quinta-feira, 9 de março de 2017

NASCIDOS COMO EM ÁRVORES

III Extraído de O Nobre Sanghatasutra Dharma-Paryaya

Traduzido para o inglês por Damchö Diana Finnegan (Ven. Lhundup Damchö); traduzido do inglês para o português por Marly Ferreira. Esta tradução se baseia em uma tradução incompleta e preliminar. A nova versão traduzida inteiramente do tibetano está disponível em www.sanghatasutra.net.
Homenagem a todos os budas e bodhisattvas!


...
 “Abençoado, passei por 96.000 milhões de mundos, desde o campo búdico do Abençoado Tathagata Shakyamuni no mundo Saha. Abençoado, em lugar algum vi tantos seres quantos haviam lá.
Abençoado, qual é a causa, qual é o motivo, que na presença do Abençoado Tathagata Shakyamuni, no mundo
Saha, um grande grupo de pessoas se reuniu, vindo das dez direções? Não vejo aqui tantos quantos haviam lá.”
Aquele Abençoado disse, “Bhaishajyasena, naquele mesmo lugar eles vagam e permanecem.”
Ele disse, “Abençoado, como assim?”
O Abençoado disse, “Como seres produzidos de árvores insensatas.”
Ele disse, “Abençoado, de onde se viu, de onde se ouviu, que pessoas nascem de árvores insensatas?”
Aquele Abençoado disse, “Bhaishajyasena, você não viu, você não ouviu, que pessoas nascem de uma árvore
insensata?”
Ele disse, “Abençoado, nem vi nem ouvi que pessoas nascem de uma árvore insensata.”
Aquele Abençoado disse, “Bhaishajyasena, o você quer ver? Se quiser eu lhe mostrarei agora.”
Ele disse, “Abençoado, eu quero. Ido ao Êxtase, eu quero.”
Então, o Abençoado Tathagata Chandravati-kshetra, naquele momento, estendeu seus braços, embelezados com
cem méritos. Daqueles braços surgiram 100.000 milhões de grupos de pessoas. Cada grupo de pessoas tendo
estendido cem braços, e espalhado vários perfumes e ungüentos no Tathagata.
Então, aquele Abençoado Tathagata Chandravati-kshetra, se dirigiu ao bodhisattva, o grande ser Bhaishajyasena,
“Você vê, Bhaishajyasena, que tal grupo de pessoas espalha vários perfumes, flores e ungüentos no Tathagata?”
Ele disse, “Sim, vejo, Abençoado. Sim, vejo, Ido ao Êxtase.”
O Abençoado disse, “Assim, surgem os insensatos corpos de pessoas. Assim, os homens insensatos nascem.”
Então, aqueles cem braços de cada um dos 100.000 milhões de multidões se abriram. Então, o bodhisattva, o
grande ser Bhaishajyasena, vendo aquilo, disse assim ao Abençoado, “Abençoado, porque isso? Ido ao Êxtase,
porque isso? Dessas pessoas, cem braços se abriram em um único instante. Abençoado, se os de cem braços não
forem liberados, muito menos serão liberadas as pessoas de dois braços?”
O Abençoado disse, “É assim, Bhaishajyasena, os seres insensatos nascem e seres insensatos cessam de nascer.
Bhaishajyasena, deve ser também compreendido que nosso corpo é insensato.”
Ele disse, “Abençoado, quais desses seres são jovens? E quais são velhos?”
O Abençoado disse, “Bhaishajyasena, existem jovens, e existem velhos.”
Ele disse, “Abençoado, quem são os jovens, e quem são os velhos?”
O Abençoado disse, “Aqueles que se abriram eram os velhos. Aqueles que nasceram de árvores eram os jovens.”
Ele disse, “Eu quero ver os jovens.”
Então, o Abençoado Tathagata Chandravati-kshetra estendeu sua palma direita. Então, das dez direções, 100.000
milhões de grupos de pessoas chegaram. Do nadir e do zênite, os grupos de 50 milhões de pessoas chegaram.
Esses grupos de pessoas tendo chegado, venerado com suas cabeças aos pés do Abençoado, não conversaram,
não falaram com o Tathagata, mas permaneceram em silêncio.
Então, o bodhisattva, o grande ser Bhaishajyasena disse assim, “Abençoado, porque esses seres não conversam,
nem falam com o Tathagata, mas permanecem em silêncio?”
O Abençoado disse, “Você sabe, Bhaishajyasena? Os seres insensatos nesta terra não falam, nem conversam, nem
compreendem os ensinamentos de Dharma Por que motivo? Bhaishajyasena, todos os jovens aqui não
compreendem o nascimento, nem compreendem a cessação, e não viram nem velhice nem doença, luto, dor,
separação dos entes queridos, união com quem não é querido, morte ou morte prematura. Mesmo vendo todos
estes sofrimentos amargos, eles não se comovem para se esforçarem. Como irão compreender? Bhaishajyasena, é
preciso ensinar-lhes vez após vez.”
Então, o bodhisattva, o grande ser Bhaishajyasena falou assim ao Abençoado, “Abençoado, de onde vieram os
jovens, aqueles que não conhecem o Dharma? De onde caíram? Onde renascerão?”
O Abençoado disse, “Ouça, Bhaishajyasena. A forma humana que tomam não é feita por joelheiro. Não é feita por
ferreiro. Não é feita por carpinteiro. Não é feira por ceramista. Não surge por medo do rei. Ela é produzida por conta
do karma negativo, junto com a união de um homem e uma mulher. Vezes seguidas eles ensinam ofícios àqueles
seres, e infindáveis dores agudas ocorrem-lhes. Lá, vivenciam dores agudas, o amadurecimento de atos negativos
feitos no passado. Bhaishajyasena, aqueles jovens que não se levantam e que experimentam dores tão grandes
vieram a este lugar. Bhaishajyasena, por isso eles não conversam, e não falam juntos. Então, Bhaishajyasena,
aqueles jovens, não conhecendo o bem, não conhecem nascimento, e não conhecem cessação, e não obterão
corpos de seres humanos. Bhaishajyasena, eles são chamados de ‘os jovens’.”