domingo, 28 de outubro de 2012

As Quatro Nobres Verdades e o Nobre Caminho Óctuplo


Ao conquistar a iluminação, o Buda percebeu as Quatro Nobres Verdades.
Todos os seres estão sujeitos a Dukkha.
Dukkha é geralmente traduzido como sofrimento, mas na verdade ele abrange uma ampla gama de sentimentos negativos, incluindo a insatisfação, estresse e sofrimento físico. Dukkha existe visto que todos os seres estão sujeitos a separação de seus entes queridos, não conseguir seus desejos, doença, envelhecimento e morte.
Dukkha surge do desejo e da ânsia.
Todos os seres anseiam sensações agradáveis, e também o desejo de evitar sensações desagradáveis. Essas sensações podem ser físicas ou psicológicas, e dukkha surge quando esses desejos e anseios não são cumpridos.
Dukkha pode ser superado pela eliminação do desejo e da ânsia.
Nibbana é o estado de paz, onde toda a ganância, ódio e delusão, e assim, dukkha, foram erradicadas.
Existe um caminho de saída de dukkha, que é o Nobre Caminho Óctuplo.
Dukkha pode ser reduzido, enfraquecido e finalmente erradicado e Nibbana, dessa forma, alcançado, seguindo este caminho como ensinado pelo Buda.
O budismo é ocasionalmente criticado por ser excessivamente pessimista, pois parece focar o sofrimento em vez da felicidade e da alegria. No entanto, todas as condições de felicidade e alegria são impermanentes porque todos os seres estão sujeitos à doença, velhice e morte, e, como resultado, todos os seres são inegavelmente sujeitos a dukkha.
Em vez disso, o budismo é na verdade realista visto que o Buda nos ensinou a superar ou reduzir dukkha, e como alcançar a felicidade permanente de Nibbana. Seguindo o Nobre Caminho Óctuplo ensinado pelo Buda, Nibbana pode ser experimentado mesmo nesta vida presente.
O Nobre Caminho Óctuplo
Entendimento Correto
Entender e aceitar as Quatro Nobres Verdades.
Pensamento Correto
Cultivar pensamentos de generosidade, amor-bondade e compaixão.
Fala Correta
Abster-se de mentira, calúnia, palavras rudes e fofocas. Cultivar a fala verdadeira, pacífica, bondosa e significativa.
Ação Correta
Abster-se de matar, de roubar e de má conduta sexual. Cultivar a honestidade a inofensividade, e a fidelidade.
Meio de Vida Correto
Evitar ocupações que envolvem o assassinato (tanto de seres humanos como de animais), a venda de carne animal, o comércio de seres humanos, armas, venenos e tóxicos. Ocupações que são antiéticas, imorais e ilegais também devem ser evitadas.
Esforço Correto
Aplicar a disciplina mental para evitar que pensamentos prejudiciais surjam, e para dissipar os pensamentos prejudiciais que surgiram. Desenvolver pensamentos benéficos, e manter esses pensamentos benéficos ​​que surgiram.
Atenção Correta
Estar atento ao corpo, às posturas corporais e às sensações. Estar atento à mente e seus pensamentos, emoções e sentimentos. Estar atento ao Dhamma.
Concentração Correta
Praticar a meditação para treinar a mente para ser focada e disciplinada, a fim de cultivar e adquirir sabedoria.

Traduzido por Kalyanadhamma do livro
ANYONE CAN GO TO HEAVEN, JUST BE GOOD de T Y Lee




sábado, 20 de outubro de 2012

A IMPORTÂNCIA DE ENTENDER


No budismo entender é tão importante quanto praticar. O entendimento correto levará à meditação correta e à prática correta. a meditação correta levará ao conhecimento correto, ao esclarecimento, e enfim à iluminação.

Anguttara Nikaya X.103
Micchatta Sutta
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“Da incorreção vem o fracasso, não o sucesso. E como é, bhikkhus, que da incorreção vem o fracasso, não o sucesso?
“Numa pessoa com o entendimento incorreto, surge o pensamento incorreto. Numa pessoa com o pensamento incorreto, surge a linguagem incorreta. Numa pessoa com a linguagem incorreta, surge a ação incorreta. Numa pessoa com a ação incorreta, surge o modo de vida incorreto. Numa pessoa com o modo de vida incorreto, surge o esforço incorreto. Numa pessoa com o esforço incorreto, surge a atenção plena incorreta. Numa pessoa com a atençao plena incorreta, surge a concentração incorreta. Numa pessoa com a concentração incorreta, surge o conhecimento incorreto. Numa pessoa com o conhecimento incorreto, surge a libertação incorreta.
“Assim é como da incorreção vem o fracasso, não o sucesso.
“Da correção vem o sucesso, não o fracasso. E como é, bhikkhus, que da correção vem o sucesso, não o fracasso?
“Numa pessoa com o entendimento correto, surge o pensamento correto. Numa pessoa com o pensamento correto, surge a linguagem correta. Numa pessoa com a linguagem correta, surge a ação correta. Numa pessoa com a ação correta, surge o modo de vida correto. Numa pessoa com o modo de vida correto, surge o esforço correto. Numa pessoa com o esforço correto, surge a atenção plena correta. Numa pessoa com a atençao plena correta, surge a concentração correta. Numa pessoa com a concentração correta, surge o conhecimento correto. Numa pessoa com o conhecimento correto, surge a libertação correta.
“Assim é como da correção vem o sucesso, não o fracasso.”




Notas:
O MN 117 informa que o caminho de entrar na correnteza possui oito elementos enquanto que o caminho do arahant possui os dez elementos mencionados neste sutta.
É possível concluir que o Nobre Caminho Óctuplo constitui a prática enquanto que os dois elementos adicionais mencionados neste sutta constituem o objetivo, o resultado da prática – o conhecimento correto e a libertação correta.
Este sutta também deixa claro que o resultado da prática depende da concentração correta que compreende os jhanas.

domingo, 7 de outubro de 2012

ENTENDENDO O BUDISMO

F.B.N.A.

ENTENDENDO O BUDISMO

INTRODUÇÃO

] O que é budismo?
Budismo é o nome que se dá ao sistema de desenvolvimento espiritual ensinado pelo Buda, isto é o iluminado, que tem como último alvo alcançar a iluminação, o despertar. O budismo é uma filosofia, pois possui fundamentos lógicos e coerentes organizados num sistema que pode ser entendido por qualquer pessoa decidida a compreendê-los. Porém sem o aspecto prático a compreensão máxima do budismo não pode ser alcançada, pois lhe faltaria a dimensão da experiência. Assim o budismo também é um modo de ver e de viver, pois só através de um treinamento específico é possível chegar a vivenciar boa parte dos fundamentos do budismo. Também é uma religião, pois contém uma prática moral e espiritual que almeja alcançar o máximo do potencial de transformação e a transcendência das limitações humanas até o grau mais elevado da iluminação, ou seja, tem um objetivo que transcende o pessoal, o humano, e alcançar um grau supremo e universal de consciência e libertação (que é metafísico apenas sob o ponto de vista daquele que ainda não alcançou tal realização). O budismo também se aproxima muito da ciência na medida em que não se trata de um conjunto de teses ou dogmas ditados por um ser sobrenatural nos quais se deva crer e obedecer, mas da experiência de um ser humano que alcançou uma realização e ensinou um caminho pelo qual todo e qualquer ser humano pode experimentar por si mesmo tudo que ele ensinou. Neste caminho também existem muitas experiências e metodologias as quais necessitam do estudo e da pratica para se chegar aos resultados e evidenciar as verdades por si mesmo. Aqui lógica e racionalidade não são de forma alguma dispensadas nem menosprezadas, apenas que o critério maior é a experiência direta.
] Quem foi Buda?
A palavra Buda literalmente significa desperto, aquele que acordou, também comumente traduzido como o iluminado. Pode se referir tanto ao primeiro Buda, Siddhattha Gotama, como também a todos aqueles que alcançaram a iluminação. Siddhattha foi um príncipe nascido na Índia há cerca de 2600 anos que tendo vivido o extremo do luxo e da indulgência como príncipe e depois o extremo da austeridade e da mortificação como asceta, abandona ambos quando descobre “o caminho do meio”, pelo qual atinge a iluminação então passa o resto de sua vida ensinado tudo que havia descoberto e o caminho para alcançar o despertar.
] O que é a iluminação?
No budismo iluminação significa o despertar supremo. Desse despertar não há retorno, ou seja, não é uma experiência mística da qual se volta após um período de meditação e continua sendo a mesma pessoa, mas uma completa reviravolta no modo de ver e de viver que não pode ser descrita de nenhuma maneira, por isso mesmo costuma ser descrita negativamente, ou seja, em comparação ao que não é a iluminação. Porém algumas escolas do budismo descrevem-na como a onisciência, outras simplesmente como a liberação do samsara, ou ciclo de sofrimentos, entre outras descrições. De qualquer forma, além desse despertar supremo que é a lirtaçao da ilusão, a erradicação da ignorância, da cobiça e da raiva, todo aquele que atinge a iluminação está também liberto de todas as contaminações ou impurezas e do ciclo de renascimentos. Com isso ele atinge uma realização meditativa chamada de fruição da realização do estado de arahant, ou  buda, que significa o modo de fruição da mente iluminada, liberta, desperta, descrita  como a libertação inabalável da mente, a libertação imensurável da mente, etc. Portanto, no budismo, a iluminação pode ser caracterizada de um  certo modo peculiar pela completa superação da ignorância e destruição de todas as impurezas e suas raízes, inclusive as raízes principais de tudo o que é prejudicial que são (a) a cobiça ou apego, (b) o ódio ou aversão e (c) a delusão ou ignorância. Essa libertação da delusão contém a completa compreensão das três marcas da existência, insatisfatoriedade, impermanência e ausência de um eu ou substância  inerente; a completa compreensão das quatro nobres verdades e do caminho óctuplo; a compreensão da lei de kamma e de renascimento. Existem ainda outras realizações alcançados pelos iluminados, mas estas são as que todos devem alcançar, ou seja, certos conhecimentos e poderes podem ser resultados da iluminação ou do processo até ela, não consistindo esses de características necessárias da iluminação. No budismo não existe iluminação sem a erradicação dos grilhões da existência, das impurezas, essa é uma característica bem peculiar no budismo.  Alcançar o Nibbana final também é sinônimo de alcançar a iluminação. Nibbana é o estado de incondicionalidade. Nibbana também é descrito como satisfação, contentamento, felicidade suprema, o imperecível, o incondicionado, o eterno; um estado de contentamento e felicidade constante. O incondicionado é descrito como o não-causado, não-nascido, não-formado, não-tornado. Buda sempre ressalta a necessidade da experiência direta, de conhecer diretamente, conhecer por si mesmo, conhecer completamente, vivenciar por si mesmo, assim devemos encarar todos os ensinamentos, não tomá-los como verdades teóricas e nos conformarmos com elas, mas buscar vivenciá-los comprovando-os através da meditação e de nossa própria experiência, isso também não exclui a necessidade do estudo aprofundado. Muitos na época de Buda alcançaram algum nível de libertação ou mesmo a suprema compreensão, a iluminação, apenas por ouvir suas explicações.