Traduzido para o inglês por Damchö Diana Finnegan (Ven. Lhundup
Damchö); traduzido do inglês para o português por Marly Ferreira. Esta tradução
se baseia em uma tradução incompleta e preliminar. A nova versão traduzida
inteiramente do tibetano está disponível em www.sanghatasutra.net.
Homenagem a todos os budas e bodhisattvas!
...
Naquela época, o Rei do Dharma murmurou versos de exortação àquele homem morto:
Tendo visto o surgimento do Tathagata, tendo ouvido a batida do gongo, e tendo
ouvido o
ensinamento do Dharma, pacífico e que leva ao nirvana, porque não criou méritos
para você, para
a felicidade neste mundo e no mundo além? Você passará por sofrimento no
inferno, como fruto
do karma indesejado.
Então o homem respondeu:
Eu tinha uma mente estúpida por seguir más companhias,
e maus atos cometi com a mente iludida de desejo.
Um terrível resultado caiu sobre mim por seguir o desejo.
Fiz mal a seres viventes e destruí o que pertence a Sangha.
De minha própria maldosa parte, derrubei stupas.
Disse palavras ásperas, e minha mãe atormentei.
Estou consciente dos crimes feitos ao meu próprio corpo.
Vi meu nascimento no terrível inferno de Raurava.
Tendo sofrido dores no Samghata, e similarmente no Pratapana,
Experimentarei as dores agudas do Maha Avici.
Gritarei em dor extrema no inferno Maha Padma.
Com grande medo, renascerei cem vezes no Kalasutra.
Os seres nos infernos, ao lá caírem, percebem novamente aquele medo.
Eles caem 100 yojanas para o grande medo.
Não encontram novamente o portão, quando caem no buraco.
Mil facas surgirão no inferno chamado Kshura.
Cem mil milhões de facas são produzidas à frente.
Com estas, eles decepam os membros por conta de minhas próprias ações.
Vastos e terríveis açoites de vento cortam este corpo inteiro.
Eu devo enfrentar tais dores no inferno.
Todos os seres verão meu corpo extremamente agoniado.
A riqueza dos outros, não dada, eu carreguei para minhas necessidades.
Como também para meus filhos, filhas, irmão e irmã, e meus pais,
Amigos, tropas de parentes, servos, e também trabalhadores,
dependentes, gado e animais domésticos:
Perdi meu rumo com meus maus feitos
Perdi meu rumo por recipientes de prata e ouro, roupas finas,
E para construir uma casa.
Tendo construído uma casa bem pintada, lotada de homens e mulheres,
minha mente descontrolada se deleitou em tocar música no alaúde.
Ungi meu corpo com água perfumada, e também não senti gratidão.
Oh corpo, insensato! Por sua causa perdi meu rumo.
Nenhum protetor é encontrado para mim, nem será encontrado depois.
No tormento do corpo nos vastos e terríveis açoites de ventos,
Tendo saboreado doces sabores com minha língua,
Muitas guirlandas esplêndidas foram amarradas em minha cabeça.
Meus olhos foram traídos pela beleza, não há proteção do olho.
Eu vi que os dois olhos foram a causa de males.
Mas, no que fiz além, fui impelido pelo ouvido.
Meus braços foram furados com diamantes, usei braceletes nos dois braços,
Anéis foram colocados nos dedos e colares de pérolas usados no pescoço.
Ambas as pernas foram totalmente adornadas com correntes de ouro.
Todo tipo de jóias foi usado no corpo, e foram usados também galões dourados.
Tendo excessivamente usufruído grandes riquezas, minha mente ficou deleitada.
Eu, sentindo a sensação de coisas muito macias, desejei sua visão,
coisas como tapetes e roupas de cama. Eu me perdi em divertimentos.
Banhando-me com água perfumada de boa qualidade,
Ungia-me com perfumes, com riquezas celestiais como cânfora e sândalo.
Eu preenchia o ar com fragrâncias, e processando cores finas,
Eu me ungia com almíscar, óleo de doce aroma de jasmim, jasmim e champaka.
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Tendo me untado, me vestia com roupas finas de musselina e brancas também.
Descendo do
dorso do elefante, eu desejava andar no dorso de um cavalo.
Eu me considerava um rei, e o povo à minha frente fugia.
Também me familiarizava com as servas, plenamente treinadas em cantar e dançar.
Os animais
não causam ferimentos, mas muitos animais foram mortos por mim.
Assim, fiz mal sem conhecer o outro mundo
Comi carne dos outros, e por conta disto, esta miséria se aproximou de mim.
Eu não sabia o que era a morte.
Eu estava com uma mente ignorante.
E, também cuidei de meu corpo.
Hoje a morte se aproximou de mim, e de fato não há protetor algum.
Todos vocês, parentes, porque me olham no rosto?
Porque rasgam suas roupas? Porque choram em tristes lamentações?
Porque arrancam seus cabelos? Porque também derramam sangue?
Porque espalham poeira sobre a cabeça? Porque batem no peito?
Eu vivi uma vida de dores, e porque se agarram à família que deve ser
renunciada?
Meu corpo será devorado por leões, cães, corvos e pássaros.
Não adianta cuidar deste corpo.
Possuído pela serpente da morte, um homem sempre nascerá.
Para ser liberado deste medo, remédios devem ser servidos.
Aquele remédio dado por algum médico,
nunca será o que é preciso para me salvar da serpente da luxúria.
Agora, o remédio do Dharma só me é dado no momento da morte.
Não me dêem carne ou cuidem deste corpo, que com certeza morrerá.
Porque a miséria é oferecida? Porque um volume de mal será recebido?
Este corpo foi de fato totalmente cuidado; feito para ser destruído.
Porque vocês, filhos e filhas, me olham com seus olhos?
Não há motivo, e porque finalidade seria eu salvo desta doença?
Todos vocês, filhos e filhas, não causem qualquer mal.
Para cuidar de vocês, roubei a riqueza de outros. Agora, a hora da morte
chegou. Para que haver
desespero? O nascimento em estados indesejáveis é muito assustador, e morrer
também traz
muito sofrimento.
Sensação, consciência, estados condicionados, toque, percepção, desejo,
ignorância, e enganos,
estes trazem de fato conseqüências dolorosas.
O nascimento em uma família má – lá realmente se está fadado à miséria.
Pensando que o mérito religioso é pequeno, fiz mal a outros seres.
Oferecimentos e práticas morais desapareceram, e me afastei do Dharma, ainda
sem conhecer o
nascimento.
Não percebendo que estavam atormentados pela serpente da luxúria, de onde os
seres ignorantes
poderiam ser liberados sem se perderem?
Não conhecendo o significado de liberação, e por logro, cometi males.
Tolamente desconcertada pela luxúria, a mente está sempre totalmente
perturbada.
Com todos os tipos de grilhões, o corpo fica todo ardendo em fogo.
O corpo vagueia com total distorção, para onde não há felicidade, e sem sequer
saber onde a
felicidade é encontrada.
A felicidade é oferecida ao campo búdico. A roda do Dharma é o melhor remédio.
Conduta ética e
a verdade das condutas éticas é a voz pura do Tathagata.
Então, o Abençoado falou ao bodhisattva, o grande ser Bhaishajyasena:
“Bhaishajyasena, da mesma forma os seres
lamentam na hora da morte sem ter quaisquer frutos de ações bem feitas para
amadurecer, e sem ninguém para
protegê-los.”
Dizendo isso, o Abençoados murmurou também estes versos:
Ao cometer maus atos, você cairá nos infernos e usará roupas ardentes;
Com sede, beberá ferro líquido.
Brasas incandescentes cairão sobre os corpos.
A queimação é extremamente irresistível. Grandes são os medos nos infernos.
Lá, os corpos são totalmente queimados, não conhecendo divertimentos,
e nem mesmo conhecendo o Dharma.
Seres tolos, se afastando pelo não-Dharma, não conseguirão nem pouca
felicidade. Quem tem fé,
e está aperfeiçoado com a moralidade, que tem sabedoria e grande asceticismo,
que se associa a
amigos virtuosos, logo será um Tathagata.
O Buda surge no mundo para sustentar todos os seres que se dispuseram a
praticar com a melhor
diligência; e de forma similar, com uma mente compassiva, para pregar o Dharma
de boas ações.
Bhaishajyasena, você estabeleceu a melhor e mais pura conduta.
Ouvindo estas palavras, tenha a mais esplendida realização e veja a liberação
completa do
renascimento, e veja o Buda, o líder que tem uma voz famosa.
Ele é o pai e a mãe do mundo, e ele é chamado ‘bodhicitta.’
Quem prega este Dharma no mundo é o melhor amigo virtuoso e é difícil de se
achar. Os que
respeitosamente ouvem os ensinamentos do Buda,
se tornarão Budas supremos, Idos ao Êxtase.
Todos que respeitarem os sublimes filhos do Buda, serão todos liberados,
E serão protegidos no mundo.