O
processo do despertar existe também de instante a instante. Quando se está
meditando e vem o sono, aos poucos se infiltram imagens, como se fossem
símbolos ou a própria meditação, e então historinhas que parecem verdadeiras
inspirações ou coisas reais, nos desviando da meditação para o sono e sonhos.
Mas há um instante de claridade
quando percebemos que aquilo é um sonho e despertamos. Se ficarmos nesse ‘espaço’
surgido estaremos meditando, concentrados agora.
O mesmo ocorre mesmo com o menor
‘estalo’ no desenrolar da vida diária. Quando percebemos nossos desejos e
emoções aproveitadoras se infiltrando com suas imaginações e planos. Se
estivermos atentos e treinados nesse despertar, percebemos isso acontecer,
notamos quando o sono toma conta. Então surge o estado atento no lugar do estar
sendo conduzido cegamente por desejos ou emoções e no lugar do desejo em
questão surge o desejo de estar atento e de ver o desejo. O desejo observado
deixa de ser o agente para ser o observado. Há assim o autoconhecimento no
lugar do simples processo do desejar e das emoções conflituosas que nos
impulsionam a ações impensadas ou mais desejos sedentos.
Então surge uma claridade, um
despertar. Se permanecermos nessa claridade estamos diante da natureza pura de
nossa consciência, luminosa e aberta.