terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O Propósito no Zazen


Chon Tri - ChonTri@Zenguide.com
Tradução: Kalyanadhamma
Em seu "Zen Fables for Today" [Fabulas do Zen para os Dias de Hoje], Richards McLean relata a seguinte história:
"Por que devo meditar para alcançar a iluminação?"
exigiu o Príncipe do professor. "Posso estudar, posso orar. Eu posso pensar em questões claramente.
Por que esse esvaziamento bobo da mente? "
"Vou mostrar", disse o professor, tomando um balde de água no jardim
Sob a lua cheia. "Agora eu agito a superfície e o que você vê?"
- Fitas de luz - respondeu o príncipe. "Agora espere", disse o professor
Colocando o balde no chão.
Tanto o professor quanto o menino assistiram à superfície da água se acalmar no
Balde de bambu por muitos minutos. "Agora, o que você vê?", Perguntou o
professor. - A lua - respondeu o príncipe.
"Assim, também, jovem mestre, a única maneira de entender a iluminação é através de uma mente
calma e firme".
Esta história simples está nos dizendo o propósito e o modo do zazen muito claramente.
Praticar "Zazen" é ver na "natureza própria" ou na natureza de Buda,
Que é desde o início, pura e calma, e todo ser no mundo
mundo tem.
Isto é o que o Buda declarou quando tinha acabado de alcançar sua Suprema
Iluminação e foi registrado no Avatamsaka-sutra (a escritura A Flor
Ornamental) e repetido no Mahaparinirvana-sutra.
Quando você vê em sua própria natureza, você sabe quem você é, você sabe o que
E como tudo e todo ser no mundo realmente é. A partir daí, sua ação
e reação estará em harmonia com o todo e em situações ao seu redor.

Purposes in Zazen:
Chon Tri - ChonTri@Zenguide.com
In his “Zen Fables for Today”, Richards McLean retells the following story:
“Why must I meditate in order to achieve enlightenment?” demanded the
prince of the teacher. “I can study, I can pray. I can think on issues clearly.
Why this silly emptying of mind?”
“I will show you,” said the teacher, taking a bucket of water into the garden
under the full moon. “Now I stir the surface and what do you see?”
“Ribbons of light,” answered the prince. “Now wait,” said the teacher
setting the bucket down.
Both teacher and boy watched the calming surface of the water in the
bamboo bucket for many minutes. “Now what do you see?” asked the
teacher. “The moon,” replied the prince.
“So, too, young master, the only way to grasp enlightenment is through a
calm and settled mind.”
This simple story is telling us the purpose and the way of zazen very clearly.
To practice “Zazen” is to see into one’s “own nature” or Buddha-nature,
which is from the very beginning, pure and calm, and every being in the
world has it.
This is what the Buddha declared when he had just attained his Supreme
Enlightenment and was recorded in the Avatamsaka-sutra (The Flower
Ornament Scripture) and repeated in the Mahaparinirvana-sutra.
When you see into your own nature, you know who you are, you know what
and how every thing and being in the world really is. From this, your action
and reaction will be in harmony with the whole and in situations around you.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Tendai


Tendai (天台宗, Tendai-shū?) é uma escola japonesa de budismo maaiana, descendente da escola chinesa Tiantai, ou escola do Sutra do Lótus.
David W. Chappell indica a relevância do Tendai para o budismo universal:[1]
Embora o Tendai (em chinês: T'ien-t'ai) tenha a reputação de ser uma denominação importante na história japonesa, e de ser a escola mais abrangente e diversificada do budismo chinês, ela é praticamente desconhecida no ocidente. Esta presença fraca está em contraste marcante com a visão do fundador do movimento na China, T'ien-t'ai Chih-i (538-597), que forneceu uma base religiosa que parecia adequada para adaptar-se a outras culturas, para desenvolver novas práticas, e para universalizar o budismo.[2]
Índice

História
O ensinamento Tiantai foi trazido ao Japão pela primeira vez pelo monge chinês Jianzhen (鑑眞 japonês: Ganjin) na metade do século VIII, mas não foi completamente aceito. Em 805, o monge japonês Saichō (最澄; também conhecido como Dengyō Daishi 伝教大師) voltou da China com novos textos Tiantai e fez do templo que ele havia construido no Monte Hiei (比叡山), Enryakuji (延暦寺), um centro para estudo e prática do que veio a ser o Tendai japonês.
Filosoficamente, a escola Tendai não desviou substancialmente das crenças da escola chinesa Tiantai. Entretanto, o quê Saichō transmitiu da China não foi somente o Tiantai, mas também incluía elementos do Zen (禅, chinês tradicional: 禪), do Mikkyō esotérico (密教), e da escola Vinaya (戒律). A tendência a incluir uma série de ensinamentos tornou-se mais marcante com os sucessores de Saichō, tais como Ennin (圓仁) e Enchin (圓珍). Entretanto, em anos posteriores, esta varidade de ensinamentos começou a gerar sub-escolas dentro do budismo Tendai. Na época de Ryogen, existiam dois grupos distintos no Monte Hiei: os Sammon, ou Grupo da Montanha, os quais seguiam Ennin, e os Jimon ou Grupo do Rio, os quais seguiam Enchin.
A escola Tendai floresceu sob a patronagem da família imperial e da nobreza japonesa, particularmente do clã Fujiwara; em 794, a capital imperial foi movida para Kyoto. O Budismo Tendai tornou-se a forma dominante de Budism no Japão por muitos anos, e deu origem à maioria dos desenvolvimentos no budismo japonês posterior. Nitiren, Hōnen, Shinran, e Dogen—todos pensadores famosos do Budismo japonês de escolas outras que a Tendai—foram inicialmente treinados como monges Tendai. O Budismo japones foi dominado pela escola Tendai num grau muito maior do que o budismo chinês havia sido pelo sua escola de origem, a Tiantai.
Devido à sua patronagem e à sua crescente popularidade nas classes superiores, a seita Tendai passou a ser não apenas respeitada, mas também poderosa politica e militarmente. Durante o período Kamakura, a escola Tendai usou sua patronagem para tentar se opor às facções rivais em ascensão — particularment à escola Nitiren, que havia começado a crescer em força entre as classes médias mercantis, e à escola Terra Pura, que eventualmente conseguiu o apoio de muitos nas classes mais pobres. Enryakuji, o templo no Monte Hiei, tornou-se um centro de poder, frequentado não apenas por monges ascetas mas também por brigadas de monges guerreiros (sohei) que lutavam pelos interesses do templo. Como resultado, em 1571 Enryakuji foi destruído por Oda Nobunaga como parte de sua campanha para unificar o Japão. Nobunaga considerava os monges do Monte Hiei como uma ameaça ou rival em potencial, já que eles podiam empregar a religião para controlar a população. O templo foi reconstruído posteriormente e continua a funcionar como o templo chefe da escola Tendai nos dias de hoje.
Doutrina Tendai
O budismo Tendai possui vários insights filosóficos que permitem a reconciliação da doutrina budista com aspectos da cultura japonesa tais como o Shinto e a estética tradicional. Baseia-se na ideia, fundamental para o budismo maaiana, de que a Natureza Búdica, a capacidade de atingir-se a iluminação, é intrínseca a todas as coisas. Também central ao Mahayana é a noção que o mundo fenomenológico, o mundo de nossas experiências, é fundamentalmente uma expressão da lei budista (Dharma). Esta noção traz a questão de como temos muitas experiências diferenciadas. O budismo Tendai diz que cada e todo fenômeno é uma expressão do Dharma. Para o Tendai, a mais perfeita expressão do Dharma é o Sutra do Lótus. Portanto, a natureza de todas as experiências sensoriais consiste na pregação do Buda da doutrina do Sutra do Lótus. A existência e experiência de todos os seres ainda não iluminados é fundamentalmente equivalente e indistinguível dos ensinamentos do Sutra do Lótus.
Tendai e budismo esotérico
Uma das adaptações da escola Tendai foi a introdução do ritual esotérico (Mikkyo), que foi posteriormente denominado Taimitsu por Ennin. De acordo com a doutrin Taimitsu Tendai, os rituais esotéricos passaram a ter uma importância equivalente aos ensinamentos esotéricos do Sutra do Lótus. Desta forma, cantando Mantras, mantendo Mudras ou realizando certas meditações, consegue-se ver que as experiências sensoriais são o ensinamento do Buda e ter fé que somos inerentemente seres iluminados e podemos atingir a iluminação ainda dentro de nosso próprio corpo.
As origens do Taimitsu podem ser encontradas na China, similar à linhagem encontrada por Kukai em sua visita à China durante a dinastia Tang, e os discípulos de Saicho foram encorajados a estudar com Kukai.[3] Como resultado, o ritual esotérico Tendai tem muito em comum com a tradição explicitamente Vajrayana do ritual budista Shingon, embora as doutrinas possam diferir um pouco entre si.
Tendai e Shinto
A doutrina Tendai permitiu aos budistas japoneses reconciliarem os ensinamentos budistas com a religião nativa do Japão, o Shinto, e com a estética japonesa tradicional. No caso do Shinto, a dificuldade se encontra na reconciliação do panteão celeste de deuses japoneses, bem como dos inúmeros espíritos associados com lugares, templos ou objetos, com a doutrina budista de que não se deve preocupar-se com qualquer prática religiosa além da busca da iluminação. Entretanto, monges Tendai argumentaram que os Kami são simplesmente representações da verdade universal da natureza búdica que desceram ao mundo para ajudar e ensinar a humanidade. Desta forma, eles são equivalentes a Budas. Esta doutrina, entretanto, encara os Kami como mais sagrados. Enquanto Budasrepresentam a possibilidade de atingir-se a iluminação após muitas vidas de trabalho e devoção ao Dharma, os Kami são representações manifestas da natureza búdica universal. Portanto, eles exemplificam a verdade última de que todas as coisas são inerentemente iluminadas e que é possível para uma pessoa de faculdades religiosas suficientes alcançar a iluminação instantaneamente neste mesmo corpo. Por isto possuem natureza mais sagrada que os Budas. Os Kamique o Shinto considera violentos ou antagonistas à humanidade são considerados simplesmente seres sobrenaturais que rejeitaram a lei budista e não atingiram à iluminação. Desta forma são violentos e maus.
Tendai e estética japonesa
O ensinamento fundamental do budismo é o fato de que deve-se eliminar todas as amarras e desejos mundanos para obter-se a iluminação. Isto criou um conflito com a cultura de cada sociedade na qual o budismo foi introduzido. Se devemos eliminar prazeres e amarras mundanas, isto requer que flores da cultura como a poesia, a literatura e as artes visuais sejam descartadas. Ao sustentar que o mundo fenomenológico não é distinto do Dharma, a doutrina Tendai permite a reconciliação da beleza e estética com os ensinamentos budistas. A poesia, no passado uma amarra a ser descartada, agora pode até mesmo levar à iluminação. Contemplação da poesia, desde que feita no contexto da doutrina Tendai, é simplesmente a contemplação do Dharma. O mesmo pode ser dito de qualquer forma artística. Assim, é possível construir-se uma estética que não esteja em conflito com o budismo.
Estudiosos Tendai notáveis
Na história da escola Tendai, vários monges notáveis contribuiram para o pensamento Tendai e para a administração do Monte Hiei:
Saicho - Fundador.
Ennin - Sucessor de Saicho, estabeleceu as práticas esotéricas ou Taimitsu, bem como a promoção do nembutsu.
Enchin - Sucessor de Ennin, administrador notável.
Annen - Sucessor de Enchin, pensador influente.
Ryogen - Sucessor de Annen, político competente que ajudou a aliar a escola Tendai com o clã Fujiwara.
Veja também
Budismo Tiantai, a seita chinesa a partir da qual o Tendai evoluiu.
Budismo Nitiren, que transformou a ênfase Tendai no Sutra do Lótus numa distinta escola Budista japonesa.
Notas
1. Ir para cima↑ 1987: p.247
2. Ir para cima↑ Chappell, David W. (1987). 'Is Tendai Buddhism Relevant to the Modern World?' in Japanese Journal of Religious Studies 1987 14/2-3. Source: [1]. p.247
3. Ir para cima↑ Abe, Ryuichi (1999). The Weaving of Mantra: Kukai and the Construction of Esoteric Buddhist Discourse Columbia University Press [S.l.] p. 45. ISBN 0231112866.
Referências[editar | editar código-fonte]
Brook Ziporyn, Tiantai School in Encyclopedia of Buddhism, Robert E. Buswell, Ed., McMillan USA, New York, NY, 2004. ISBN 0-02-865910-4.
Stone Jacqueline Original Enlightenment and the Transformation of Medieval Japanese Buddhism, University of Hawaii Press, Honolulu, HI, 1999 ISBN 0-8248-2026-6.
Chappell, David W. (1987). 'Is Tendai Buddhism Relevant to the Modern World?' in Japanese Journal of Religious Studies 1987 14/2-3. Source: [2]; accessed: Saturday August 16, 2008
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Parte de uma uma série sobre Budismo

O Bodhisattva Som Maravilhoso

De O Su t ra da Flor de L ót u s da L ei  Maravi lh osa
t radu ção de Marcos U bi rajara de Carvalh o e Cam arg o. - São Pau lo:
Edi t oram a, 2009.
368 p.
Capitulo XXIV
O Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso
Naqu ela ocasião, o Bu da Sh ak y am u n i  em i t iu  u m a lu z  da prot u berân cia sobre su a cabeça, a
m arca de u m a g ran de pessoa e u m a radiân cia em an ou  do t u f o de cabelos bran cos en t re su as
sobran celh as, i lu m in an do t erras Búdicas por t oda a part e ao lest e, ig u ai s em  n úm ero aos g rãos
de areia de cen t o e oi t o m i ríades de k ot i s de n ay u t as de Rios Gan g es.
Para além  daqu eles m u n dos, h avia u m  m u n do ch am ado Adorn ado com  Pu ra L u z . Naqu ele
m u n do ex i st ia u m  Bu da ch am ado Sabedoria do Rei  da Con st elação Pu ra Flor , T at h ag at a,
Merecedor de Of ert as, de Con h ecim en t o Corret o e U n iversal , Cu ja Clarez a e Con du t a São
Perf ei t as, u m  Bem -aven t u rado qu e Com preen de o Mu n do, Sen h or Su prem o, Herói
Di scipl in ado, Mest re de Seres Celest iai s e Hu m an os, Bu da, Hon rado pelo Mu n do. Ele era
reveren t em en t e cercado por u m a g ran de m u l t idão de in con t ávei s Bodh i sat t vas para os qu ai s
ele h avia preg ado o Dh arm a. A  lu z  qu e f oi  em i t ida do t u f o de cabelos bran cos do Bu da
Sh ak y am u n i  i lu m in ou  aqu ela t erra.
Naqu ela ocasião, n a t erra Adorn ada com  Pu ra L u z , h avia u m  Bodh i sat t va ch am ado Som
Maravi lh oso, qu e h avia plan t ado por u m  lon g o t em po as raíz es da vi rt u de f az en do
of erecim en t os e aprox im an do-se de i l im i t adas cen t en as de m i lh ares de m i ríades de k ot i s de
Bu das e t in h a at in g ido com plet am en t e a prof u n da sabedoria.
Ele h avia obt ido:
O Sam adh i  da Marca do Est an dart e Maravi lh oso,
O Sam adh i  da Flor de L ót u s da L ei  Maravi lh osa,
O Sam adh i  da Pu ra V i rt u de,
O Sam adh i  da Diversão do Rei  da Con st elação,
O Sam adh i  da Não-af in idade,
O Sam adh i  da Com preen são da Fala de T odos os Seres V iven t es,
O Sam adh i  do Acúm u lo de T odos os Méri t os e V i rt u des,
O Sam adh i  da Pu rez a,
O Sam adh i  da Aleg re Peram bu lação das Pen et rações Espi ri t u ai s,
O Sam adh i  da T och a da Sabedoria,
O Sam adh i  do Esplen dor Real ,
O Sam adh i  da Pu ra L u z ,
O Sam adh i  do Pu ro T esou ro,
O Sam adh i  da Di st in ção e
O Sam adh i  da Revolu ção do Sol .
Ele obt eve t ão g ran des sam adh i s com o est es, ig u ai s em  n úm ero aos g rãos de areia de cem
m i l  m i ríades de k ot i s de rios Gan g es.
Qu an do a lu z  do Bu da Sh ak y am u n i  i lu m in ou  o seu  corpo, ele im ediat am en t e f alou  ao Bu da
Sabedoria do Rei  da Con st elação Pu ra Flor , diz en do:  “Hon rado pelo Mu n do, i rei  ao m u n do
Sah a para reveren ciar , aprox im ar-m e e f az er of erecim en t os ao Bu da Sh ak y am u n i  e para ver o
Prín cipe do Dh arm a Bodh i sat t va Man ju sh ri , o Bodh i sat t va Rei  da Medicin a, o Bodh i sat t va
Doador I n t répido, o Bodh i sat t va Rei  da Con st elação Flor , o Bodh i sat t va Men t e da Prát ica
Su perior , o Bodh i sat t va Rei  do Adorn o e o Bodh i sat t va Medicin a Su perior”.
Naqu ela ocasião, o Bu da Sabedoria do Rei  da Con st elação Pu ra Flor di sse ao Bodh i sat t va
Som  Maravi lh oso:  “V ocê n ão deve m en osprez ar aqu ela t erra ou  con siderá-la in f erior . Bom
h om em , o m u n do Sah a é desig u al , seu  ch ão, pedras e m on t an h as est ão replet os de im u n dícies e
dem ôn ios. O corpo do Bu da é h u m i lde e pequ en o. Os Bodh i sat t vas t am bém  são pequ en os n o
t am an h o. Seu  corpo t em  qu aren t a e du as m i l  y ojan as de al t u ra. Meu  corpo t em  sei scen t as e
oi t en t a m i ríades de y ojan as de al t u ra. Seu  corpo é soberbo e eret o, com  cem  m i l  m i ríades de
bên çãos, belo, su t i l  e leve. Port an t o, se você f or , n ão desprez e aqu ela t erra, seu  Bu da,
Bodh i sat t vas, ou  seu s lu g ares”.
O Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso di sse ao Bu da:  “Hon rado pelo Mu n do, eu  i rei  ag ora ao
m u n do Sah a e t u do i st o se deve ao poder do T at h ag at a, à aleg re peram bu lação das pen et rações
espi ri t u ai s do T at h ag at a;  e aos adorn os dos m éri t os, vi rt u des e sabedoria do T at h ag at a (182)”.
182. Signif ica que se trata de um meio hábil, “um ef eito” pr oduzido pelos poder es do Buda para ensinar a Lei.
En t ão, o Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso, sem  se levan t ar do seu  assen t o, seu  corpo im óvel ,
en t rou  em  sam adh i . Com  o poder do sam adh i , ele ch eg ou  ao Mon t e Gridh rak u t a, n ão lon g e do
lu g ar do assen t o do Dh arm a. Ele, en t ão, criou , por t ran sf orm ação, oi t en t a e qu at ro m i l  f lores
de lót u s de joias, su as h ast es de ou ro de Jam bu n ada, su as f olh as de prat a, seu  pi st i los de
diam an t e e seu s cál ices de joias k u m sh u k a. O Prín cipe do Dh arm a Man ju sh ri , ven do as f lores
de lót u s, perg u n t ou  ao Bu da:  “Hon rado pelo Mu n do, qu al  é a raz ão dest e presság io, esses
m u i t os m i lh ares de m i ríades de f lores de lót u s, su as h ast es de ou ro de Jam bu n ada, su as f olh as
de prat a, seu s pi st i los de diam an t e e seu s cál ices de k u m sh u k a?”.
Naqu ela ocasião, o Bu da Sh ak y am u n i  di sse a Man ju sh ri :  “O Bodh i sat t va Mah asat t va Som
Maravi lh oso, acom pan h ado de u m  séqu i t o de oi t en t a e qu at ro m i l  Bodh i sat t vas (183), deseja
vi r da t erra do Bu da Sabedoria do Rei  da Con st elação Pu ra Flor para est e m u n do Sah a para
f az er of erecim en t os, aprox im ar-se e f az er reverên cia a m im . Ele t am bém  deseja f az er
of erecim en t os e ou vi r o Su t ra da Flor de L ót u s da L ei  Maravi lh osa.”
183.  Af irma-se  ser  84.000  o  númer o  de  caracter es  do  Sutra  da  Flor  de  Lótus  da  Lei  Maravilhosa,  podendo
entender-se que “Som Maravilhoso” é o seu título, isto é, o líder desse séquito.
Man ju sh ri  di sse ao Bu da:  “Hon rado pelo Mu n do, qu e boas raíz es est e Bodh i sat t va
plan t ou , qu e m éri t os e vi rt u des ele cu l t ivou  para t er est e g ran de poder de pen et rações
espi ri t u ai s? Qu e sam adh i  ele prat icou ? Eu  rog o para qu e o Bu da dig a-n os o n om e dest e
sam adh i . Nós t am bém  desejam os cu l t ivá-lo di l ig en t em en t e e, prat ican do est e sam adh i ,
serem os capaz es de ver est e Bodh i sat t va, su a aparên cia, seu  t am an h o, seu s m odos
im pression an t es e o seu  t rân si t o. Nós rog am os para qu e o Hon rado pelo Mu n do, at ravés do
seu  poder de pen et rações espi ri t u ai s, perm i t a-n os ver aqu ele Bodh i sat t va qu an do ele ch eg ar”.
Naqu ele m om en t o, o Bu da Sh ak y am u n i  di sse a Man ju sh ri :  “O T at h ag at a Mu i t os T esou ros,
qu e passou  à ex t in ção h á m u i t o t em po, em  su a con sideração, m an i f est ará esses sin ai s.”
O Bu da Mu i t os T esou ros, en t ão, di sse ao Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso:  “Bom  h om em ,
ven h a cá!  O Prín cipe do Dh arm a Man ju sh ri  deseja vê-lo em  pessoa”.
O Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso, en t ão, desapareceu  de su a própria t erra e, ju n t o com
oi t en t a e qu at ro m i l  Bodh i sat t vas, part iu . As t erras por on de eles passaram  t rem eram  de sei s
f orm as di f eren t es e ch overam  f lores de lót u s f ei t as dos set e t esou ros, en qu an t o cem  m i l  t ipos
de m úsicas celest iai s t ocaram  espon t an eam en t e.
Os olh os do Bodh i sat t va eram  com o as im en sas pét alas de u m  lót u s az u l . Cem  m i l
m i ríades de lu as ju n t as n ão su perariam  a su rpreen den t e belez a da su a f eição f acial . Seu  corpo
era da cor do ou ro, adorn ado com  in con t ávei s cen t en as de m i lh ares de vi rt u des m eri t órias. A
lu z  da su a im pression an t e vi rt u de resplan deceu  com  bri lh an t e esplen dor e os seu s t raços eram
t odos perf ei t os. Seu  corpo era t ão sól ido qu an t o a Naray an a. Ele en t rou  n u m  palan qu e f ei t o
dos set e t esou ros e içou -se n o espaço à al t u ra de set e árvores sala. Com  os Bodh i sat t vas
rodean do-o reveren t em en t e, ele ch eg ou  ao Mon t e Gridh rak u t a n o m u n do Sah a.
T en do ch eg ado, ele desceu  do palan qu e de set e t esou ros. Peg an do u m  colar de con t as, de
in calcu lável  valor , ele apresen t ou -se ao Bu da Sh ak y am u n i , cu rvou -se com  su a cabeça aos pés
do Bu da, of ereceu  o colar e di sse ao Bu da:  “Hon rado pelo Mu n do, o Bu da Sabedoria do Rei
da Con st elação Pu ra Flor deseja saber se o Hon rado pelo Mu n do est á l ivre de doen ças e
preocu pações? En con t ra-se vig oroso em  seu s t rân si t os? Su a prát ica é pací f ica e f el iz ? Est ão
os qu at ro elem en t os em  h arm on ia (184)? Est á dan do con t a das t aref as do m u n do? São os seres
viven t es f ácei s de salvar , sem  m u i t a avarez a, i ra, est u pidez , in veja, m esqu in h ez  ou  arrog ân cia?
Não f al t am  com  am or f i l ial  n o relacion am en t o com  seu s pai s ou  são desrespei t osos com
relação aos Sh ram an as, de vi sões di st orcidas, im pu ros em  seu s pen sam en t os ou  sem  con t role
das cin co em oções? Hon rado pelo m u n do, são os seres viven t es capaz es de con qu i st ar e
derrot ar dem ôn ios? O T at h ag at a Mu i t os T esou ros veio do rem ot o passado, den t ro da T orre de
T esou ro, ou vi r o Dh arm a? Ele t am bém  deseja saber se o T at h ag at a Mu i t os T esou ros est á em
paz  e seg u ran ça, l ivre de preocu pações, após lon g a perm an ên cia n o m u n do ‘Dig n o de Seres
Perseveran t es.’ (185)”
184.  Faz  uma  clara  r ef erência  a  um  quinto  elemento  (k uu),  signif icando  a  harmonia  entr e  os  outr os  quatr o
elementos (terra, ar , f ogo, água).
185. Esta é uma outra tradução para o mundo ‘Saha’. T raduz-se também como ‘Mundo da T olerância’.
“Hon rado pelo Mu n do, n ós ag ora desejam os ver o Bu da Mu i t os T esou ros. Rog am os qu e o
Hon rado pelo Mu n do n os perm i t a vê-lo.” O Bu da Sh ak y am u n i  di sse ao Bu da Mu i t os T esou ros:
“O Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso deseja vê-lo”.
O Bu da Mu i t os T esou ros di rig iu -se a Som  Maravi lh oso diz en do:  “Ex celen t e!  Ex celen t e,
qu e em  prol  de f az er of erecim en t os ao Bu da Sh ak y am u n i  e ou vi r o Su t ra da Flor de L ót u s da
L ei  Maravi lh osa, bem  com o para ver Man ju sh ri  e os ou t ros, você t en h a vin do aqu i”.
O Bodh i sat t va V i rt u de da Flor , en t ão, f alou  ao Bu da, diz en do:  “Hon rado pelo Mu n do, qu e
boas raíz es o Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso plan t ou  e qu e vi rt u des m eri t órias ele cu l t ivou
para qu e t ivesse esses poderes espi ri t u ai s?”.
O Bu da di sse ao Bodh i sat t va V i rt u de da Flor:  “No passado, h ou ve u m  Bu da ch am ado Rei
das Nu ven s e do Som  do T rovão, Tat h ag at a, San t o, Sam y ak sam bu da. Su a t erra era ch am ada
Man i f est ação de T odos os Mu n dos. Seu  k alpa era ch am ado Del icioso de V er . Por doz e m i l
an os, o Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso f ez  of erecim en t os de cem  m i l  t ipos de m úsica ao Bu da
Rei  das Nu ven s e do Som  do T rovão. Ele t am bém  lh e of ereceu  m ai s de oi t en t a e qu at ro m i l
t ig elas f ei t as dos set e t esou ros. Com o resu l t ado dest a ação, ele n asceu  n a t erra do Bu da
Sabedoria do Rei  da Con st elação Pu ra Flor e ag ora possu i  esse poder t ran scen den t al”.
“V i rt u de da Flor , o qu e você pen sa? Poderia o Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso, qu e f ez
of erecim en t os de m úsicas e vasos de joias ao Bu da Rei  das Nu ven s e do Som  do T rovão, ser
qu alqu er ou t ro? Ele é ju st am en t e est e Bodh i sat t va e Mah asat t va Som  Maravi lh oso.”
“V i rt u de da Flor!  O Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso f ez  of erecim en t os e en con t rou
i l im i t ados Bu das n o passado, por u m  lon g o t em po plan t ou  raíz es de vi rt u des e en con t rou
cen t en as de m i lh ares de m i ríades de k ot i s de n ay u t as de Bu das, ig u ai s em  n úm ero às areias do
Gan g es.”
“V i rt u de da Flor , você vê m eram en t e o corpo do Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso com o ele
aparece aqu i . T odavia, est e Bodh i sat t va m an i f est a-se em  t odos os t ipos de corpos e preg a est e
Su t ra em  m u i t os lu g ares para os seres viven t es.
Ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  Rei  Brah m a;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de
u m  Sh ak ra;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  Deu s da Soberan ia;  ele pode m an i f est ar-se
n o corpo de u m  Deu s de Gran de Soberan ia;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  g ran de
g en eral  celest e;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  rei  celest ial  V ai sh ravan a;  ele pode
m an i f est ar-se n o corpo de u m  Rei  sábio Gi rador de Roda;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de
u m  rei  m en or;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  g overn an t e;  ele pode m an i f est ar-se n o
corpo de u m  m ag i st rado;  ele pode
m an i f est ar-se n o corpo de u m  m in i st ro de est ado;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m
Brah m a;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  Mon g e, Mon ja, L eig o ou  L eig a;  ele pode
m an i f est ar-se n o corpo da esposa de u m  g overn an t e ou  da esposa de u m  m ag i st rado;  ele pode
m an i f est ar-se n o corpo da esposa de u m  m in i st ro;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo da esposa
de u m  Brah m a;  ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  jovem  g arot o ou  de u m a jovem  g arot a.
Ele pode m an i f est ar-se n o corpo de u m  deu s, drag ão, y ak sh a, g an dh arva, asu ra, g aru da,
k in n ara, m ah orag a, u m  h u m an o ou  n ãoh u m an o e preg ar est e Su t ra (186). Ele pode salvar t odos
os qu e se en con t ram  n o in f ern o, den t re os espí ri t os f am in t os e os an im ai s, bem  com o aqu eles
em  di f icu ldades. Ele pode t ran sf orm ar-se n u m a m u lh er da cort e de u m  rei  e preg ar est e Su t ra.”
186. Possui, portanto, o samadhi de manif estar-se em quaisquer f ormas f ísicas ou entidades.
“V i rt u de da Flor , o Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso pode salvar t odos os seres viven t es n o
m u n do Sah a. O Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso pode, dessa f orm a, t ran sf orm ar-se em  t odos
esses di f eren t es t ipos de corpos e preg ar est e Su t ra para os seres viven t es n o m u n do Sah a e
ain da assim  n ada perder do seu  poder t ran scen den t al  de t ran sf orm ações e sabedoria.”
“A  sabedoria dest e Bodh i sat t va bri lh a resplan decen t e sobre o m u n do Sah a, f az en do com
qu e cada u m  dos seres viven t es g an h e com preen são. Em  m u n dos n u m erosos com o as areias do
Gan g es, at ravés das dez  di reções, ele f az  o m esm o:
Para aqu eles qu e devem  ser salvos pela f orm a de u m  Ou vin t e, ele m an i f est a-se n a f orm a
de u m  Ou vin t e e preg a-lh es a L ei .
Para aqu eles qu e devem  ser salvos pela f orm a de u m  Prat y ek abu da, ele m an i f est a-se n a
f orm a de u m  Prat y ek abu da e preg a-lh es a L ei .
Para aqu eles qu e devem  ser salvos pela f orm a de u m  Bodh i sat t va, ele m an i f est a-se n a
f orm a de u m  Bodh i sat t va e preg a-lh es a L ei .
Para aqu eles qu e devem  ser salvos pela f orm a de u m  Bu da, ele m an i f est a-se n a f orm a de
u m  Bu da e preg a-lh es a L ei .
Dessa m an ei ra, ele m an i f est a-se de t odas as f orm as para salvá-los da m an ei ra apropriada,
at é o pon t o de m an i f est ar-se en t ran do em  ex t in ção para aqu eles qu e devem  ser salvos pela
m an i f est ação da su a en t rada em  ex t in ção.”
“V i rt u de da Flor , t al  é o g ran de poder das pen et rações espi ri t u ai s e sabedoria do
Bodh i sat t va Mah asat t va Som Maravi lh oso.”
Naqu ela ocasião, o Bodh i sat t va V i rt u de da Flor di sse ao Bu da:  “Hon rado pelo Mu n do, o
Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso possu i  raíz es de ben evolên cia prof u n dam en t e plan t adas.
Hon rado pelo Mu n do, em  qu al  sam adh i  reside est e Bodh i sat t va qu e o t orn a capaz  de
t ran sf orm ar-se e salvar os seres viven t es?”
O Bu da di sse ao Bodh i sat t va V i rt u de da Flor:  “Bom  h om em , est e sam adh i  é ch am ado
Man i f est ação de T odas as Form as Fí sicas. O Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso, residin do n est e
sam adh i , pode ben ef iciar in con t ávei s seres viven t es”.
Qu an do est e capí t u lo sobre o Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso f oi  preg ado, t odos aqu eles
qu e t in h am  acom pan h ado o Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso, oi t en t a e qu at ro m i l  ao t odo,
obt iveram  o Sam adh i  da Man i f est ação de T odas as Form as Fí sicas. I n con t ávei s Bodh i sat t vas
n o m u n do Sah a t am bém  obt iveram  est e sam adh i , bem  com o o dh aran i  (187).
187.  Este  samadhi,  também  chamado  Flor  de  Lótus  da  Lei Maravilhosa,  e  que  permite manif estar  todos  os  tipos  de
corpos, é o mesmo  que  no  passado  permitiu  ao Bodhisattva Alegr emente V isto  Por  T odos  os  Ser es  manif estar  quaisquer
f ormas  f ísicas,  após  a  exposição  do  Sutra  da  Flor  de  Lótus  da  Lei  Maravilhosa  pelo  Buda  Pura  V irtude  e  Brilhante
como  o  Sol  e  a  Lua.  Este Bodhisattva  V irtude  da  Flor  do  pr esente  Capítulo  24,  f oi  no  passado  o  Buda  Pura  V irtude  e
Brilhante  como  o  Sol  e  a  Lua  do Capítulo  23  e  será  o  Buda  Pura  V irtude  e  Brilhante  como  o  Sol  e  a  Lua  do  Capítulo
23 do f utur o  e  que  r etransmitirá  este samadhi  para  o  Bodhisattva  Alegr emente  V isto  por  T odos  os  Ser es  do  f utur o,  hoj e
Bodhisattva  Rei  da  Medicina.  Este  Bodhisattva  Som  Maravilhoso,  transposto  do  r emoto  passado  graças  aos  poder es
transcendentais  do  Buda,  que  j á  serviu  e  f ez  of er endas  a  um  imensurável  númer o  de  Budas  e  que  há  muito  plantou
raízes  de  virtude  e  encontr ou centenas,  milhar es,  dezenas  de milhar es,  milhões  de  nayutas  de  Budas  iguais  em  númer o
às  ar eias  do  rio  Ganges;  é  o  próprio  Buda  Shak yamuni  do  pr esente,  dando  consistência  do  princípio  ao  f im.  Este
poder manif estado  pelo  Buda  Shak yamuni  é  a  V er dadeira Possessão Mútua e este samadhi  e  dharani  chamado  Flor  de
Lótus  da  Lei  Maravilhosa  –  Myoho-Rengue-Kyo  –  é  a  V er dadeira  Entidade  de  T odos  os  Fenômenos.  Os  oitenta  e
quatr o  mil  Bodhisattvas  que  acompanham  o  Bodhisattva  Som  Maravilhoso  são  os  oitenta  e  quatr o  mil  caracter es  do
Sutra Lótus. Cada um desses caracter es, sendo um Bodhisattva, possui a natur eza iner ente de Buda, signif icando que o
samadhi  desse  Bodhisattva  Som  Maravilhoso  abrange  todo  o  sutra.  Mais  ainda,  a  entonação  do  mantra-dharani
chama  do  Flor  de  Lótus  da  Lei  Maravilhosa  (Myoho-Rengue-Kyo)  corr esponde  a  entoar  o  Sutra  de  Lótus  em  sua
íntegra.
Naqu ela ocasião, o Bodh i sat t va Mah asat t va Som  Maravi lh oso, t en do f ei t o of erecim en t os
ao Bu da Sh ak y am u n i  e à t orre do Bu da Mu i t os T esou ros, ret orn ou  para a su a própria t erra. As
t erras por on de ele passou  t rem eram  de sei s f orm as di f eren t es, preciosas f l  ores de lót u s
ch overam  dos céu s e cen t en as de m i lh ares de m i ríades de k ot i s de m úsicas t ocaram .
Qu an do ele ch eg ou  à su a t erra, cercado pelos oi t en t a e qu at ro m i l  Bodh i sat t vas, ele
apresen t ou -se ao Bu da Sabedoria do Rei  da Con st elação Pu ra Flor e di sse:  “Hon rado pelo
Mu n do, est ive n o m u n do Sah a, on de ben ef iciei  os seres viven t es. Eu  vi  o Bu da Sh ak y am u n i  e a
t orre do Bu da Mu i t os T esou ros, sau dei -os e f i  z -lh es of erecim en t os. Eu  t am bém  vi  o
Bodh i sat t va Man ju sh ri , o Prín cipe do Dh arm a, bem  com o o Bodh i sat t va Rei  da Medicin a, o
Bodh i sat t va qu e Adqu i riu  o Poder do Esf orço Di l ig en t e, o Bodh i sat t va Doador I n t répido, e
ou t ros, e possibi l i t ei  a oi t en t a e qu at ro m i l  Bodh i sat t vas obt erem  o Sam adh i  da Man i f est ação
de T odas as Form as Fí sicas”.
Qu an do est e capí t u lo sobre o t rân si t o do Bodh i sat t va Som  Maravi lh oso f oi  preg ado,
qu aren t a e doi s m i l  seres celest iai s obt iveram  a com preen são da verdade do n ão-n ascim en t o e
n ão-ex t in ção de t odos os f en ôm en os. O Bodh i sat t va V i rt u de da Flor obt eve o Sam adh i  da Flor
de L ót u s da L ei  Maravi lh osa (188).
188.  “Flor  de  Lótus  da  Lei  Maravilhosa”  é  o  próprio  título  deste  sutra  que  em  sânscrito  se  denota  por
‘Saddharma-Pundarîk a’.  Quando  acr escido  da  palavra  “(Sutra)  da  Flor  de  Lótus  da  Lei  Maravilhosa”,  torna-se
‘Saddharma-Pundarîk a Sotaram’, que, em caracter es chineses, traduz-se por ‘Myoho-Rengue-Kyo’.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Sarvesham Svastir Bhavatu: “que todos possam ter bem-estar”



“Se você quer que os outros sejam felizes, pratique a compaixão; se você quer ser feliz, pratique a compaixão”, disse certa vez Tenzin Gyatso, o XIV Dalai Lama. E desejar em voz alta, cantando, também pode ajudar, como fez a cantora americana Tina Turner e 30 crianças do projeto “Children Beyond – With children united in prayers” (Crianças Além – Com crianças unidas em orações), (...) O projeto “Children Beyond” tem também Regula Curti e Dechen Shak-Dagsay cantando orações e mantras do “Budismo, Cristianismo, Hinduísmo, Judaísmo, Islamismo e Sikismo” – “é um projeto para contribuir com a paz e a tolerância”.

 
Om Sarvesham Svastir Bhavatu
Sarvesham Shantir Bhavatu
Sarvesham Purnam Bhavatu
Sarvesham Mangalam Bhavatu
Om Sarve Bhavanthu Sukhinah
Sarve Shantu Niraamayaah
Sarve Badrani Pashyantu
Ma Kaschi Dukha Bhaag Bhavet

“Que todos tenham bem-estar. Que todos tenham a paz. Que todos encontrem a perfeição. Que todos sejam felizes. Que todos tenham saúde. Que todos tenham boa sorte e que ninguém tenha que sofrer.”
(tradução do centro de yoga Govardhana, Curitiba-PR)

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Buddha Nature

Do livro: Buddha Nature
Snow Lion Publications
Ithaca, New York
The Mahayana Uttaratantra Shastra
by Arya Maitreya
written down by
Arya Asanga
commentary by Jamgön Kongtrül Lodrö Thayé
“The Unassailable Lion’s Roar”
explanations by Khenpo Tsultrim Gyamtso Rinpoche
translated by Rosemarie Fuchs

CHAPTER ONE

Tathagatagarbha

Introduction

I bow down to all buddhas and bodhisattvas.
If condensed, the body of the entire commentary
[consists of] the following seven vajra points:
Buddha, Dharma, the Assembly, the element,
enlightenment, qualities, and then buddha activity.
In the above order, which presents them in a logical sequence,
these [vajra points]
should be known to be derived from the Sutra Requested by King
Dharanishvara.
The [first] three stem from its introductory chapter and the [latter]
four from [its chapters]
on the properties of those who possess understanding and the Victorious One.
From the Buddha [stems] the Dharma, from the Dharma the
Assembly of noble ones,
from the Assembly the attainment of buddha nature, the element of
primordial wisdom.
This wisdom finally attained is supreme enlightenment, the powers
and so on,
[thus] possessing the properties that fulfill the benefit of all sentient
beings.
The First Three Vajra Points: The Three Jewels

Buddha

Buddha is without beginning, middle, or end. He is peace itself,
fully self-awakened and self-expanded in buddhahood.
Having reached this state, he shows the indestructible, permanent
path so that those who have no realization may realize.
Wielding the supreme sword and vajra of knowledge and
compassionate love, he cuts the seedling of suffering
and destroys the wall of doubts along with its surrounding thicket
of various views. I bow down to this Buddha.
Being uncreated and spontaneously present,
not a realization due to extraneous conditions,
wielding knowledge, compassionate love, and ability,
buddhahood has [the qualities of] the two benefits.
Its nature is without beginning, middle, or end;
hence [the state of a buddha] is uncreated.
Since it possesses the peaceful dharmakaya,
it is described as being “spontaneously present.”
Since it must be realized through self-awareness,
it is not a realization due to extraneous conditions.
These three aspects being realized, there is knowledge.
Since the path is shown, there is compassionate love.
There is ability since the mental poisons and suffering
are relinquished by primordial wisdom and compassion.
Through the first three there is benefit for oneself.
Through the latter three there is benefit for others.

Dharma

The Dharma is neither non-existent nor existent. It is not both existent and non-existent, nor is it other than existent and
non-existent.
It is inaccessible to such investigation and cannot be defined. It is
self-aware and peace.
The Dharma is without defilement. Holding the brilliant light rays
of primordial wisdom,
it fully defeats attachment, aversion, and dull indifference with
regard to all objects of perception. I bow down to this sun of the
sacred Dharma.
Inconceivable, free from the two [veils] and from thought,
being pure, clear, and playing the part of an antidote,
it is free from attachment and frees from attachment.
This is the Dharma with its features of the two truths.
Freedom from attachment [as fruit and means]
consists of the truths of cessation and path.
Accordingly these should also be known
by means of three qualities each.
Not being an object of conceptual investigation, being inexpressible,
and [only] to be known by noble ones, the Dharma is inconceivable.
Since it is peace, it is free from the two [veils] and free from thought.
In its three [aspects of] purity and so on it is similar to the sun.

Sangha

This mind being by nature clear light, they have seen the poisons to
be essenceless
and therefore truly realize [the nature of] every being as peace, the
ultimate non-existence of a self. They perceive that the Perfect
Buddha pervades them all.
They possess the understanding that is free from the veils. Thus
seeing that beings are utterly pure and that [this purity pervades]
their limitless number,
they are endowed with the vision of primordial wisdom. I bow
down to this [Sangha].
The assembly of those who have understanding
and thus do not fall back has unsurpassable qualities,
since their vision of inner primordial wisdom,
which knows correctly and knows completely, is pure.
Realizing beings in their state of peace
[the noble ones] know correctly,
for [the mind] is by nature utterly pure
and the poisons were always exhausted.
Their understanding, which realizes the knowable
as well as [its] ultimate condition, sees
that the state of omniscience is within all beings.
Thus the [noble ones] know completely.
Such realization is the vision of wisdom
that is self-aware. This wisdom is pure,
since it [sees] the undefiled expanse,
free from attachment and obstruction.
Their vision [of] primordial wisdom is pure
and [nears] unsurpassable buddha wisdom.
The noble ones who do not fall back
are therefore a refuge for all beings.
...

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Sutra da Total Aniquilação do Dharma Proferido pelo Buda

T0396_.12.1118c09
Traduzido do sânscrito para o chinês por uma pessoa desconhecida.
Traduzido do chinês para o português pelo  Upasaka Pundarikakarna no verão de 2014.
Assim ouvi. Naquele momento o Buda estava em Kuśinagara e faltavam apenas três meses
para seu Parinirvāṇa. Junto com ele estavam monges e bodhisattvas. Muitos vieram até o local
onde o Buda estava e curvaram suas cabeças aos seus pés. Porém   o Honrado Pelo  Mundo
permaneceu imóvel, não proferiu nenhum ensinamento e sua radiância luminosa não mais era
emitida.
O Venerável Ānanda então curvou-se em reverência e dirigiu-se ao Buda dizendo, "Honrado
Pelo Mundo, antes e depois de ensinar o Dharma uma poderosa ema nação luminosa era
sempre vista, mas agora a Grande Assembleia não mais vê tal manifestação. Por que isso
acontece? Deve haver uma razão!"
O Buda, porém, permaneceu em silêncio. Apenas após ser questionado pela terceira vez o
Buda dirigiu-se a Ānanda [e disse], "Após o meu nirvāṇa, chegará o tempo em que o Dharma
será aniquilado e extinto. As Cinco Faltas Mortais
1
tornarão o mundo turvo
2
e o Reino de Māra
prosperará. Demônios se tornarão monges para deteriorar meu caminho e torná -lo confuso.
[Esses  monges]   serão apegados a roupas comuns e vão deleitar -se com kaṣāyas de cinco
cores.
3
Eles beberão álcool e comerão carne, tirando vidas pela ganância de seu sabor. Neles
não haverá [verdadeira] compaixão e serão odiosos e invejosos uns com os outros. Contudo,
naquele tempo também haverá bodhisattvas, praticantes solitários e arhats que se esforçarão
no cultivo de méritos, em tudo sendo respeitosos e pacientes e as pessoas que se submeterem
à disciplina serão guiadas [por eles] sem distinção. Terão piedade dos men os favorecidos e se
lembrarão dos mais velhos, ajudando a erguer os que sofrem de suas adversidades. Eles
sempre orientarão as pessoas a honrarem os sutras e as imagens. Farão votos de gerar méritos
de virtude e bondade. Não causarão dano aos seres humanos , renunciando a si próprios em
prol dos outros seres vivos. Não serão orgulhosos nem pouparão esforços sendo pacientes e
gentis, agindo assim com todas as pessoas.
1
pañcānantarya; 五無間業  As cinco  faltas mortais, parricídio, matricídio, assassinar um arhat, derramar
o sangue de um Buda, destruir a harmonia da sangha.
2
濁世  Mundo poeirento ou lamacento. Numa referência a impossibilidade de se enxergar a realidade.
Uma imagem interessante do mundo fenomênico coberto de uma camada de pó ou sujeira , assim não
se  vê  suas  verdadeiras  características.  A  poeira  é  a  ganância,  o desejo descontrolado, a futil idade,
falsidade, fraqueza ética e moral  que deixa tudo desagradável e impossível de definir.
3
O número cinco simbolicamente passa por  várias ideias e conceitos. Aqui, baseado nas regras budistas,
os monges eram proibidos de usar vestes que fossem tingida s com as cinco cores primárias (na cultura
local): azul, vermelho, branco, amarelo, preto.
[1119a05]
"Mas os monges servos de Māra, cheios de inveja, arquitetarão maldades para cal uniá-los,
expulsando-os de onde estiverem, não permitindo que fiquem em um único lugar. Nenhum
desses monges vai dar seguimento às práticas das virtudes budistas. Os templos budistas serão
como mausoléus
4
abandonados e nunca mais se recuperarão dos danos s ofridos. Somente
preocupados em acumular bens e posses, [esses monges] não incentivarão a prática de atos
meritórios.  Negociarão  bens,  terão  escravos  e  serviçais  que  lhes  cultivarão  os  campos,
[garantindo-lhes o sustento sem esforço]. Vão atear fogo nas mo ntanhas e florestas
5
ferindo
os seres vivos, sendo completamente desprovidos de compaixão. Seus escravos serão aqueles
que querem se tornar monges e suas serviçais serão aquelas que querem ser monjas. Não
cultivando  as  virtudes  budistas,  serão  depravados  e   indisciplinados, não distinguindo os
homens das mulheres
6
. Dessa maneira farão com que o Budismo se torne inconsistente e
insípido para todos [que queiram aprender].
[1119a10]
Alguns, para evitar a condenação de alguém, o farão tornar-se monge. Vão se considerar
Śrāvakas, mas sem praticar a disciplina e as regras da moralidade. A cada período lunar eles
repetirão os votos dos Preceitos, mas vão agir com indolência e não desejarão ouvir o Dharma.
Eles vão omitir partes dos sutras, desconsiderando aqui e al i, não querendo ensinar o texto
inteiro, nem terão o hábito de recitar os sutras. Ainda assim, mesmo que alguém os leia, nem
sequer uma palavra ou frase será entendida. Haverá aqueles de palavras fortes e consistentes,
mas [os monges de Māra] não consultarão os mais esclarecidos por serem orgulhosos e só
buscarem fama [ao invés do Dharma]. Não serão objetivos [em suas falas], mas terão trejeitos
suaves e elegantes, pois querem ser homenageados e receber oferendas.
[1119a15]
Quando chegarem ao fim de suas vidas, os monges servos de Māra afundarão no Inferno Avici
por terem cometido as Cinco Faltas Mortais, renascerão como Fantasmas Famintos e Animais
sofrendo tudo que causaram por uma quantidade de kalpas iguais  a  quantidade de grãos de
areia do Ganges. E no  dia em que suas faltas se esgotarem eles renascerão em terras distantes
onde os Três Tesouros não existam.
[1119a17]
Quando  cessar  o  desejo  pelo  Dharma,  as  mulheres  farão esforços constantes para gerar
méritos
7
, mas os homens serão indolentes e não dando   ouvidos ao Dharma. Vão considerar os
monges como a escória do mundo e serão incapazes de ter uma mente capaz de confiar.
4
O caractere usado aqui é o mesmo usado para descrever as tumbas imperiais onde os servos eram
enterrados vivos junto com seus senhores. Ou seja, o Budismo estaria  morto e enterrado e seus servos,
os monges malignos  e falsos estariam “sepultados” junto com seu mestre.
5
Achei curioso lembrar que as montanhas e florestas eram os locais onde ficavam os mosteiros.  Vão
prejudicar a capacidade de monges sinceros se agruparem, assim causando dano aos seres sencientes.
6
As mulheres ficavam separadas dos homens nos mosteiros.  Também havia regras diferenciadas no
trato entre homens e mulheres para os monges.
7
Seduzidas   pelo  ar  de  misticismo  do  falso  budismo,  elas  se  interessarão  mais  do  que  os homens.
Considerava -se o sexo feminino mais s uscetível a esse tipo de engodo enquanto o sexo masculino seria
mais voltado à lógica e racionalidade.
[1119a19]
Quando o desejo pelo Dharma declinar chegará o momento em que todos os Reinos Celestiais
chorarão.  O  período  das  secas
8
será  descontrolado  e  os  Cinco  Tipos  de  Grãos
9
não
amadurecerão. Vapores mortíferos se espalharão [pelo ar] causando a morte de muitos. As
pessoas comuns sofrerão duras punições sob o jugo dos governantes, que se oporão aos
princípios do Caminho. Todos pensarão   apenas em prazeres e distrações. As pessoas más
serão  tantas  quanto  as  areias  do  oceano.  Em  compensação,  as  pessoas  boas  serão
extremamente escassas, talvez uma ou duas.
[1119a23]
Quando esse kalpa estiver se exaurindo, os dias e noites serão mais curtos   e a vida passará
cada vez mais depressa. Aos quarenta os cabelos já serão brancos. Os homens serão devassos
e sua energia vital vai se exaurir muito cedo, viverão no máximo até aos sessenta. Os homens
viverão menos, mas a vida das mulheres será mais longa . Mesmo que cheguem a setenta,
oitenta ou noventa, poucos chegarão aos cem anos de idade.
[1119a25]
Grandes inundações
10
acontecerão de repente e serão imprevisíveis. As pessoas do mundo não
terão mais um coração confiante e desejarão que a existência seja   permanente. Dentre os
seres sencientes não haverá mais diferença entre os de casta superior e inferior e todos se
afundarão sendo arrastados [pela inundação] e devorados por monstros aquáticos.
[1119a27]
Naquele tempo, embora existam bodhisattvas, praticantes solitários e arhats, os monges
servos de Māra vão expulsá- los e  persegui-los  não permitindo que participem das assembleias.
Por isso os três tipos de praticantes adentrarão às montanhas
11
cultivando práticas benéficas
em prol da humanidade. Autocontrolados, eles serão felizes e contentes e a duração de sua
vida será prolongada e os seres celestiais os guardarão e protegerão. Então o bodhisattva
Candraprabha
12
surgirá no mundo. Em sua companhia eles reerguerão o Budismo.
8
O Sutra do Lótus compara o Dharma com uma chuva que cai igualmente sobre todos.
9
Como dito acima, o número cinco, simbolicamente, permeia a literatura com vários sentidos. Como os
grãos são uma fonte de força e sustento, pode ser uma associação com os  五力  pañcabala, as cinco
forças, ou cinco poderes que são, confiança, zelo, memória (ou  lembrança), meditação e sabedoria.
10
O  mar,  grandes  águas  são  quase  sempre  símbolos  do  sofrimento  ou  confusão  mental,  medo  e
angústia.
11
Ou  seja,  solitários,  afastados  da  multidão  num  sentido  de  que  não  participariam  das  grandes
congregações.
12
Candraprabha Bodhisattva, ou Gakkō Bosatsu em japonês, Yuèguāng Pusa em chinês, Luz da Lua em
português,  é  um  personagem  que  também  é  visto  ao  lado  de  Nikkō  Bosatsu  (Luz  do  Sol) e servem o
Buda da Medicina.  O disco lunar que ele sustenta representa o conhecimento  penetrante e as  virtudes
do Buda e simboliza a aspiração à Iluminação.
[1119b02]
Após um período de ci nquenta e dois anos, o Śūraṃgama-sūtra
13
e o Pratyutpanna-samādhi
sūtra
14
serão os primeiros a desaparecer e em seguida são se poderá mais consultar as doze
divisões do cânone Budista, pois elas estarão completamente aniquiladas, nunca mais serão
vistas, nem  suas palavras lidas. [Neste momento, então] o manto monástico espontaneamente
se tornará branco.
15
[1119b04]
Quando meu Dharma cessar, será como uma lamparina cujo azeite está prestes a acabar. Sua
luz é mais e mais brilhante até que de repente é totalmen te  extinta. Assim também será a
aniquilação do meu ensino. Certamente, as dificuldades que virão serão incontáveis e se
perpetuarão por muitos incontáveis milhares  de anos.
[1119b07]
Maitreya então descerá no mundo como um Buda. Os vapores venenosos [de o utrora] serão
extintos e o mundo será próspero e pacífico. A chuva cairá suave fazendo os Cinco Tipos de
Grãos crescerem exuberantes. As florestas crescerão novamente. Os seres humanos terão a
altura de oito pés e a vida de todos vai durar oitenta e quatro   mil anos. A quantidade de seres
sencientes salvos será incalculável. ”
[1119b10]
O Venerável Ananda fez uma reverência e dirigiu-se ao Buda dizendo, "Qual deve ser o nome
deste sutra para que seja respeitosamente mantido na memória?"
O Buda então respondeu, "Ānanda, ele deve ser chamado de 'Sutra da Total Aniquilação do
Dharma' e deve ser ensinado a todos e seu verdadeiro significado deve ser bem esclarecido.
[Sua correta compreensão] vai gerar méritos incalculáveis."
Os quatro tipos de discípulos  ouviram esse sutra com tristeza e desgosto e todos despertaram
a aspiração pela Suprema e Excelsa Iluminação. Todos eles curvaram -se em reverência ao Buda
e deixaram o local.
Este é o Sutra da Total Aniquilação do Dharma Proferido pelo Buda.
13
O Śūraṅgama Sūtra discute os conceitos de Yogācāra, Tathāgatagarbha e Budismo Esotérico. Faz uso
de lógica budista, com seus métodos de silogismo e Negação Quádrupla (sct. catu ṣ koṭi), popularizada
por Nāgārjuna. É um sutra Mahāyāna especialmente influente na escola Ch'an.
14
O Pratyutpanna Samādhi Sūtra contém a primeira menção conhecida ao Buda Amitabha e sua Terra
Pura,  sendo  dito  que  é  a  origem das práticas da Terra Pura na China. É um   sutra Mahāyāna inicial,
provavelmente escrito por volta do século I AEC na área de Gandhara, noroeste da Índia.
15
Branco era a cor  das vestes dos seguidores leigos. Ou seja, na ausência de verdadeiros monges, só
haverá seguidores leigos e eles tomarão a frente.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

MENTE ÚNICA: consciência-apenas

texto compilado por Karma Tenpa Dharguye

Todos os Budas e todos os seres comuns nada mais são do que a mente única. A mente é sem início e sem fim, não-nascida e indestrutível. Não tem cor nem forma, não existe nem não-existe, não é velha nem nova, longa ou curta, grande ou pequena, já que ela transcende todas as medidas, limites, nomes e comparações. É o que vocês vêm diante de vocês.Comecem a pensar sobre isso e imediatamente estarão errados. É como um vazio ilimitado, que não pode ser sondado ou medido. A mente única é o Buda, e não há distinção entre o Buda e os seres comuns, exceto pelo fato de que os seres comuns estão apegados às formas, e assim procuram pela natureza búdica como se ela estivesse fora deles mesmos. Por causa desta procura, eles não reconhecem a natureza búdica, já que eles estão usando o Buda para procurar o Buda, usando a mente para procurar a mente. Mesmo que continuem por um milhão de éons, nunca serão capazes de encontrá-la. Não sabem que o que todos eles têm de fazer é colocar um fim ao pensamento conceitual, e então o Buda aparecerá diante deles, pois esta mente é o Buda e o Buda são todos os seres sencientes. Não é menos para os seres manifestos nas coisas comuns, nem mais para os seres manifestos nos Budas.

Esta mente pura, que é a fonte de todas as coisas, brilha eternamente com a radiação de sua própria perfeição. Mas a maioria das pessoas não está consciente disso e pensa que a mente é apenas a faculdade que vê, ouve, sente e conhece. Cegos pela suas próprias visões, audições, sentimentos e conhecimentos, eles não percebem a radiação da fonte. Se pudessem eliminar todo pensamento conceitual, esta fonte apareceria como o sol, brilhando no céu vazio e iluminando todo o universo.Portanto vocês, estudantes do caminho, que procuram compreender através da visão, da audição, do sentimento e do conhecimento: quando suas percepções são cortadas, seu caminho para a Mente será cortado e vocês não encontrarão qualquer lugar para entrar. Apenas realizem que, apesar da Mente se manifestar nestas percepções, ela não é parte delas, nem está separada delas. Vocês não devem tentar analisar estas percepções, nem pensar sobre elas; vocês não devem procurar a Mente única fora delas. Não se prendam às percepções, nem as deixem para trás; não permaneça nelas, nem as rejeitem. Acima, abaixo e em todos os lugares ao redor de vocês, todas as coisas aparecem espontaneamente, pois não há qualquer coisa que esteja fora da mente do Buda.

Huang-po Hsi-yun (?-849)
Stephen Mitchell, The Enlightened Mind A MENTE NATURAL

Falamos de "verdadeira natureza" porque ninguém a criou.

Uma das primeiras coisas que aprendi como budista foi que a natureza fundamental da mente é tão ampla que transcende completamente a compreensão intelectual. Ela não pode ser descrita em palavras ou reduzida a conceitos. Para alguém como eu, que gosta de palavras e sente-se muito confortável com explicações conceituais, isso era um problema.Em sânscrito, a língua na qual os ensinamentos de Buda foram originalmente registrados, a natureza fundamental da mente é chamada de tathagatagarbha, uma descrição muito sutil e aberta a diferentes interpretações. Literalmente significa "a natureza daqueles que foram naquela direção" são as pessoas que realizaram a completa iluminação - em outras palavras, as pessoas cujas mentes suplantaram completamente as limitações comuns que podem ser descritas em palavras. Acho que você concordaria comigo no sentido que essa definição não ajuda muito.

Outras traduções menos literais utilizam termos como "natureza búdica", "verdadeira natureza", "essência iluminada", "mente comum" e até "mente natural" para descrever o tathagatagarbha, mas nenhum deles lança muita luz sobre o verdadeiro significado da palavra. Para efetivamente entender o tathagatagarbha, você precisa vivenciá-lo diretamente, o que, para a maioria de nós, ocorre, em primeiro lugar, na forma de vislumbres rápidos e espontâneos. Quando, finalmente, vivenciei meu primeiro vislumbre, percebi que tudo o que os textos budistas falam a respeito é verdade.Para a maioria de nós, nossa mente ou natureza búdica é obscurecida pela auto-imagem limitada criada por padrões neuronais habituais - que, por si, são o reflexo da capacidade ilimitada da mente de criar qualquer condição que ela escolha, uma pepita de ouro coberta de lama e sujeira. A mente natural é capaz de produzir qualquer coisa, até mesmo a ignorância de sua própria natureza. Em outras palavras, não reconhecer a mente natural é um exemplo da capacidade ilimitada da mente de criar o que ela quiser. Sempre que sentimos medo, tristeza, inveja, desejo ou qualquer outra emoção que contribua para o nosso senso de vulnerabilidade ou fraqueza, deveríamos dar um bom tapinha em nossas costas. Acabamos de vivenciar a natureza ilimitada da mente.

Apesar da verdadeira natureza da mente não poder ser descrita diretamente, isso não significa que não deveríamos ao menos tentar desenvolver algum conhecimento teórico sobre ela. Mesmo um entendimento limitado é pelo menos uma placa apontando para o caminho na direção da experiência direta. O Buda entendia que as experiências impossíveis de serem descritas em palavras poderiam ser mais bem explicadas por meio de histórias e metáforas. Em um texto, ele comparava o tathagatagarbha, a uma pepita de ouro coberta por lama e sujeira. Imagine que você esteja em uma caça ao tesouro. Um dia, você vê um pedaço de metal no chão. Você cava um grande buraco, retira o metal, leva-o para casa e começa a limpa-lo. No começo, uma parte da pepita se revela, brilhante e cintilante. Aos poucos, a medida que você limpa a sujeira e a lama acumulada, a pepita inteira se revela como ouro. Agora, pergunto: o que é mais valioso - a pepita de ouro enterrada na lama ou a que você limpou? Na verdade, o valor é o mesmo. Qualquer diferença entre a pepita suja e a limpa é superficial.

O mesmo pode ser dito da mente natural. Na verdade, a fofoca neuronal que o impede de ver sua mente na totalidade não altera a natureza fundamental de sua mente. Pensamentos como "Eu sou feio", "Eu sou um idiota" ou "Eu sou um chato" não são nada mais do que uma espécie de lama biológica, temporariamente obscurecendo as brilhantes qualidades da natureza búdica ou mente natural.

Algumas vezes o Buda comparava a mente natural ao espaço, não necessariamente como o espaço é entendido pela ciência moderna, mas sim no sentido poético da experiência profunda de abertura que se sente ao olhar para um céu sem nuvens ou entrar em uma ampla sala. Como o espaço, a mente natural não depende de causas ou condições previas. Ela simplesmente é: incomensurável e além da caracterização, o pano de fundo essencial por meio do qual nos movimentamos e relativo ao qual reconhecemos distinções entre os objetos que percebemos.

ALÉM DA MENTE, ALÉM DO CÉREBRO

"Quando a mente é percebida, isso é o Buda".The Wisdom of the Passing Moment Sutra - traduzido para o inglês por Elizabeth M. CallahanVocê não é a pessoa limitada e ansiosa que pensa ser. Qualquer professor budista treinado pode dizer com toda a convicção da experiência pessoal que, na verdade, você é o centro da compaixão, completamente consciente e plenamente capaz de atingir o bem maior, não apenas para si mesmo, mas para todos e tudo o que possa imaginar.

O problema é que você não reconhece essa capacidade em si mesmo. Em termos estritamente científicos passei a compreender pelas conversas com especialistas da Europa e da America do Norte, que a maioria das pessoas acredita que a imagem de si mesmas formada pelo hábito e neuronalmente construída representa quem e o que elas são. E essa imagem é quase sempre expressa em termos dualistas: o "eu" e o "outro", dor e prazer, ter e não ter, atração e repulsa. Como me foi explicado, esses são os termos mais básicos da sobrevivência.

Infelizmente, quando a mente é submetida ao filtro dessa perspectiva dualista, cada experiência - mesmo em momentos de alegria e felicidade - é restrita por algum senso de limitação. Há sempre um mas espreitando ao fundo. Um tipo de mas é o mas da diferença. "Ah, minha festa de aniversário estava maravilhosa, mas eu preferiria um bolo de chocolate a um de coco". Há também o mas do "melhor": "Adoro a minha nova casa, mas a casa do meu amigo é maior e mais bem iluminada". E, finalmente há o mas do medo: "Não suporto mais o meu trabalho, mas na situação atual do mercado, como encontraria um novo emprego?". A experiência pessoal me ensinou que é possível superar qualquer senso de limitação pessoal. Caso contrário, eu provavelmente ainda estaria sentado em meu quarto no retiro, sentindo-me amedrontado e inadequado demais para participar das atividades em grupo. Como menino de 13 anos eu só sabia como superar meu medo e insegurança. Por meio da orientação paciente de especialistas na área da psicologia e neurociência, como Francisco Varela, Richard Davidson, Don Goleman e Tara Bennett-Goleman, comecei a reconhecer por que, de um ponto de vista objetivamente cientifico, as práticas de fato funcionam: que os sentimento de limitação, ansiedade, medo e assim por diante são somente parte de uma fofoca neuronal. Eles são, em essência, hábitos. E hábitos podem ser mudados.

Yongey Mingyur Rinpoche
Retirado do livro: "A Alegria de viver"

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Do livro MENTE ZEN, MENTE DE PRINCIPIANTE

SHUNRYU SUZUKI
EditadoporTRUDYDIXON
co mprefáciodeHUSTONSMITH
eintroduçã odeRICHARDBAKER
TraduçãodeODETELARA
PALASATHENA
Prólogo
MentedePrincipiante
"Hámuitaspossibilidadesnamentedoprincipiante,
maspoucasna doperito."
AspessoasdizemqueédifícilpraticarZen,masháummal
entendidoquantoao"porquê".Nãoédifícilporquesejaárduo
sentar-sedepernascruzadasouatingirailuminação.Édifícil
porqueéárduomanteramentepuraouapráticapuraemseu
sentidofundamental.AescolaZendesenvolveu-sedemuitas
maneirasdepoisdeestabelecidanaChinamas,aomesmotem
po,tornou-secadavezmaisimpura.Contudo,nãoésobreoZen
chinêsousobreahistóriadoZenqueeuquerofalar.Oqueme
interessaéajudarvocêamantersuapráticalivredaimpureza.
NoJapão,dispomosdotermoshoshin,quesignifica"mente
deprincipiante".Oobjetivodapráticaéconservarnossa"men
tedeprincipiante".SuponhamosquevocêreciteoPrajnaPara
mitaSutraumasóvez.Poderiaserumaboarecitação.Maso
quelheaconteceráseorecitarduas,três,quatrooumaisvezes?
Vocêpoderiafacilmenteperdersuaatitudeoriginalemrelação
aele.OmesmoacontecerácomsuasoutraspráticasZen.Por
algumtempovocêmanterásuamentedeprincipiante,porém,
secontinuarapráticaum,dois,trêsanosoumais,emboravocê
possamelhoraremalgunsaspectos,épossívelquepercaosentido
ilimitadoda"menteoriginal".
ParaosestudantesdoZen,omaisimportanteénãoserem
dualistas.Nossa"menteoriginal"incluiemsitodasascoisas.
Elaésemprericaeauto-suficiente.Vocênãodeveperderesse
estadomentalauto-suficiente.Ist onãosignificaumamente
fechadaesim,naverdade,umamentevaziaealerta.Sesua
menteestávazia,estáprontaparaqualquercoisa;elaestáaber
taatudo.Hámuitaspossibilidadesnamentedoprincipiante,
maspoucasnadoperito.
Sevocêdiscriminademais,vocêselimita.Seéexigenteou
ambiciosoemexcesso,suamentenãoéricanemauto-suficien
te.Senossamenteperdersuaauto-suficiênciaoriginal,todosos
preceitosseperderão.Quandosuamentesetornaexigente,quan
dovocêanseiaporalgo,vocêacabaporviolarospreceitos:não
mentir,nãoroubar,nãomatar,nãoserimoraleassimpordian
te.Sevocêconservarsuamenteoriginal,ospreceitossemante
rãoporsipróprios.
Namentedoprincipiantenãohápensamentosdotipo"eu
alcanceialgo".Todosospensamentosegocentradoslimita ma
vastidãodamente.Quandonãoalimentamospensamentone
nhumdeconquista,nempensamentosegocentrados,somos
verdadeirosprincipiantesepodemosentãoaprenderalgumacoisa
defato.Amentedoprincipianteémentedecompaixão.Quan
donossamenteécompassiva,torna-seilimitada.OmestreDo
gen,fundadordanossaescola,sempreenfatizouaimportância
depreservarnossamenteoriginalilimitada.Comelasomosver
dadeirosconosco,estamosemcomunhãocomtodososserese
podemos,defato,praticar.
Assim,acoisamaisimportant eémantersua"mentedeprin
cipiante".Nãohánecessidadedeterumaprofundacompreen
sãodoZen.MesmoquevocêleiamuitaliteraturaZen,develer
cadafrasecomumamentevirgem.Nuncadevedizer:"Euseio
queéZen"ou"euatingiailuminação".Orealsegredodasartes
tambéméesse:sersempreumprincipiante.Sejamuitocuida
dosonestaquestão.Secomeçarapraticarzazen,vocêcomeçará
avalorizarsuamentedeprincipiante.Esteé osegredodapráti

cadoZen.

terça-feira, 24 de maio de 2016

RELAÇÕES HISTÓRICAS DO BUDISMO COM O OCIDENTE

Dificilmente a cultura ocidental, mormente a acadêmica, admite as influências orientais, especialmente quando se trata de religião e filosofia. A prova mais gritante disso é como o ocidente ignora mesmo algumas das origens de seu cristianismo, depreciando ou omitindo as igrejas primitivas do oriente incluído, é claro, as que até hoje permanecem vivas a exemplo da etíope e copta, bem como suas escrituras. Em segundo lugar prevalece a negação das influências orientais no pensamento grego, incluindo a importação de muitas ideias que estes sequer creditaram as fontes mesmo as permaneceram iguais às originais, seja do oriente ou de algum outro lugar próximo.
Com o budismo então não é diferente, a negação ou o desconhecimento de sua influência no ocidente permanece. A simples semelhança, por exemplo, entre ideias de alguns pensadores sequer é tocada por vezes; como a semelhança do pensamento de Heráclito, por exemplo. Não é dizer que sempre haja relação, mas sequer a semelhança clara é admitida por alguns, principalmente em se tratando de ideias bem anteriores que podem ter chegado ao ocidente ao longo do tempo. Mesmo na filosofia mais recente quando autores como Shopenhaeur, Nietsche, Freud e Husserl que sabidamente tiveram contato com textos budistas e hinduístas, pouco caso é dado em se considerar as relações de alguma ideia desses autores com ideias orientais.
Aqui veremos uma das poucas exceções, porém de um estudioso budista, um trecho do livro MANUAL DE BUDISMO do Prof. Roque Enrique Severino (Naljorpa Karma Zopa Norbu), Diretor Fundador da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental, Diretor Fundador da Kagyu Dag Shang Choling - Jardim do Dharma, que também fez estudos de filosofia oriental antiga, na Faculdade de ensino Livre "San Francisco de Assis" especializando-se na cultura chinesa antiga, o Budismo Chinês e o I Ching. Resumidamente ele apresenta alguns desses aspectos históricos do budismo em relação com o ocidente.

O Mundo Helenístico
Alguns dos Éditos de Asoka revelam o seu esforço em difundir o budismo pelo mundo helenístico, que na época formava um espaço coeso que ia da fronteira da Índia à Grécia. Os Éditos mostram um claro entendimento da organização política do mundo helenístico: os nomes e a localização dos principais monarcas da época são indicados. Os monarcas helenísticos Antíoco II do reino Selêucida, Ptolomeu II Filadelfo do Egito, Antígono Gonatas da Macedónia, Magas de Cirene e Alexandre II de Épiro são apresentados como alvos da mensagem budista. Para além disso, de acordo com as fontes em pali, alguns dos emissários de Asoka era monges budistas de origem grega, o que revela intercâmbios culturais entre as duas culturas. Não se sabe até que ponto estes contatos podem ter sido influentes, mas alguns autores apontam para a existência na época de um certo sincretismo entre o pensamento helenístico e o budismo. É conhecida a existência de comunidades budistas em cidades do mundo helenístico como Alexandria e apontam-se influências do budismo Theravada na ordem dos Therapeutae.
Interacção Greco-Budista (século II a.C. - século I a.C.)
Nas regiões a ocidente do subcontinente indiano existiam reinos gregos na Báctria (norte do
Afeganistão) desde o tempo da conquista deAlexandre Magno em 326 a.C.. Cronologicamente
surgiria primeiro o reino dos Selêucidas e mais tarde o reino greco-bactriano (a partir de 250 a.C.).
O rei greco-bactriano Demétrio I invadiu a Índia até Pataliputra em 180 a.C., tendo estabelecido um
reino indo-greco que duraria em partes do norte da Índia até o século I a.C..
O rei indo-greco Menandro I (rei entre 160-135 a.C.) teria se convertido ao budismo. As moedas deste
rei apresentam a referência "Rei Salvador" em grego e por vezes desenhos da "roda do Dharma". Após
a sua morte, a honra de partilhar os seus restos mortais foi disputada pelas cidades que governou, tendo sido os seus restos colocados em stupas [uma espécie de túmulo usado pelos budistas]. Os sucessores de Menandro inscreveram a fórmula "Seguidor do Dharma" em várias moedas e retrataram-se realizando a mudra vitarka. A interacção entre a cultura helenística e budista pode ter tido alguma influência sobre a evolução do Mahayana, pois esta tradição apresenta uma perspectiva filosófica e um tratamento do Buda como um deus que faz lembrar os deuses gregos. É também por esta altura que surgem as primeiras representações antropomórficas de Buda. Menandro I conhecido como Milindaem sânscrito foi um dos governantes do reino indo-grego, no norte da Índia e no Paquistão dos dias atuais, de 155 ou 150 a 130 a.C. Ele é, historicamente, o primeiro ocidental documentado que se converteu
ao budismo.
Um Renomado Rei Indo-Grego
Os seus territórios cobriam os domínios ocidentais do império grego dividido da Bactria (das áreas
de Oanjsir e Kapisa e estendiam-se até a provínciamoderna do Punjab, no Paquistão), a maior parte
dos estados indianos de Ounjab Himachal Pradesh e a região de Jammu, com tributários difusos no sul
e no leste, provavelmente alcançando Mathura. Supõe-se que a sua capital teria sido Sagala, uma cidade bastante próspera no norte do Punjab (no Paquistão) que acredita-se ser Sialkot dos dias atuais, poucos quilômetros a oeste do que é agora a fronteira entre a Índia e o Paquistão.
Ele é um dos poucos reis bactrianos mencionados por autores gregos, entre eles Apolodoro de
Artêmita, citado por Estrabão, que alega que os gregos de Báctria foram conquistadores maiores ainda
que Alexandre, o Grande, e que Menandro foi um dos dois reis bactrianos, o outro sendo Demétrio,
que mais estenderam o seu poder na Índia:
"Os gregos que fizeram que a Báctria se revoltasse tornaram-se tão poderosos a bem da fertilidade do
país que tornaram-se mestres, não só de Ariana, mas também da Índia, como Apolodoro de Artêmita
diz: e mais tribos foram subjugadas por eles que por Alexandre-- por Menandro em particular (…), que
algumas foram subjugadas por ele pessoalmente e outras por Demétrio, filho de Eutidemo, o rei dos
bactrianos; e eles tomaram posse, não só de Patalena, mas também, no resto da costa, do que é
chamado de reino de Saraostus e Sigerdis." (Estrabão 11.11.1).
Estrabão também sugere que essas conquistas gregas alcançaram a capital Pataliputra, no norte da
Índia (Patna dos dias atuais):
"Aqueles que sucederam Alexandre foram aoGanges e a Pataliputra (Estrabão, 15.698).
Os registros indianos também descrevem ataques gregos a Mathura,Panchala, Saketa e Pataliputra.
Esse é particularmente o caso de algumas menções dainvasão por Patanjali, por volta de 150 a.C., e
do Yuga Purana, que descreve eventos históricos indianos em forma de profecia:
"Após ter conquistado Saketa, o país dos panchalas e dos mathuras, os Yayanas (gregos), malvados e
valentes, alcançarão Kusumadhvaja. Alcançadas as grossas fortificaçõesde lama em Pataliputra, todas
as províncias estarão em desordem, sem dúvida. Enfim, uma grande batalha se seguirá." (GargiSamhita, Yuga Purana, No. 5).
No oeste, Menandro parece ter repelido a invasão da dinastia do usurpador Greco-Bactriano
Eucrátides, consolidando o governo dos reis indos-gregos no norte do sub-continente indiano.
O Milinda Panha dá uma idéia dos seus métodos militares:
"- Já te aconteceu, ó rei, que reis rivais levantassem contra ti como inimigos e oponentes?
-Sim, certamente.
-Então, farás, suponho que fossos sejam escavados, e fortificações levantadas, e torres de
guarda eretas, e fortalezas construídas, e armazéns de comida?
-Não. Tudo isso já fora preparado com antecedência.
-Ou serás treinado no controle de elefantes de guerra, e na habilidade em lidar com cavalos, e
no uso da biga de guerra, e na arte de manobrar arco e flecha e na esgrima?
-Também não. Eu já aprendera isso antes.
-Mas por quê?
-Com o objetivo de precaver-me contra um perigo futuro."
(Milinda Panha, Livro III, Cap. 7).
O seu reinado foi longo e bem-sucedido. Numerosos achados de moedas comprovam a prosperidade e
a extensão do seu império (com achados tão longe quanto a Grã-Bretanha): os achados de suas moedas
são os mais numerosos e difundidos de todos osreis indos-gregos. Contudo, datas precisas do seu
reinado, bem como a sua origem, continuam indefiníveis. Os historiadores supõem que Menandro foi
ou o sobrinho ou um ex-general do rei Greco –bactriano Demétrio, mas agora já se pensa que os dois
reis distanciam-se por pelo menos trinta anos. O predecessor de Menandro em Punjab parece ter sido o
rei Apolodoto.
O império de Menandro sobreviveu, após ele, de uma maneira fragmentada, até o desaparecimento do
último rei grego, Strato II, por volta do ano 10.
Menandro foi o primeiro rei indo-grego a introduzira representação de Athena Alkidemos ("Atena,
salvadora do povo") nas suas moedas, provavelmenteem referência a uma estátua semelhante de
Athena Alkidemos em Pella, capital da Macedônia; o cunho foi usado, subseqüentemente, pela maioria
dos reis indo-grego posteriores.
Menandro e o Budismo - O Milinda Pañha
Segundo a tradição, Menandro converteu-se ao budismo, como descrito no Milinda Panha, um texto
budista clássico em Pali sobre as discussões entre Milinda (Menandro) e o sábio budista Nagasena. Ele
é descrito como sendo constantemente acompanhado por uma guarda de 500 soldados gregos.
Menandro é introduzido como "Rei dacidade de Sâgala na Índia, Milinda, como é chamado, instruído,
eloqüente, sábio e hábil; e um fiel observador de todos os váriosatos de devoção e cerimônia
realizados com os seus próprios hinos sagrados concernindo às coisas passadas, presentes e por vir.
Muitas eram as artes e ciências que ele conhecia -a tradição sagrada e a lei secular; o Sankhya, a Yoga
e o Nyanya e os sistemas Vaiseshika de filosofia, aritmética, música, medicina, os quatros Vedas, os
Puranas e os Otihasas, também conhecia sobre astronomia, magia, a lei da causalidade, feitiçaria, a
arte da guerra e poesia.
Como um disputante era difícil se equiparar, mais difícil ainda de se superar; o reconhecido superior
de todos os fundadores das várias escolas filosóficas. E tanto em sabedoria quanto em força corporal,
de vivacidade e de valor não existia, na Índia, ninguém igual a Milinda. Ele também era rico, poderoso
em riqueza e em prosperidade, e o número de seus soldados armados era infindável." (As Perguntas do
Rei Milinda, traduzido para o inglês por T. W. Rhys Davids, 1890).
As tradições budistas relatam que, logo após as suas discussões com Nāgasena, Menandro adotou o
budismo.
Expansão do Budismo no Ocidente
Após os encontros entre o budismo e o Ocidente representados na arte greco-budista, um conjunto de
informações e lendas sobre o budismo chegaram ao Ocidente de maneira esporádica. Durante o século
VIII as histórias budistas foram traduzidas para o siríaco e o árabe como Kaligag e Damnag. Uma
biografia do Buda foi traduzida para o grego por João de Damasco, acreditando-se que tenha circulado
entre os cristãos como a história de Josafat e Baarlam. No século XIV, Josafat seria declarado santo
pela Igreja Católica Romana. O próximo contato direto entre o budismo e o Ocidente aconteceu na
Idade Média quando o monge franciscano Guillaume de Rubrouck foi enviado como embaixador à corte
mongol de Mongke pelo rei Luís IX de França. O encontro aconteceu em Cailac (atualmente no
Cazaquistão), tendo o monge julgado que os budistas seriam cristãos perdidos. O budismo começou a
despertar um interesse no público ocidental no século XX, após o fracasso de projetos políticos como o
marxismo. Nos anos setenta um interesse pela realização pessoal substituiu a importância dos

projetos políticos que visavam mudar a sociedade.