Textos selecionados
do Cânone em Pali e dos comentários.
Compilado e traduzido por Nyanaponika Thera
A
inabalável libertação da mente é a suprema meta na doutrina do Buda. Aqui,
libertação significa: a libertação da mente de todas as limitações, amarras e
laços que a amarram à Roda do Sofrimento, ao Ciclo de Renascimentos. Isso
significa: limpar a mente de todas as impurezas; remover todos os obstáculos
que barram seu progresso da consciência mundana (lokiya) para a
supramundana (lokuttara-citta), isto é, para o estado de Arahant.
São
muitos os obstáculos que bloqueiam o progresso no caminho espiritual, mas
existem cinco em particular, conhecidos pelo termo pali nivarana, que
são mencionados frequentemente nos textos Budistas:
1. Desejo sensual (kamacchanda),
2. Má-vontade (byapada),
3. Preguiça e torpor (thina-middha),
4. Inquietação e ansiedade (uddhacca-kukkucca),
5. Dúvida (vicikiccha).
Eles
são chamados de "obstáculos" porque bloqueiam e envolvem a mente de
várias formas, obstruindo seu desenvolvimento (bhavana). De acordo com
os ensinamentos Budistas, o desenvolvimento espiritual é duplo: através da
tranquilidade (samatha-bhavana) e através do insight (vipassana-bhavana).
A tranquilidade é ganha através da completa concentração da mente durante os
estados de absorção meditativa (jhana). Para alcançar tais estados, a
superação dos cinco obstáculos, pelo menos temporariamente, é uma condição
preliminar. É justamente nesse contexto de se atingir os jhanas que o Buda
menciona os cinco obstáculos em seus discursos.
Há
cinco fatores mentais constituintes que são os principais representantes do
primeiro jhana, chamados portanto de fatores de absorção (jhananga). De
acordo com os comentários, cada um dos cinco obstáculos é especificamente
prejudicial a um desses fatores, impedindo seu desenvolvimento e refinamento
requerido para os jhanas; por outro lado, o cultivo desses fatores além do
nível comum funciona como um antídoto contra os obstáculos, preparando o
caminho para os jhanas. Nesse texto é indicada a relação entre esses dois
grupos de cinco na seção com o título do obstáculo correspondente.
Não
somente os jhanas, mas também os níveis menores de concentração mental são
bloqueados pelos cinco obstáculos. Portanto a concentração de
"acesso" ou "vizinhança" (upacarasamadhi), é um
estágio preliminar para a total absorção (appana) que ocorre nos jhanas.
A concentração momentânea (khanikasamadhi) também está afastada da
presença dos obstáculos. Além desses estados superiores de desenvolvimento
mental, qualquer tentativa sincera de se ter visão clara e um modo de vida puro
será seriamente afetada pela presença dos cinco obstáculos.
Essa
influência generalizada e danosa dos cinco obstáculos revela uma necessidade
urgente de se diminuir o poder deles através de esforços contínuos. Ninguém
deve acreditar que é suficiente prestar atenção nos obstáculos somente durante
os momentos em que se está sentado para meditação. Esse esforço de última hora
para suprimir os obstáculos raramente terá êxito a não ser que seja auxiliado
pela dedicação prévia durante a vida diária.
Alguém
que aspire sinceramente à inabalável libertação da mente deveria, portanto,
escolher uma "base de trabalho" com importância direta e prática: um kammatthana no seu sentido mais amplo, em que
está baseada toda a estrutura de sua vida. Agarrar-se a essa "base de
trabalho", nunca perdê-la de vista por muito tempo, isso, por si só, já
será um progresso considerável e encorajador no controle e desenvolvimento da
mente, porque dessa forma, as forças direcionadoras da mente serão
consideravelmente fortalecidas. Alguém que escolheu a superação dos cinco
obstáculos como "base de trabalho" deveria examinar qual dos cinco é o
mais forte no seu caso pessoal. Então essa pessoa deve observar cuidadosamente
como, e em que ocasiões, eles geralmente aparecem. Essa pessoa também deve,
posteriormente, conhecer os estados mentais benéficos que permitem que cada um
desses obstáculos possa ser afastado e, finalmente superado; também deve-se
examinar a própria vida em busca de oportunidades para desenvolver essas
qualidades, que, nas páginas seguintes, foram indicadas sob as faculdades
espirituais (indriya), os fatores de absorção (jhananga) e os
fatores da iluminação (bojjhanga). Em alguns casos foram adicionados
temas de meditação, o que irá ajudar na superação dos respectivos obstáculos.
Entretanto,
para um "mundano" (puthujjana),
somente uma suspensão temporária e enfraquecimento parcial dos obstáculos pode
ser alcançado. A final e completa erradicação só ocorre ao se alcançar os
estágios do despertar (ariyamagga).
- A dúvida é eliminada no primeiro
estágio, o caminho de entrada na correnteza (sotapatti-magga).
- O desejo sensual, a má-vontade e a ansiedade são eliminnados no terceiro
estágio, o caminho de não-retorno (anagami-magga).
- A preguiça, o torpor e a inquietação são eliminadas no caminho de Arahant (arahatta-magga).
A
recompensa da batalha contra os obstáculos não é somente limitada a tornar
possível uma concentração meditativa mais superficial ou profunda, mas também,
todo passo dado no enfraquecimento desses obstáculos nos leva para mais perto
dos estágios do despertar, onde a superação dos obstáculos é inabalável.
Apesar
da maior parte dos textos que seguem, traduzidos dos Discursos do Buda e dos
comentários, se dirigirem aos monges, eles também são válidos para aqueles que
vivem em família. Assim como os Antigos Mestres dizem: "O bhikkhu (monge)
é mencionado aqui como um exemplo daqueles dedicados à prática do Ensinamento.
Qualquer um que siga tal prática se inclui no termo 'monge'".
* * *
“Bhikkhus, há essas cinco corrupções
do ouro, através das quais o ouro nem é maleável, nem manuseável e tampouco
luminoso, mas quebradiço e sem as condições apropriadas para ser trabalhado.
Quais cinco? O ferro é uma corrupção do ouro, através da qual o ouro nem é
maleável, nem manuseável e tampouco luminoso, mas quebradiço e sem as condições
apropriadas para ser trabalhado. O cobre é uma corrupção do ouro ... O estanho
é uma corrupção do ouro ... O chumbo é uma corrupção do ouro ... A prata é uma
corrupção do ouro ... Essas são as cinco corrupções do ouro, através das quais
o ouro nem é maleável, nem manuseável e tampouco luminoso mas quebradiço e sem
as condições apropriadas para ser trabalhado.
“Do mesmo modo, bhikkhus, há essas
cinco corrupções da mente, através das quais a mente nem é maleável, nem
manuseável e tampouco luminosa, mas quebradiça e desprovida da correta
concentração para a destruição das impurezas. Quais cinco? O desejo sensual é
uma corrupção da mente, através da qual a mente nem é maleável, nem é
manuseável e tampouco luminosa, mas quebradiça e desprovida da correta
concentração para a destruição das impurezas. A má vontade é uma corrupção da
mente ... A preguiça e o torpor são uma corrupção da mente ... A inquietação e
a ansiedade são uma corrupção da mente ... A dúvida é uma corrupção da mente.
Essas são as cinco corrupções da mente, através das quais a mente nem é
maleável, nem manuseável e tampouco luminosa, mas quebradiça e desprovida da
correta concentração para a destruição das impurezas.”
* * *
"E como um bhikkhu permanece
contemplando os objetos mentais como objetos mentais referentes aos cinco
obstáculos?
Aqui, havendo nele desejo sensual,
um bhikkhu compreende: 'Existe em mim desejo sensual'; ou não havendo nele
desejo sensual, ele compreende: 'Não existe em mim desejo sensual'; e ele
também compreende como se despertam os desejos sensuais que ainda não
despertaram e como acontece o abandono de desejos sensuais despertos e como
acontece para que desejos sensuais abandonados não despertem no futuro.
Havendo nele má-vontade ... havendo
nele preguiça e torpor ... havendo nele inquietação e ansiedade ... havendo
nele dúvida, um bhikkhu compreende: 'Existe dúvida em mim'; ou não havendo
dúvida nele, ele compreende: 'Não existe dúvida em mim'; e ele compreende como
se desperta a dúvida que ainda não se despertou e como acontece o abandono da
dúvida desperta e como acontece para que a dúvida abandonada não desperte no
futuro."
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Fazer uma nota mental imediatamente
após o surgimento de um dos obstáculos, assim como recomendado no texto
anterior, é um método simples, mas também muito efetivo para afastar essas e
outras contaminações da mente. Fazendo isso, um "freio" é aplicado
contra a continuação do fluxo descontrolado dos pensamentos prejudiciais e, a
vigilância da mente ao reaparecimento deles é fortalecida. Esse método se
baseia no simples fato psicológico que é expressado pelos comentaristas da
seguinte forma: "Um pensamento hábil e inábil não podem ocorrer juntos ao
mesmo tempo na mente. Portanto, na hora que se reconhece o desejo sensual (que
surgiu no momento precedente), aquele desejo sensual não mais existe (há
somente o ato de conhecer).
* * *
B. A esfomeação do desejo sensual
" Há, bhikkhus, o sinal da
repulsa: dar com frequência atenção com sabedoria para isso, essa é a
esfomeação que previne o surgimento do desejo sensual que ainda não surgiu e o
crescimento e incremento do desejo sensual, uma vez que este tenha
surgido."
* * *
Seis coisas levam ao abandono do
desejo sensual:
1. Aprender a meditar em objetos
repulsivos;
2. Dedicar-se à meditação nos aspectos repulsivos;
3. Guardar as portas dos sentidos;
4. Moderação no comer;
5. Apoio de amigos admiráveis;
6. Conversa apropriada.
- Comentário do Satipatthana Sutta
* * *
1. Aprender a meditar em objetos
repulsivos
2. Dedicar-se à meditação nos aspectos repulsivos
(a) Objetos repulsivos
"Naquele que está dedicado à
meditação em objetos repulsivos, a repulsão com relação a objetos belos é
firmemente estabelecida. Esse é o resultado."
"Objetos repulsivos"
refere-se, em particular, às contemplações dos cemitérios, assim como dito no Satipatthana Sutta e explicado no Visuddhimagga; mas
ela se refere também aos aspectos repulsivos dos objetos dos sentidos em geral.
(b) A repugnância do corpo
"Novamente, bhikkhus, um
bhikkhu examina esse mesmo corpo para cima, a partir da sola dos pés e para
baixo, a partir do topo da cabeça, limitado pela pele e repleto de muitos tipos
de coisas repulsivas, portanto: "Neste corpo existem cabelos, pêlos do
corpo, unhas, dentes, pele, carne, tendões, ossos, tutano, rins, coração,
fígado, diafragma, baço, pulmões, intestino grosso, intestino delgado, conteúdo
do estômago, fezes, bílis, fleuma, pus, sangue, suor, gordura, lágrimas,
saliva, muco, líquido sinovial e urina."
"O corpo é mantido unido pelos
tendões e ossos, encoberto pelos músculos e pele, a verdadeira natureza do
corpo não é percebida... Mas o tolo, tomado pela ignorância, pensa que tudo
isso é belo..."
(c) Outras contemplações
"Os prazeres sensuais oferecem
pouca satisfação, muito sofrimento e muito desespero, e que tão grande perigo
existe neles."
"O desagradável com aparência
de agradável, o desamado com aparência de amado, a dor com a aparência de
felicidade, subjugam aquele que é negligente."
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3. Guardar as portas dos sentidos
"E como, amigo, ele guarda as
portas dos meios dos sentidos? Neste caso, ao ver uma forma com o olho, um
bhikkhu não se agarra aos seus sinais ou detalhes. Visto que, se permanecer com
a faculdade do olho descuidada, ele será tomado pelos estados ruins e
prejudiciais de cobiça e tristeza. Ele pratica a contenção, ele protege a
faculdade do olho, ele se empenha na contenção da faculdade do olho. Ao ouvir
um som com o ouvido ... Ao cheirar um aroma com o nariz … Ao saborear um sabor
com a língua … Ao tocar um tangível com o corpo … Ao conscientizar um objeto
mental com a mente, ele não se agarra aos seus sinais ou detalhes. Visto que,
se permanecer com a faculdade da mente descuidada, ele será tomado pelos
estados ruins e prejudiciais de cobiça e tristeza. Ele pratica a contenção, ele
protege a faculdade da mente, ele se empenha na contenção da faculdade da
mente."
"Há formas conscientizadas
através do olho e que são desejáveis, agradáveis e fáceis de serem gostadas,
conectadas com o desejo sensual e que provocam a cobiça, e se um bhikkhu não
busca nelas o prazer, não as acolhe e não permanece atado a elas, o deleite
cessa. Não havendo o deleite, não há paixão. Não havendo a paixão, não há
grilhões. Libertado do grilhão do deleite esse bhikkhu é chamado aquele que
vive só. "Há sons conscientizados através do ouvido … aromas
conscientizados através do nariz … sabores conscientizados através da língua …
tangíveis conscientizados através do corpo ... objetos mentais percebidos
através da mente que são desejáveis, agradáveis e fáceis de serem gostados,
conectados com o desejo sensual e que provocam a cobiça, e se um bhikkhu não
busca neles o prazer, não os acolhe e não permanece atado a eles, o deleite
cessa. Não havendo o deleite, não há paixão. Não havendo a paixão, não há
grilhões. Libertado do grilhão do deleite esse bhikkhu é chamado aquele que
vive só."
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4. Moderação no comer
"Refletindo de maneira sábia,
ele não usa os alimentos esmolados nem para diversão nem para embriaguez,
tampouco com o objetivo de embelezamento e para ser mais atraente, somente com
o propósito de manter a resistência e continuidade desse corpo, como forma de
dar um fim ao desconforto e para auxiliar a vida santa, considerando: 'Dessa
forma darei um fim às antigas sensações (de fome) sem despertar novas sensações
(de comida em excesso) e serei saudável e sem culpa e viverei em
comodidade.'"
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5. Apoio de amigos admiráveis
Aqui se refere, em particular a
amigos que são experientes e que podem servir de exemplo e ajuda na superação
do desejo sensual, especialmente nas meditações em objetos repulsivos. Mas
também se aplica à amizade admirável em geral. Essa mesma explicação é válida
para os outros obstáculos fazendo as devidas substituições.
"Não diga isso, Ananda. Isso é
toda a vida santa, Ananda, isto é, ter pessoas admiráveis como bons amigos,
companheiros e camaradas. Quando um bhikkhu tem pessoas admiráveis como bons
amigos, companheiros e camaradas, é de se esperar que ele desenvolva e se
dedique ao Nobre Caminho Óctuplo."
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6. Conversa apropriada
Aqui se refere, em particular à
conversa sobre a superação do desejo sensual, especialmente sobre meditações em
objetos repulsivos. Entretanto, também se aplica a toda conversa que ajude
alguém a progredir no caminho. Essa mesma explicação é válida para os outros
obstáculos fazendo as devidas substituições.
"Quando um bhikkhu está assim,
se a sua mente se inclinar para conversar, ele decide: 'Essa conversa é baixa,
vulgar, grosseira, ignóbil, não traz benefício e não conduz ao desencantamento,
desapego, cessação, paz, conhecimento direto, iluminação e Nibbana, isto é,
conversa sobre reis, ladrões, ministros de estado, exércitos, alarmes e
batalhas; comida e bebida, roupas, mobília, ornamentos e perfumes, parentes;
veículos; vilarejos, vilas, cidades, o campo; mulheres e heróis; as fofocas das
ruas e do poço; contos dos mortos; contos da diversidade (discussões
filosóficas do passado e futuro), a criação do mundo e do mar e falar sobre a
existência ou não das coisas: desse tipo de conversa eu não participo.' Dessa
forma ele possui plena consciência daquilo.
Mas ele decide: 'Aquelas conversas
que tratam da obliteração, que favorecem a libertação da mente, que conduzem ao
completo desencantamento, desapego, cessação, paz, conhecimento direto,
iluminação e Nibbana, isto é, conversas sobre querer pouco, satisfação,
afastamento, distância da sociedade, despertar a energia, virtude,
concentração, sabedoria, libertação, conhecimento e visão da libertação: desse
tipo de conversa eu participo.' Dessa forma ele possui plena consciência
daquilo."
* * *
As seguintes coisas também são úteis
para superar o desejo sensual:
- Unificação da mente (ekaggata),
dos fatores de absorção (jhananga);
- Atenção Plena (sati), das faculdades espirituaiss (indriya);
- Atenção Plena (sati), dos fatores da iluminação (bojjhanga).
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C. Símile
"Suponha, brâmane uma tigela
com água misturada com tinta vermelha, amarela, azul ou laranja, se um homem
com boa visão examinasse o reflexo da sua face, ele não a perceberia e não a
veria como na verdade ela é. Do mesmo modo, brâmane, quando alguém permanece
com a mente obcecada pelo desejo sensual ... mesmo os mantras que estão sendo
recitados há muito tempo não vêm à mente, sem falar naqueles que não estão
sendo recitados."
* * *
B. A esfomeação da má-vontade
"Há, bhikkhus, a libertação da
mente através do amor-bondade: dar com frequência atenção com sabedoria para
isso, essa é a esfomeação que previne o surgimento da má-vontade que ainda não
surgiu e o crescimento e incremento da má-vontade, uma vez que esta tenha
surgido."
"Desenvolva a meditação do
amor-bondade; pois quando você desenvolve a meditação do amor-bondade, toda
má-vontade será abandonada.
Desenvolva a meditação da compaixão;
pois quando você desenvolve a meditação da compaixão, toda crueldade será
abandonada.
Desenvolva a meditação da alegria
altruísta; pois quando você desenvolve a meditação da alegria altruísta, todo
descontentamento será abandonado.
Desenvolva a meditação da equanimidade;
pois quando você desenvolve a meditação da equanimidade, toda aversão será
abandonada."
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Seis coisas levam ao abandono da
má-vontade:
1. Aprender a meditar sobre o amor-bondade;
2. Dedicar-se à meditação de amor-bondade;
3. Refletir que se é herdeiro e dono de suas próprias ações (kamma);
4. Reflexão frequente da forma a seguir:
"Estando com raiva de outra pessoa, o que nós podemos fazer a ela? Nós
podemos destruir as virtudes e boas qualidades dela? Nós não chegamos ao estado
presente de acordo com nossas ações, e isso também não continuará a ocorrer no
futuro? Ter raiva com relação ao outro é o mesmo que uma pessoa, querendo
golpear outra, pegar com as mãos brasas incandescentes, ou um anzol de ferro,
ou excrementos. E, da mesma forma, se a outra pessoa estiver com raiva de você,
o que ela pode fazer a você? Ela pode destruir suas virtudes e boas qualidades?
Ela também chegou ao estado presente de acordo com suas ações, e isso também
não continuará a ocorrer no futuro? Da mesma forma como um presente recusado,
ou como um punhado de poeira jogado contra o vento, a raiva dela irá cair sobre
sua própria cabeça."
5. Apoio de amigos admiráveis
6. Conversa apropriada
- Comentário do Satipatthana Sutta
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As seguintes coisas também são úteis
para superar a má-vontade:
- Êxtase (piti), dos fatores
de absorção (jhanaanga);
- Convicção (saddha), das faculdades espirituais ((indriya);
- Êxtase (piti) e equanimidade (upekkha), ddos fatores da
iluminação (bojjhanga).
* * *
C. Símile
"Suponha, brâmane uma tigela
com água sendo aquecida ao fogo, com a água borbulhando, se um homem com boa
visão examinasse o reflexo da sua face, ele não a perceberia e não a veria como
na verdade ela é. Do mesmo modo, brâmane, quando alguém permanece com a mente
obcecada pela má vontade ... mesmo os mantras que estão sendo recitados há
muito tempo não vêm à mente, sem falar naqueles que não estão sendo
recitados."
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B. A esfomeação da preguiça e torpor
"Há, bhikkhus, o elemento do
estímulo, o elemento do empenho, o elemento do esforço: dar com frequência
atenção com sabedoria para isso, essa é a esfomeação que previne o surgimento
da preguiça e torpor que ainda não surgiram e o crescimento e incremento da
preguiça e torpor, uma vez que estas tenham surgido."
"Com satisfação eu deixaria a
carne e o sangue do meu corpo secar, deixando só pele, tendões e ossos, se eu
não tiver atingido o que pode ser atingido através da firmeza humana, da
energia humana e do esforço humano, não haverá nenhum relaxamento na minha
energia."
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Seis coisas que levam ao abandono da
preguiça e torpor:
1. Saber que comer em excesso é uma
de suas causas;
2. Trocar a postura do corpo;
3. Focar-se na percepção da luminosidade;
4. Ficar ao ar livre;
5. Apoio de amigos admiráveis;
6. Conversa apropriada.
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As seguintes coisas também são úteis
na superação da preguiça e torpor:
1. Contemplação sobre a morte
"Hoje o esforço tem que ser feito; amanhã a Morte poderá vir, quem
sabe?"
[MN 131]
2. Percepção do sofrimento naquilo
que impermanente
"Quando um bhikkhu com frequência cultiva a percepção do sofrimento
naquilo que é impermanente, uma aguçada percepção do perigo e temor é
estabelecida nele em relação à letargia, indolência, preguiça, negligência,
falta de determinação e desatenção, como em relação a um assassino com a espada
levantada."
[AN VII.46]
3. Alegria altruísta
"Desenvolva a meditação da alegria altruísta; pois quando você desenvolve
a meditação da alegria altruísta, todo descontentamento será abandonado."
[MN 62]
4. Contemplação da jornada
espiritual
Tenho de seguir o caminho pelo qual os Budas, Budas "silenciosos" (pacceka-buddha)
e Grandes Discípulos caminharam; mas esse caminho não pode ser seguido por uma
pessoa indolente.
Vism. IV,55
5. Contemplação sobre a grandeza do
Mestre
A completa aplicação da energia era elogiada por meu Mestre, ele é incomparável
em suas instruções e uma incomparável ajuda para todos nós. Ele é respeitado
por praticar o Dhamma que ele descobriu, não por outra razão.
Vism. IV,55
6. Contemplação sobre a grandeza da
Herança
Eu tenho de tomar posse da Grande Herança, conhecida como o Bom Dhamma. Mas uma
pessoa indolente não pode fazê-lo.
Vism. IV,55
7. Como estimular a mente
Como alguém deve estimular sua mente no momento em que for necessária a
estimulação? Se devido à lentidão na aplicação da sabedoria ou devido ao não
atingimento da felicidade e tranquilidade, a mente de alguém está desmotivada,
então essa pessoa deveria fazer surgir a energia através da reflexão em oito
objetos motivadores. Esses oito são: nascimento, decaimento, doença e morte; o
sofrimento nos mundos miseráveis; o sofrimento do passado enraizado na roda da
existência; o sofrimento do futuro enraizado na roda da existência; o
sofrimento do presente enraizado na busca por alimento.
Vism. IV,63
8. Como superar a sonolência
"Certa vez o Abençoado disse ao Venerável Maha-Moggallana: 'Você está
cabeceando, Moggallana? Você está cabeceando?' - 'Sim, venerável senhor.'
(1) Então, Moggallana, qualquer percepção que você tenha em mente quando a
sonolência surgir, não dê atenção para essa percepção, não insista nisso. É
possível que, ao fazer isso, você se livre da sonolência.
(2) Mas, se ao fazer isso, você não se livrar da sonolência, então traga para a
memória o Dhamma da forma como você o ouviu e memorizou, reexamine e pondere
isso na sua mente. É possível que, ao fazer isso, você se livre da sonolência.
(3) Mas, se ao fazer isso, você não se livrar da sonolência, então recite em
detalhe o Dhamma da forma como você o ouviu e memorizou. É possível que, ao
fazer isso, você se livre da sonolência.
(4) Mas, se ao fazer isso, você não se livrar da sonolência, então pressione os
lóbulos das orelhas e esfregue os membros com as mãos. É possível que, ao fazer
isso, você se livre da sonolência.
(5) Mas, se ao fazer isso, você não se livrar da sonolência, então levante do
seu assento e depois de lavar os olhos com água, olhe em volta em todas as
direções e para cima para as estrelas e as constelações. É possível que, ao
fazer isso, você se livre da sonolência.
(6) Mas, se ao fazer isso, você não se livrar da sonolência, então coloque a
sua atenção na percepção da luz, permaneça resoluto na percepção da luz do dia,
sendo o dia o mesmo que a noite, a noite o mesmo que o dia. Assim com a atenção
aberta e desimpedida desenvolva uma mente luminosa. É possível que, ao fazer
isso, você se livre da sonolência.
(7) Mas, se ao fazer isso você não se livrar da sonolência, então com os
sentidos imersos internamente, sem que a mente se disperse para o exterior,
pratique a meditação andando, caminhando para cá e para lá, com atenção plena e
plena consciência. É possível que, ao fazer isso, você se livre da sonolência.
(8) Mas, se ao fazer isso, você não se livrar da sonolência, então deite do
lado direito, na postura do leão, com um pé sobre o outro, atento e plenamente
consciente, após anotar na sua mente o horário para levantar. Assim que
despertar, levante-se com rapidez, com o pensamento, 'Eu não irei me entregar
ao prazer de ficar deitado, o prazer de estar recostado, o prazer da
sonolência.'
Assim, Moggallana, é como você deve treinar."
[AN VII.58]
9. Os cinco perigos ameaçadores
"Bhikkhus, quando um bhikkhu que habita as florestas considera cinco
perigos futuros, isso é o suficiente para que ele permaneça diligente, ardente
e decidido para alcançar aquilo que ainda não foi alcançado, para obter aquilo
que ainda não foi obtido, para realizar aquilo que ainda não foi realizado.
Quais cinco?
(1) "Aqui, um bhikkhu reflete assim: 'Eu agora sou jovem, com o cabelo
negro, dotado com as bênçãos da juventude, no primeiro estágio da vida. Mas
chegará o tempo em que a velhice irá tomar conta do corpo. Agora, quando alguém
é velho, subjugado pela idade, não é fácil se ocupar com os ensinamentos do
Buda; não é fácil viver em locais afastados nas florestas e bosques. Antes que
essa condição indesejada, não aspirada, desagradável recaia sobre mim, que eu
estimule a energia para alcançar aquilo que ainda não foi alcançado, para obter
aquilo que ainda não foi obtido, para realizar aquilo que ainda não foi
realizado. Assim, quando eu estiver naquela condição, permanecerei tranquilo
muito embora esteja velho.' Esse é o primeiro perigo futuro que considerado por
um bhikkhu é o suficiente para que ele permaneça diligente, ardente e decidido
para alcançar aquilo que ainda não foi alcançado, para obter aquilo que ainda
não foi obtido, para realizar aquilo que ainda não foi realizado.
(2) "Novamente, um bhikkhu reflete assim: 'Eu estou raramente enfermo ou
aflito, possuindo uma boa digestão, que não é nem demasiado fria nem demasiado
quente, mas média, e adequada para o esforço. Mas chegará o tempo em que a
enfermidade irá tomar conta do corpo. Agora, quando alguém é enfermo, subjugado
pela enfermidade, não é fácil se ocupar com os ensinamentos do Buda; não é
fácil viver em locais afastados nas florestas e bosques. Antes que essa
condição indesejada, não aspirada, desagradável recaia sobre mim, que eu
estimule a energia para alcançar aquilo que ainda não foi alcançado, para obter
aquilo que ainda não foi obtido, para realizar aquilo que ainda não foi
realizado. Assim, quando eu estiver naquela condição, permanecerei tranquilo
muito embora esteja enfermo.' Esse é o segundo perigo futuro que considerado
por um bhikkhu é o suficiente para que ele permaneça diligente, ardente e
decidido para alcançar aquilo que ainda não foi alcançado, para obter aquilo
que ainda não foi obtido, para realizar aquilo que ainda não foi realizado.
(3) "Novamente, um bhikkhu reflete assim: 'Há abundância de comida, a
colheita foi boa, sendo fácil conseguir comida esmolada e é fácil subsistir. Mas
chegará o tempo em que haverá fome, a colheita será pobre, uma época em que
será difícil conseguir comida esmolada e não será fácil subsistir. Numa época
de fome as pessoas migram para os lugares em que há comida em abundância e as
condições de vida são congestionadas e abarrotadas de gente. Agora, quando as
condições de vida são congestionadas e abarrotadas de gente, não é fácil se
ocupar com os ensinamentos do Buda; não é fácil viver em locais afastados nas
florestas e bosques. Antes que essa condição indesejada, não aspirada,
desagradável recaia sobre mim, que eu estimule a energia para alcançar aquilo
que ainda não foi alcançado, para obter aquilo que ainda não foi obtido, para
realizar aquilo que ainda não foi realizado. Assim, quando eu estiver naquela
condição, permanecerei tranquilo muito embora esteja numa situação de fome.'
Esse é o terceiro perigo futuro que considerado por um bhikkhu é o suficiente
para que ele permaneça diligente, ardente e decidido para alcançar aquilo que
ainda não foi alcançado, para obter aquilo que ainda não foi obtido, para
realizar aquilo que ainda não foi realizado.
(4) "Novamente, um bhikkhu reflete assim: 'As pessoas vivem em concórdia,
com apreço mútuo, sem disputas, mesclando como leite e água, vendo um ao outro
com bondade. Mas chegará o tempo em que haverá perigo, turbulência na floresta,
e as pessoas do campo, montadas sobre os seus veículos fugindo para todos os
lados. Numa época de perigo as pessoas migram para os lugares seguros e as
condições de vida são congestionadas e abarrotadas de gente. Agora, quando as
condições de vida são congestionadas e abarrotadas de gente, não é fácil se
ocupar com os ensinamentos do Buda; não é fácil viver em locais afastados nas
florestas e bosques. Antes que essa condição indesejada, não aspirada,
desagradável recaia sobre mim, que eu estimule a energia para alcançar aquilo
que ainda não foi alcançado, para obter aquilo que ainda não foi obtido, para
realizar aquilo que ainda não foi realizado. Assim, quando eu estiver naquela condição,
permanecerei tranquilo muito embora esteja numa situação de perigo.' Esse é o
quarto perigo futuro que considerado por um bhikkhu é o suficiente para que ele
permaneça diligente, ardente e decidido para alcançar aquilo que ainda não foi
alcançado, para obter aquilo que ainda não foi obtido, para realizar aquilo que
ainda não foi realizado.
(5) "Novamente, um bhikkhu reflete assim: 'Não há tensão na Sangha - há
concórdia, harmonia; sem disputas, com uma única recitação. Mas chegará o tempo
em que haverá um cisma na Sangha. Agora, quando há um cisma na Sangha, não é
fácil se ocupar com os ensinamentos do Buda; não é fácil viver em locais
afastados nas florestas e bosques. Antes que essa condição indesejada, não
aspirada, desagradável recaia sobre mim, que eu estimule a energia para
alcançar aquilo que ainda não foi alcançado, para obter aquilo que ainda não
foi obtido, para realizar aquilo que ainda não foi realizado. Assim, quando eu
estiver naquela condição, permanecerei tranquilo muito embora esteja numa
situação de cisma na Sangha.' Esse é o quarto perigo futuro que considerado por
um bhikkhu é o suficiente para que ele permaneça diligente, ardente e decidido
para alcançar aquilo que ainda não foi alcançado, para obter aquilo que ainda
não foi obtido, para realizar aquilo que ainda não foi realizado." [1]
[AN V.78]
* * *
As seguintes coisas também são úteis
na superação da preguiça e torpor:
- Pensamento aplicado (vitakka),
dos fatores de abbsorção (jhananga);
- Energia (viriya), das faculdades espirituais (indriya);
- Investigação dos fenômenos (Dhamma vicaya), enerrgia (viriya) e
êxtase (piti), dos fatores da iluminação (bojjhanga).
* * *
"Numa ocasião, bhikkhus, em que
a mente ficar letárgica, é inoportuno desenvolver o fator da iluminação da
tranquilidade, o fator da iluminação da concentração e o fator da iluminação da
equanimidade. Por qual razão? Porque a mente está letárgica, bhikkhus, e é
difícil estimulá-la com essas coisas.
Numa ocasião, bhikkhus, em que a
mente ficar letárgica, é oportuno desenvolver o fator da iluminação da
investigação dos fenômenos, o fator da iluminação da energia e o fator da
iluminação do êxtase. Por qual razão? Porque a mente está letárgica, bhikkhus,
e é fácil estimulá-la com essas coisas."
* * *
C. Símile
"Suponha, brâmane uma tigela
com água coberta por musgo e plantas aquáticas, se um homem com boa visão
examinasse o reflexo da sua face, ele não a perceberia e não a veria como na
verdade ela é. Do mesmo modo, brâmane, quando alguém permanece com a mente obcecada
pela preguiça e torpor ... mesmo os mantras que estão sendo recitados há muito
tempo não vêm à mente, sem falar naqueles que não estão sendo recitados."
* * *
B. A esfomeação da inquietação e
ansiedade
"Há, bhikkhus, a paz mental:
dar com frequência atenção com sabedoria para isso, essa é a esfomeação que
previne o surgimento da inquietação e ansiedade que ainda não surgiram e o
crescimento e incremento da inquietação e ansiedade, uma vez que estas tenham
surgido."
* * *
Seis coisas levam ao abandono da
inquietação e ansiedade:
1. Conhecer as escrituras Budistas
(Doutrina e Disciplina);
2. Fazer perguntas sobre elas;
3. Familiaridade com o Vinaya (o Código de Disciplina Monástica, e para os
discípulos laicos, os princípios de conduta ética);
4. Associar-se com aqueles maduros na idade e experiência, que possuem
dignidade, moderação e calma;
5. Apoio de amigos admiráveis;
6. Conversa adequada.
* * *
As seguintes coisas também são úteis
na superação da inquietação e ansiedade:
- Concentração (samadhi), das
faculdades espirituaais (indriya);
- Tranquilidade (passaddhi), concentração (samaadhi) e
equanimidade (upekkha), dos fatores da iluminação (bojjhanga).
"Numa ocasião, bhikkhus, em que
a mente ficar excitada, é inoportuno desenvolver o fator da iluminação da
investigação dos fenômenos, o fator da iluminação da energia e o fator da
iluminação do êxtase. Por qual razão? Porque a mente está excitada, bhikkhus, e
é difícil acalmá-la com essas coisas.
Numa ocasião, bhikkhus, em que a
mente ficar excitada, é oportuno desenvolver o fator da iluminação da
tranquilidade, o fator da iluminação da concentração e o fator da iluminação da
equanimidade. Por qual razão? Porque a mente está excitada, bhikkhus, e é fácil
acalmá-la com essas coisas."
* * *
C. Símile
"Suponha, brâmane uma tigela
com água sendo agitada pelo vento, cheia de ondulações, se um homem com boa
visão examinasse o reflexo da sua face, ele não a perceberia e não a veria como
na verdade ela é. Do mesmo modo, brâmane, quando alguém permanece com a mente
obcecada pela inquietação e ansiedade ... mesmo os mantras que estão sendo
recitados há muito tempo não vêm à mente, sem falar naqueles que não estão
sendo recitados."
* * *
B. A esfomeação da Dúvida
"Há, bhikkhus, qualidades
mentais que são hábeis e inábeis, benéficas e prejudiciais, superiores e
inferiores, claras e escuras com as suas contrapartidas: dar com frequência
atenção com sabedoria para isso, essa é a esfomeação que previne o surgimento
da dúvida que ainda não surgiu e o crescimento e incremento da dúvida, uma vez
que esta tenha surgido."
* * *
Das seis coisas que levam ao
abandono da dúvida, as primeiras três e as duas últimas são idênticas às dadas
na seção da inquietação e ansiedade. A quarta é:
Firme convicção no Buda, no Dhamma e
na Sangha.
* * *
Além disso, as seguintes coisas
também são úteis na superação da dúvida :
- Pensamento sustentado (vicara),
dos fatores de aabsorção (jhananga);
- Sabedoria (pañña), das faculdades espirituais (<indriya);
- Investigação dos fenômenos (Dhamma vicaya), dos fatores da iluminação
(bojjhanga)
* * *
C. Símile
"Suponha, brâmane uma tigela
com água que está túrbida, agitada, com lodo, colocada num lugar escuro, se um
homem com boa visão examinasse o reflexo da sua face, ele não a perceberia e
não a veria como na verdade ela é. Do mesmo modo, brâmane, quando alguém
permanece com a mente obcecada pela dúvida ... mesmo os mantras que estão sendo
recitados há muito tempo não vêm à mente, sem falar naqueles que não estão
sendo recitados."
Agora suponha que um homem se
enferme – com dores e seriamente doente. Ele não tolera a comida e não há força
no seu corpo. Conforme o tempo passa, ele finalmente se recupera dessa
enfermidade. Ele tolera a comida e há força no seu corpo. O pensamento lhe
ocorreria, 'Antes, eu estava doente ... Agora estou recuperado daquela doença.
Eu tolero a minha comida, há força no meu corpo.' Por causa disso ele
experimentaria alegria e felicidade.
Agora
suponha que um homem está na prisão. Conforme o tempo passa, ele finalmente é
libertado dessa prisão, são e salvo, sem perda de patrimônio. O pensamento lhe
ocorreria, 'Antes, eu estava na prisão. Agora estou livre da prisão, são e
salvo, sem perda do meu patrimônio.' Por causa disso ele experimentaria alegria
e felicidade.
Agora
suponha que um homem é um escravo, sujeito a outros, não sujeito a si mesmo,
incapaz de ir aonde queira. Conforme o tempo passa, ele finalmente é libertado
daquela escravidão, sujeito a si mesmo, não sujeito a outros, livre, capaz de
ir aonde queira. O pensamento lhe ocorreria, 'Antes, eu era um escravo … Agora
estou livre daquela escravidão, sujeito a mim mesmo, não sujeito a outros,
livre, capaz de ir aonde queira.' Por causa disso ele experimentaria alegria e
felicidade.
Agora
suponha que um homem, carregando dinheiro e mercadorias, está viajando por uma
estrada em uma região desolada. Conforme o tempo passa, ele finalmente emerge
daquela região desolada, são e salvo, sem perda de patrimônio. O pensamento lhe
ocorreria, 'Antes, carregando dinheiro e mercadorias, eu estava viajando por
uma estrada em uma região desolada. Agora emergi dessa região desolada, são e
salvo, sem perda do meu patrimônio.' Por causa disso ele experimentaria alegria
e felicidade.
Da
mesma forma, quando esses cinco obstáculos não são abandonados por ele, o
bhikkhu os considera como uma dívida, uma enfermidade, uma prisão, a
escravidão, uma estrada através de uma região desolada.
Porém,
quando esses cinco obstáculos são abandonados, ele os considera como não ter
dívidas, ter boa saúde, estar livre da prisão, estar livre da escravidão, estar
num lugar com segurança.
Vendo
que os obstáculos foram abandonados por ele, ele fica satisfeito. Satisfeito, o
êxtase surge. Com o êxtase, o seu corpo se acalma. Com o corpo calmo, ele sente
felicidade. Sentindo felicidade, a sua mente fica concentrada.
Então
um bhikkhu afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis,
entra e permanece no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento
aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. Ele
permeia e impregna, cobre e preenche o corpo com o êxtase e felicidade nascidos
do afastamento. Ele entra e permanece no segundo... terceiro... quarto jhana
..."
1. Vitakka (pensamento aplicado)
2. Vicara (pensamento sustentado)
3. Piti (êxtase)
4. Sukha (felicidade)
5. Ekaggata (unificação da mente)
As cinco faculdades espirituais:
1. Saddha (convicção)
2. Viriya (energia)
3. Sati (atenção plena)
4. Samadhi (concentração)
5. Pañña (sabedoria)
Os sete fatores da iluminação:
1. Sati (atenção plena)
2. Dhamma vicaya (investigação dos fenômenos)
3. Viriya (energia)
4. Piti (êxtase)
5. Passaddhi (tranquilidade)
6. Samadhi (concentração)
7. Upekkha (equanimidade)
Agradecemos a colaboração de Raryel
Costa Souza na tradução deste guia de estudo do Inglês.
Revisado: 16 Abril 2013
Copyright © 2000 - 2013, Acesso
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Michael Beisert: editor, Flávio Maia: designer.