai passou a ser não apenas respeitada, mas também poderosa politica e militarmente. Durante o período Kamakura, a escola Tendai usou sua patronagem para tentar se opor às facções rivais em ascensão — particularment à escola Nitiren, que havia começado a crescer em força entre as classes médias mercantis, e à escola Terra Pura, que eventualmente conseguiu o apoio de muitos nas classes mais pobres. Enryakuji, o templo no Monte Hiei, tornou-se um centro de poder, frequentado não apenas por monges ascetas mas também por brigadas de monges guerreiros (sohei) que lutavam pelos interesses do templo. Como resultado, em 1571 Enryakuji foi destruído por Oda Nobunaga como parte de sua campanha para unificar o Japão. Nobunaga considerava os monges do Monte Hiei como uma ameaça ou rival em potencial, já que eles podiam empregar a religião para controlar a população. O templo foi reconstruído posteriormente e continua a funcionar como o templo chefe da escola Tendai nos dias de hoje.
Doutrina Tendai
O budismo Tendai possui vários insights filosóficos que permitem a reconciliação da doutrina budista com aspectos da cultura japonesa tais como o Shinto e a estética tradicional. Baseia-se na ideia, fundamental para o budismo maaiana, de que a Natureza Búdica, a capacidade de atingir-se a iluminação, é intrínseca a todas as coisas. Também central ao Mahayana é a noção que o mundo fenomenológico, o mundo de nossas experiências, é fundamentalmente uma expressão da lei budista (Dharma). Esta noção traz a questão de como temos muitas experiências diferenciadas. O budismo Tendai diz que cada e todo fenômeno é uma expressão do Dharma. Para o Tendai, a mais perfeita expressão do Dharma é o Sutra do Lótus. Portanto, a natureza de todas as experiências sensoriais consiste na pregação do Buda da doutrina do Sutra do Lótus. A existência e experiência de todos os seres ainda não iluminados é fundamentalmente equivalente e indistinguível dos ensinamentos do Sutra do Lótus.
Tendai e budismo esotérico
Uma das adaptações da escola Tendai foi a introdução do ritual esotérico (Mikkyo), que foi posteriormente denominado Taimitsu por Ennin. De acordo com a doutrin Taimitsu Tendai, os rituais esotéricos passaram a ter uma importância equivalente aos ensinamentos esotéricos do Sutra do Lótus. Desta forma, cantando Mantras, mantendo Mudras ou realizando certas meditações, consegue-se ver que as experiências sensoriais são o ensinamento do Buda e ter fé que somos inerentemente seres iluminados e podemos atingir a iluminação ainda dentro de nosso próprio corpo.
As origens do Taimitsu podem ser encontradas na China, similar à linhagem encontrada por Kukai em sua visita à China durante a dinastia Tang, e os discípulos de Saicho foram encorajados a estudar com Kukai.[3] Como resultado, o ritual esotérico Tendai tem muito em comum com a tradição explicitamente Vajrayana do ritual budista Shingon, embora as doutrinas possam diferir um pouco entre si.
Tendai e Shinto
A doutrina Tendai permitiu aos budistas japoneses reconciliarem os ensinamentos budistas com a religião nativa do Japão, o Shinto, e com a estética japonesa tradicional. No caso do Shinto, a dificuldade se encontra na reconciliação do panteão celeste de deuses japoneses, bem como dos inúmeros espíritos associados com lugares, templos ou objetos, com a doutrina budista de que não se deve preocupar-se com qualquer prática religiosa além da busca da iluminação. Entretanto, monges Tendai argumentaram que os Kami são simplesmente representações da verdade universal da natureza búdica que desceram ao mundo para ajudar e ensinar a humanidade. Desta forma, eles são equivalentes a Budas. Esta doutrina, entretanto, encara os Kami como mais sagrados. Enquanto Budasrepresentam a possibilidade de atingir-se a iluminação após muitas vidas de trabalho e devoção ao Dharma, os Kami são representações manifestas da natureza búdica universal. Portanto, eles exemplificam a verdade última de que todas as coisas são inerentemente iluminadas e que é possível para uma pessoa de faculdades religiosas suficientes alcançar a iluminação instantaneamente neste mesmo corpo. Por isto possuem natureza mais sagrada que os Budas. Os Kamique o Shinto considera violentos ou antagonistas à humanidade são considerados simplesmente seres sobrenaturais que rejeitaram a lei budista e não atingiram à iluminação. Desta forma são violentos e maus.
Tendai e estética japonesa
O ensinamento fundamental do budismo é o fato de que deve-se eliminar todas as amarras e desejos mundanos para obter-se a iluminação. Isto criou um conflito com a cultura de cada sociedade na qual o budismo foi introduzido. Se devemos eliminar prazeres e amarras mundanas, isto requer que flores da cultura como a poesia, a literatura e as artes visuais sejam descartadas. Ao sustentar que o mundo fenomenológico não é distinto do Dharma, a doutrina Tendai permite a reconciliação da beleza e estética com os ensinamentos budistas. A poesia, no passado uma amarra a ser descartada, agora pode até mesmo levar à iluminação. Contemplação da poesia, desde que feita no contexto da doutrina Tendai, é simplesmente a contemplação do Dharma. O mesmo pode ser dito de qualquer forma artística. Assim, é possível construir-se uma estética que não esteja em conflito com o budismo.
Estudiosos Tendai notáveis
Na história da escola Tendai, vários monges notáveis contribuiram para o pensamento Tendai e para a administração do Monte Hiei:
Saicho - Fundador.
Ennin - Sucessor de Saicho, estabeleceu as práticas esotéricas ou Taimitsu, bem como a promoção do nembutsu.
Enchin - Sucessor de Ennin, administrador notável.
Annen - Sucessor de Enchin, pensador influente.
Ryogen - Sucessor de Annen, político competente que ajudou a aliar a escola Tendai com o clã Fujiwara.
Veja também
Budismo Tiantai, a seita chinesa a partir da qual o Tendai evoluiu.
Budismo Nitiren, que transformou a ênfase Tendai no Sutra do Lótus numa distinta escola Budista japonesa.
Notas
1. Ir para cima↑ 1987: p.247
2. Ir para cima↑ Chappell, David W. (1987). 'Is Tendai Buddhism Relevant to the Modern World?' in Japanese Journal of Religious Studies 1987 14/2-3. Source: [1]. p.247
3. Ir para cima↑ Abe, Ryuichi (1999). The Weaving of Mantra: Kukai and the Construction of Esoteric Buddhist Discourse Columbia University Press [S.l.] p. 45. ISBN 0231112866.
Referências[editar | editar código-fonte]
Brook Ziporyn, Tiantai School in Encyclopedia of Buddhism, Robert E. Buswell, Ed., McMillan USA, New York, NY, 2004. ISBN 0-02-865910-4.
Stone Jacqueline Original Enlightenment and the Transformation of Medieval Japanese Buddhism, University of Hawaii Press, Honolulu, HI, 1999 ISBN 0-8248-2026-6.
Chappell, David W. (1987). 'Is Tendai Buddhism Relevant to the Modern World?' in Japanese Journal of Religious Studies 1987 14/2-3. Source: [2]; accessed: Saturday August 16, 2008
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Parte de uma uma série sobre Budismo

O Bodhisattva Som Maravilhoso

De O Su t ra da Flor de L ót u s da L ei  Maravi lh osa
t radu ção de Marcos U bi rajara de Carvalh o e Cam arg o. - São Pau lo:
Edi t oram a, 2009.
368 p.
Capitulo XXIV
O Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso
Naqu ela ocasião, o Bu da Sh ak y am u n i  em i t iu  u m a lu z  da prot u berân cia sobre su a cabeça, a
m arca de u m a g ran de pessoa e u m a radiân cia em an ou  do t u f o de cabelos bran cos en t re su as
sobran celh as, i lu m in an do t erras Búdicas por t oda a part e ao lest e, ig u ai s em  n úm ero aos g rãos
de areia de cen t o e oi t o m i ríades de k ot i s de n ay u t as de Rios Gan g es.
Para além  daqu eles m u n dos, h avia u m  m u n do ch am ado Adorn ado com  Pu ra L u z . Naqu ele
m u n do ex i st ia u m  Bu da ch am ado Sabedoria do Rei  da Con st elação Pu ra Flor , T at h ag at a,
Merecedor de Of ert as, de Con h ecim en t o Corret o e U n iversal , Cu ja Clarez a e Con du t a São
Perf ei t as, u m  Bem -aven t u rado qu e Com preen de o Mu n do, Sen h or Su prem o, Herói
Di scipl in ado, Mest re de Seres Celest iai s e Hu m an os, Bu da, Hon rado pelo Mu n do. Ele era
reveren t em en t e cercado por u m a g ran de m u l t idão de in con t ávei s Bodh i sat t vas para os qu ai s
ele h avia preg ado o Dh arm a. A  lu z  qu e f oi  em i t ida do t u f o de cabelos bran cos do Bu da
Sh ak y am u n i  i lu m in ou  aqu ela t erra.
Naqu ela ocasião, n a t erra Adorn ada com  Pu ra L u z , h avia u m  Bodh i sat t va ch am ado Som
Maravi lh oso, qu e h avia plan t ado por u m  lon g o t em po as raíz es da vi rt u de f az en do
of erecim en t os e aprox im an do-se de i l im i t adas cen t en as de m i lh ares de m i ríades de k ot i s de
Bu das e t in h a at in g ido com plet am en t e a prof u n da sabedoria.
Ele h avia obt ido:
O Sam adh i  da Marca do Est an dart e Maravi lh oso,
O Sam adh i  da Flor de L ót u s da L ei  Maravi lh osa,
O Sam adh i  da Pu ra V i rt u de,
O Sam adh i  da Diversão do Rei  da Con st elação,
O Sam adh i  da Não-af in idade,
O Sam adh i  da Com preen são da Fala de T odos os Seres V iven t es,
O Sam adh i  do Acúm u lo de T odos os Méri t os e V i rt u des,
O Sam adh i  da Pu rez a,
O Sam adh i  da Aleg re Peram bu lação das Pen et rações Espi ri t u ai s,
O Sam adh i  da T och a da Sabedoria,
O Sam adh i  do Esplen dor Real ,
O Sam adh i  da Pu ra L u z ,
O Sam adh i  do Pu ro T esou ro,
O Sam adh i  da Di st in ção e
O Sam adh i  da Revolu ção do Sol .
Ele obt eve t ão g ran des sam adh i s com o est es, ig u ai s em  n úm ero aos g rãos de areia de cem
m i l  m i ríades de k ot i s de rios Gan g es.
Qu an do a lu z  do Bu da Sh ak y am u n i  i lu m in ou  o seu  corpo, ele im ediat am en t e f alou  ao Bu da
Sabedoria do Rei  da Con st elação Pu ra Flor , diz en do:  “Hon rado pelo Mu n do, i rei  ao m u n do
Sah a para reveren ciar , aprox im ar-m e e f az er of erecim en t os ao Bu da Sh ak y am u n i  e para ver o
Prín cipe do Dh arm a Bodh i sat t va Man ju sh ri , o Bodh i sat t va Rei  da Medicin a, o Bodh i sat t va
Doador I n t répido, o Bodh i sat t va Rei  da Con st elação Flor , o Bodh i sat t va Men t e da Prát ica
Su perior , o Bodh i sat t va Rei  do Adorn o e o Bodh i sat t va Medicin a Su perior”.
Naqu ela ocasião, o Bu da Sabedoria do Rei  da Con st elação Pu ra Flor di sse ao Bodh i sat t va
Som  Maravi lh oso:  “V ocê n ão deve m en osprez ar aqu ela t erra ou  con siderá-la in f erior . Bom
h om em , o m u n do Sah a é desig u al , seu  ch ão, pedras e m on t an h as est ão replet os de im u n dícies e
dem ôn ios. O corpo do Bu da é h u m i lde e pequ en o. Os Bodh i sat t vas t am bém  são pequ en os n o
t am an h o. Seu  corpo t em  qu aren t a e du as m i l  y ojan as de al t u ra. Meu  corpo t em  sei scen t as e
oi t en t a m i ríades de y ojan as de al t u ra. Seu  corpo é soberbo e eret o, com  cem  m i l  m i ríades de
bên çãos, belo, su t i l  e leve. Port an t o, se você f or , n ão desprez e aqu ela t erra, seu  Bu da,
Bodh i sat t vas, ou  seu s lu g ares”.
O Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso di sse ao Bu da:  “Hon rado pelo Mu n do, eu  i rei  ag ora ao
m u n do Sah a e t u do i st o se deve ao poder do T at h ag at a, à aleg re peram bu lação das pen et rações
espi ri t u ai s do T at h ag at a;  e aos adorn os dos m éri t os, vi rt u des e sabedoria do T at h ag at a (182)”.
182. Signif ica que se trata de um meio hábil, “um ef eito” pr oduzido pelos poder es do Buda para ensinar a Lei.
En t ão, o Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso, sem  se levan t ar do seu  assen t o, seu  corpo im óvel ,
en t rou  em  sam adh i . Com  o poder do sam adh i , ele ch eg ou  ao Mon t e Gridh rak u t a, n ão lon g e do
lu g ar do assen t o do Dh arm a. Ele, en t ão, criou , por t ran sf orm ação, oi t en t a e qu at ro m i l  f lores
de lót u s de joias, su as h ast es de ou ro de Jam bu n ada, su as f olh as de prat a, seu  pi st i los de
diam an t e e seu s cál ices de joias k u m sh u k a. O Prín cipe do Dh arm a Man ju sh ri , ven do as f lores
de lót u s, perg u n t ou  ao Bu da:  “Hon rado pelo Mu n do, qu al  é a raz ão dest e presság io, esses
m u i t os m i lh ares de m i ríades de f lores de lót u s, su as h ast es de ou ro de Jam bu n ada, su as f olh as
de prat a, seu s pi st i los de diam an t e e seu s cál ices de k u m sh u k a?”.
Naqu ela ocasião, o Bu da Sh ak y am u n i  di sse a Man ju sh ri :  “O Bodh i sat t va Mah asat t va Som
Maravi lh oso, acom pan h ado de u m  séqu i t o de oi t en t a e qu at ro m i l  Bodh i sat t vas (183), deseja
vi r da t erra do Bu da Sabedoria do Rei  da Con st elação Pu ra Flor para est e m u n do Sah a para
f az er of erecim en t os, aprox im ar-se e f az er reverên cia a m im . Ele t am bém  deseja f az er
of erecim en t os e ou vi r o Su t ra da Flor de L ót u s da L ei  Maravi lh osa.”
183.  Af irma-se  ser  84.000  o  númer o  de  caracter es  do  Sutra  da  Flor  de  Lótus  da  Lei  Maravilhosa,  podendo
entender-se que “Som Maravilhoso” é o seu título, isto é, o líder desse séquito.
Man ju sh ri  di sse ao Bu da:  “Hon rado pelo Mu n do, qu e boas raíz es est e Bodh i sat t va
plan t ou , qu e m éri t os e vi rt u des ele cu l t ivou  para t er est e g ran de poder de pen et rações
espi ri t u ai s? Qu e sam adh i  ele prat icou ? Eu  rog o para qu e o Bu da dig a-n os o n om e dest e
sam adh i . Nós t am bém  desejam os cu l t ivá-lo di l ig en t em en t e e, prat ican do est e sam adh i ,
serem os capaz es de ver est e Bodh i sat t va, su a aparên cia, seu  t am an h o, seu s m odos
im pression an t es e o seu  t rân si t o. Nós rog am os para qu e o Hon rado pelo Mu n do, at ravés do
seu  poder de pen et rações espi ri t u ai s, perm i t a-n os ver aqu ele Bodh i sat t va qu an do ele ch eg ar”.
Naqu ele m om en t o, o Bu da Sh ak y am u n i  di sse a Man ju sh ri :  “O T at h ag at a Mu i t os T esou ros,
qu e passou  à ex t in ção h á m u i t o t em po, em  su a con sideração, m an i f est ará esses sin ai s.”
O Bu da Mu i t os T esou ros, en t ão, di sse ao Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso:  “Bom  h om em ,
ven h a cá!  O Prín cipe do Dh arm a Man ju sh ri  deseja vê-lo em  pessoa”.
O Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso, en t ão, desapareceu  de su a própria t erra e, ju n t o com
oi t en t a e qu at ro m i l  Bodh i sat t vas, part iu . As t erras por on de eles passaram  t rem eram  de sei s
f orm as di f eren t es e ch overam  f lores de lót u s f ei t as dos set e t esou ros, en qu an t o cem  m i l  t ipos
de m úsicas celest iai s t ocaram  espon t an eam en t e.
Os olh os do Bodh i sat t va eram  com o as im en sas pét alas de u m  lót u s az u l . Cem  m i l
m i ríades de lu as ju n t as n ão su perariam  a su rpreen den t e belez a da su a f eição f acial . Seu  corpo
era da cor do ou ro, adorn ado com  in con t ávei s cen t en as de m i lh ares de vi rt u des m eri t órias. A
lu z  da su a im pression an t e vi rt u de resplan deceu  com  bri lh an t e esplen dor e os seu s t raços eram
t odos perf ei t os. Seu  corpo era t ão sól ido qu an t o a Naray an a. Ele en t rou  n u m  palan qu e f ei t o
dos set e t esou ros e içou -se n o espaço à al t u ra de set e árvores sala. Com  os Bodh i sat t vas
rodean do-o reveren t em en t e, ele ch eg ou  ao Mon t e Gridh rak u t a n o m u n do Sah a.
T en do ch eg ado, ele desceu  do palan qu e de set e t esou ros. Peg an do u m  colar de con t as, de
in calcu lável  valor , ele apresen t ou -se ao Bu da Sh ak y am u n i , cu rvou -se com  su a cabeça aos pés
do Bu da, of ereceu  o colar e di sse ao Bu da:  “Hon rado pelo Mu n do, o Bu da Sabedoria do Rei
da Con st elação Pu ra Flor deseja saber se o Hon rado pelo Mu n do est á l ivre de doen ças e
preocu pações? En con t ra-se vig oroso em  seu s t rân si t os? Su a prát ica é pací f ica e f el iz ? Est ão
os qu at ro elem en t os em  h arm on ia (184)? Est á dan do con t a das t aref as do m u n do? São os seres
viven t es f ácei s de salvar , sem  m u i t a avarez a, i ra, est u pidez , in veja, m esqu in h ez  ou  arrog ân cia?
Não f al t am  com  am or f i l ial  n o relacion am en t o com  seu s pai s ou  são desrespei t osos com
relação aos Sh ram an as, de vi sões di st orcidas, im pu ros em  seu s pen sam en t os ou  sem  con t role
das cin co em oções? Hon rado pelo m u n do, são os seres viven t es capaz es de con qu i st ar e
derrot ar dem ôn ios? O T at h ag at a Mu i t os T esou ros veio do rem ot o passado, den t ro da T orre de
T esou ro, ou vi r o Dh arm a? Ele t am bém  deseja saber se o T at h ag at a Mu i t os T esou ros est á em
paz  e seg u ran ça, l ivre de preocu pações, após lon g a perm an ên cia n o m u n do ‘Dig n o de Seres
Perseveran t es.’ (185)”
184.  Faz  uma  clara  r ef erência  a  um  quinto  elemento  (k uu),  signif icando  a  harmonia  entr e  os  outr os  quatr o
elementos (terra, ar , f ogo, água).
185. Esta é uma outra tradução para o mundo ‘Saha’. T raduz-se também como ‘Mundo da T olerância’.
“Hon rado pelo Mu n do, n ós ag ora desejam os ver o Bu da Mu i t os T esou ros. Rog am os qu e o
Hon rado pelo Mu n do n os perm i t a vê-lo.” O Bu da Sh ak y am u n i  di sse ao Bu da Mu i t os T esou ros:
“O Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso deseja vê-lo”.
O Bu da Mu i t os T esou ros di rig iu -se a Som  Maravi lh oso diz en do:  “Ex celen t e!  Ex celen t e,
qu e em  prol  de f az er of erecim en t os ao Bu da Sh ak y am u n i  e ou vi r o Su t ra da Flor de L ót u s da
L ei  Maravi lh osa, bem  com o para ver Man ju sh ri  e os ou t ros, você t en h a vin do aqu i”.
O Bodh i sat t va V i rt u de da Flor , en t ão, f alou  ao Bu da, diz en do:  “Hon rado pelo Mu n do, qu e
boas raíz es o Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso plan t ou  e qu e vi rt u des m eri t órias ele cu l t ivou
para qu e t ivesse esses poderes espi ri t u ai s?”.
O Bu da di sse ao Bodh i sat t va V i rt u de da Flor:  “No passado, h ou ve u m  Bu da ch am ado Rei
das Nu ven s e do Som  do T rovão, Tat h ag at a, San t o, Sam y ak sam bu da. Su a t erra era ch am ada
Man i f est ação de T odos os Mu n dos. Seu  k alpa era ch am ado Del icioso de V er . Por doz e m i l
an os, o Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso f ez  of erecim en t os de cem  m i l  t ipos de m úsica ao Bu da
Rei  das Nu ven s e do Som  do T rovão. Ele t am bém  lh e of ereceu  m ai s de oi t en t a e qu at ro m i l
t ig elas f ei t as dos set e t esou ros. Com o resu l t ado dest a ação, ele n asceu  n a t erra do Bu da
Sabedoria do Rei  da Con st elação Pu ra Flor e ag ora possu i  esse poder t ran scen den t al”.
“V i rt u de da Flor , o qu e você pen sa? Poderia o Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso, qu e f ez
of erecim en t os de m úsicas e vasos de joias ao Bu da Rei  das Nu ven s e do Som  do T rovão, ser
qu alqu er ou t ro? Ele é ju st am en t e est e Bodh i sat t va e Mah asat t va Som  Maravi lh oso.”
“V i rt u de da Flor!  O Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso f ez  of erecim en t os e en con t rou
i l im i t ados Bu das n o passado, por u m  lon g o t em po plan t ou  raíz es de vi rt u des e en con t rou
cen t en as de m i lh ares de m i ríades de k ot i s de n ay u t as de Bu das, ig u ai s em  n úm ero às areias do
Gan g es.”
“V i rt u de da Flor , você vê m eram en t e o corpo do Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso com o ele
aparece aqu i . T odavia, est e Bodh i sat t va m an i f est a-se em  t odos os t ipos de corpos e preg a est e
Su t ra em  m u i t os lu g ares para os seres viven t es.
Ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  Rei  Brah m a;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de
u m  Sh ak ra;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  Deu s da Soberan ia;  ele pode m an i f est ar-se
n o corpo de u m  Deu s de Gran de Soberan ia;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  g ran de
g en eral  celest e;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  rei  celest ial  V ai sh ravan a;  ele pode
m an i f est ar-se n o corpo de u m  Rei  sábio Gi rador de Roda;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de
u m  rei  m en or;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  g overn an t e;  ele pode m an i f est ar-se n o
corpo de u m  m ag i st rado;  ele pode
m an i f est ar-se n o corpo de u m  m in i st ro de est ado;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m
Brah m a;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  Mon g e, Mon ja, L eig o ou  L eig a;  ele pode
m an i f est ar-se n o corpo da esposa de u m  g overn an t e ou  da esposa de u m  m ag i st rado;  ele pode
m an i f est ar-se n o corpo da esposa de u m  m in i st ro;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo da esposa
de u m  Brah m a;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  jovem  g arot o ou  de u m a jovem  g arot a.
Ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  deu s, drag ão, y ak sh a, g an dh arva, asu ra, g aru da,
k in n ara, m ah orag a, u m  h u m an o ou  n ãoh u m an o e preg ar est e Su t ra (186). Ele pode salvar t odos
os qu e se en con t ram  n o in f ern o, den t re os espí ri t os f am in t os e os an im ai s, bem  com o aqu eles
em  di f icu ldades. Ele pode t ran sf orm ar-se n u m a m u lh er da cort e de u m  rei  e preg ar est e Su t ra.”
186. Possui, portanto, o samadhi de manif estar-se em quaisquer f ormas f ísicas ou entidades.
“V i rt u de da Flor , o Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso pode salvar t odos os seres viven t es n o
m u n do Sah a. O Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso pode, dessa f orm a, t ran sf orm ar-se em  t odos
esses di f eren t es t ipos de corpos e preg ar est e Su t ra para os seres viven t es n o m u n do Sah a e
ain da assim  n ada perder do seu  poder t ran scen den t al  de t ran sf orm ações e sabedoria.”
“A  sabedoria dest e Bodh i sat t va bri lh a resplan decen t e sobre o m u n do Sah a, f az en do com
qu e cada u m  dos seres viven t es g an h e com preen são. Em  m u n dos n u m erosos com o as areias do
Gan g es, at ravés das dez  di reções, ele f az  o m esm o:
Para aqu eles qu e devem  ser salvos pela f orm a de u m  Ou vin t e, ele m an i f est a-se n a f orm a
de u m  Ou vin t e e preg a-lh es a L ei .
Para aqu eles qu e devem  ser salvos pela f orm a de u m  Prat y ek abu da, ele m an i f est a-se n a
f orm a de u m  Prat y ek abu da e preg a-lh es a L ei .
Para aqu eles qu e devem  ser salvos pela f orm a de u m  Bodh i sat t va, ele m an i f est a-se n a
f orm a de u m  Bodh i sat t va e preg a-lh es a L ei .
Para aqu eles qu e devem  ser salvos pela f orm a de u m  Bu da, ele m an i f est a-se n a f orm a de
u m  Bu da e preg a-lh es a L ei .
Dessa m an ei ra, ele m an i f est a-se de t odas as f orm as para salvá-los da m an ei ra apropriada,
at é o pon t o de m an i f est ar-se en t ran do em  ex t in ção para aqu eles qu e devem  ser salvos pela
m an i f est ação da su a en t rada em  ex t in ção.”
“V i rt u de da Flor , t al  é o g ran de poder das pen et rações espi ri t u ai s e sabedoria do
Bodh i sat t va Mah asat t va Som Maravi lh oso.”
Naqu ela ocasião, o Bodh i sat t va V i rt u de da Flor di sse ao Bu da:  “Hon rado pelo Mu n do, o
Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso possu i  raíz es de ben evolên cia prof u n dam en t e plan t adas.
Hon rado pelo Mu n do, em  qu al  sam adh i  reside est e Bodh i sat t va qu e o t orn a capaz  de
t ran sf orm ar-se e salvar os seres viven t es?”
O Bu da di sse ao Bodh i sat t va V i rt u de da Flor:  “Bom  h om em , est e sam adh i  é ch am ado
Man i f est ação de T odas as Form as Fí sicas. O Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso, residin do n est e
sam adh i , pode ben ef iciar in con t ávei s seres viven t es”.
Qu an do est e capí t u lo sobre o Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso f oi  preg ado, t odos aqu eles
qu e t in h am  acom pan h ado o Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso, oi t en t a e qu at ro m i l  ao t odo,
obt iveram  o Sam adh i  da Man i f est ação de T odas as Form as Fí sicas. I n con t ávei s Bodh i sat t vas
n o m u n do Sah a t am bém  obt iveram  est e sam adh i , bem  com o o dh aran i  (187).
187.  Este  samadhi,  também  chamado  Flor  de  Lótus  da  Lei Maravilhosa,  e  que  permite manif estar  todos  os  tipos  de
corpos, é o mesmo  que  no  passado  permitiu  ao Bodhisattva Alegr emente V isto  Por  T odos  os  Ser es  manif estar  quaisquer
f ormas  f ísicas,  após  a  exposição  do  Sutra  da  Flor  de  Lótus  da  Lei  Maravilhosa  pelo  Buda  Pura  V irtude  e  Brilhante
como  o  Sol  e  a  Lua.  Este Bodhisattva  V irtude  da  Flor  do  pr esente  Capítulo  24,  f oi  no  passado  o  Buda  Pura  V irtude  e
Brilhante  como  o  Sol  e  a  Lua  do Capítulo  23  e  será  o  Buda  Pura  V irtude  e  Brilhante  como  o  Sol  e  a  Lua  do  Capítulo
23 do f utur o  e  que  r etransmitirá  este samadhi  para  o  Bodhisattva  Alegr emente  V isto  por  T odos  os  Ser es  do  f utur o,  hoj e
Bodhisattva  Rei  da  Medicina.  Este  Bodhisattva  Som  Maravilhoso,  transposto  do  r emoto  passado  graças  aos  poder es
transcendentais  do  Buda,  que  j á  serviu  e  f ez  of er endas  a  um  imensurável  númer o  de  Budas  e  que  há  muito  plantou
raízes  de  virtude  e  encontr ou centenas,  milhar es,  dezenas  de milhar es,  milhões  de  nayutas  de  Budas  iguais  em  númer o
às  ar eias  do  rio  Ganges;  é  o  próprio  Buda  Shak yamuni  do  pr esente,  dando  consistência  do  princípio  ao  f im.  Este
poder manif estado  pelo  Buda  Shak yamuni  é  a  V er dadeira Possessão Mútua e este samadhi  e  dharani  chamado  Flor  de
Lótus  da  Lei  Maravilhosa  –  Myoho-Rengue-Kyo  –  é  a  V er dadeira  Entidade  de  T odos  os  Fenômenos.  Os  oitenta  e
quatr o  mil  Bodhisattvas  que  acompanham  o  Bodhisattva  Som  Maravilhoso  são  os  oitenta  e  quatr o  mil  caracter es  do
Sutra Lótus. Cada um desses caracter es, sendo um Bodhisattva, possui a natur eza iner ente de Buda, signif icando que o
samadhi  desse  Bodhisattva  Som  Maravilhoso  abrange  todo  o  sutra.  Mais  ainda,  a  entonação  do  mantra-dharani
chama  do  Flor  de  Lótus  da  Lei  Maravilhosa  (Myoho-Rengue-Kyo)  corr esponde  a  entoar  o  Sutra  de  Lótus  em  sua
íntegra.
Naqu ela ocasião, o Bodh i sat t va Mah asat t va Som  Maravi lh oso, t en do f ei t o of erecim en t os
ao Bu da Sh ak y am u n i  e à t orre do Bu da Mu i t os T esou ros, ret orn ou  para a su a própria t erra. As
t erras por on de ele passou  t rem eram  de sei s f orm as di f eren t es, preciosas f l  ores de lót u s
ch overam  dos céu s e cen t en as de m i lh ares de m i ríades de k ot i s de m úsicas t ocaram .
Qu an do ele ch eg ou  à su a t erra, cercado pelos oi t en t a e qu at ro m i l  Bodh i sat t vas, ele
apresen t ou -se ao Bu da Sabedoria do Rei  da Con st elação Pu ra Flor e di sse:  “Hon rado pelo
Mu n do, est ive n o m u n do Sah a, on de ben ef iciei  os seres viven t es. Eu  vi  o Bu da Sh ak y am u n i  e a
t orre do Bu da Mu i t os T esou ros, sau dei -os e f i  z -lh es of erecim en t os. Eu  t am bém  vi  o
Bodh i sat t va Man ju sh ri , o Prín cipe do Dh arm a, bem  com o o Bodh i sat t va Rei  da Medicin a, o
Bodh i sat t va qu e Adqu i riu  o Poder do Esf orço Di l ig en t e, o Bodh i sat t va Doador I n t répido, e
ou t ros, e possibi l i t ei  a oi t en t a e qu at ro m i l  Bodh i sat t vas obt erem  o Sam adh i  da Man i f est ação
de T odas as Form as Fí sicas”.
Qu an do est e capí t u lo sobre o t rân si t o do Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso f oi  preg ado,
qu aren t a e doi s m i l  seres celest iai s obt iveram  a com preen são da verdade do n ão-n ascim en t o e
n ão-ex t in ção de t odos os f en ôm en os. O Bodh i sat t va V i rt u de da Flor obt eve o Sam adh i  da Flor
de L ót u s da L ei  Maravi lh osa (188).
188.  “Flor  de  Lótus  da  Lei  Maravilhosa”  é  o  próprio  título  deste  sutra  que  em  sânscrito  se  denota  por
‘Saddharma-Pundarîk a’.  Quando  acr escido  da  palavra  “(Sutra)  da  Flor  de  Lótus  da  Lei  Maravilhosa”,  torna-se
‘Saddharma-Pundarîk a Sotaram’, que, em caracter es chineses, traduz-se por ‘Myoho-Rengue-Kyo’.