Baseado no Majhima Nikaya 77, 22:
“Outra vez, Udayin, eu
proclamei para os meus discípulos o caminho para desenvolver as oito
libertações”.
[1] Possuindo forma material, eu vejo a forma: essa
é a primeira libertação.
[2] Não percebendo a forma no interior, eu vejo a
forma no exterior: essa é a segunda libertação. [3] Eu estou decidido apenas
pelo belo: essa é a terceira libertação.
[4] Com a completa superação das percepções da
forma, com o desaparecimento das percepções do contato sensorial, sem dar
atenção às percepções da diversidade, consciente que o ‘espaço é infinito,’ eu
entro e permaneço na base do espaço infinito: essa é a quarta libertação.
[5] Com a completa superação da base do espaço
infinito, consciente que a ‘consciência é infinita,’ eu entro e permaneço na
base da consciência infinita: essa é a quinta libertação.
[6] Com a completa superação da base da consciência
infinita, consciente de que ‘nada é’, eu entro e permaneço na base do nada:
essa é a sexta libertação.
[7] Com a completa superação da base do nada, eu
entro e permaneço na base da nem percepção nem não percepção: essa é a sétima
libertação.
[8] Com a completa superação da base da nem
percepção nem não percepção, eu entro e permaneço na cessação da sensação e
percepção: essa é a oitava libertação.
“E através disso, muitos dos
meus discípulos permanecem assim, tendo alcançado a consumação e perfeição do
conhecimento direto.”
A fórmula acima pode ser
usada como método de recitação e meditação, principalmente deitado onde se pode
mais facilmente apartar do corpo e das sensações, recitando de cor cada etapa conforme
avança na meditação dos estágios 1 ao 8.
O conhecimento direto, nesse
caso, é aquele que está além da percepção e da não percepção, isto é Nibbana, o
incondicionado, não nascido, não causado.
Nibbana é também a natureza
real de tudo. Tudo é estritamente simbólico, equações em processo; tudo é
insubstancial, porém é a representação da lei única e de seus desdobramentos.
O Iluminado vê o mundo como
um livro onde lê os símbolos, entende a linguagem, as equações, as leis, etc..
Assim não vê de fato “o mundo”, que seria uma visão distorcida, mas vê a
realidade, Nibbana.
O não iluminado, não
desperto, não vendo isso, vê as coisas e fenômenos como reais, concretas,
sofríveis, etc., tomando como completo o que não é; e como incompleto o que já
é completo; sofrendo e fazendo sofrer: está prisioneiro dessas sensações.