sábado, 22 de setembro de 2012

A MEDITAÇÃO BUDISTA (continuação)


Um segundo comentário sobre o modo budista de meditação

Diz-se que uma diferença fundamental entre a meditação budista e outros métodos de meditação é o fato de se dirigir a ver as coisas como realmente são, enquanto que outras maneiras de meditar levam apenas à calma, ao relaxamento ou à concentração temporária ou no máximo à visão de outras realidades (mas ainda o mesmo tipo de visão relativa que temos agora). Não sei até que ponto isto é totalmente verdadeiro hoje, mas no tempo do Buda foi uma grande diferença. Antes de se tornar o Buda, Siddhatta foi discípulo de dois dos principais mestres da índia e tendo atingido a mesma realização daqueles, os mesmos não tinham nada mais além para ensinar. Siddhatta queixava-se que experimentava a paz suprema quando estava meditando, mas quando acabava, voltava a esse mundo e ainda havia sofrimento e ignorância. A sabedoria daquele estado superior não fazia muita diferença nesse mundo e ele não tinha encontrado o que saiu a procura, o fim do sofrimento humano e o caminho que conduziria a este fim.

Então até atingir o despertar Siddhatta não estava satisfeito e aquelas formas de meditação, embora o levassem a estados sublimes, não representavam o fim do sofrimento e da ignorância, nem para ele e nem para outros seres.

A meditação budista, Samatta-Vipassana, se distingue das demais por essa segunda característica. A primeira, Samatta, calma, tranquilidade, êxtase, relaxamento, satisfação, etc. é um estado que o meditante precisa alcançar para mais facilmente chegar ao segundo, Vipassana, que se traduz comumente como insight, ou seja, a compreensão clara da realidade é a experiência direta da mesma. Podemos ilustrar as duas fases como um lago onde constantemente são jogadas pedras e se formam ondulações, mexendo e turvando a água, misturando-a com o lodo do fundo. A primeira etapa, Samatta, é acalmar a água, não lançar pedras e esperar a água clarear; a segunda, Vipassana, é o insight, quando o lago acalma e a terra assenta podemos então ver com clareza o que não podíamos ver antes.

Alguns dizem que antes de Buda a meditação era apenas Samatta. Em sua busca incessante Siddhata descobriu um tipo de meditação eficaz, acessível aos vários tipos humanos, que parte daqui, desse mundo, daquilo em que estamos mergulhados, para a compreensão da realidade completa por trás dessa experiência; parte da compreensão da realidade mais imediata manifesta como nosso corpo, mente, sensações e fenômenos, para as realidades mais profundas do universo. O Buda ensina esse caminho que parte do conhecido para o desconhecido, do aparentemente particular para o universal. Não é uma revelação, ou inspiração de um deus ou deuses ou espíritos, mas um ver com os próprios olhos, um convite, o “venha e veja”; não é uma verdade revelada de cima pra baixo, mas ao contrário o praticante vai penetrando e comprovando por si mesmo, um método, um meio.

O que isso nos diz de concreto é que hoje temos um sistema de meditação detalhado, testado por milhares de anos por praticantes e que vem sendo comprovado como por inúmeras pessoas que colhem dos seus benefícios, conseguem vários insights cada vez mais profundos da realidade que se acumularão e lhes serão úteis por toda vida e ao longo da jornada. Qualquer um que esteja disposto a experimentar, a treinar e a dedicar-se a praticar experimentará transformações. Algumas logo, outras, mais profundas, com mais tempo de prática; e muitos insights ao longo do caminho sobre muitos aspectos. É também uma mudança de visão que se dá pelo mudar o modo de ver e como resultado dessa mudança, também uma mudança do modo de viver. Por outro lado o modo de viver apontado pelo Buda como o melhor deve também ser experimentado para que, sendo ele vivenciado, seja comprovada sua eficácia como melhor modo de viver e como aquele que elimina os obstáculos no caminho da luz.

É comum também ouvir-se que nesse sistema de meditação Buda ensinou quarenta tipos de meditação, ou oitenta maneiras de meditação que se adequarão aos tipos diferentes de mentalidade. De fato existem muitas maneiras de meditar no budismo, mas o importante é entender que há a pratica formal, sentado ou andando ou deitado ou em pé e a prática no dia a dia, de momento a momento, o máximo que conseguirmos de atenção plena sobre si mesmo e sobre os fenômenos, estar presente momento a momento. Uma fortalece a outra, a prática diária abre a visão do praticante e se isso acontecer com certa intensidade, logo a meditação deixa de ser um exercício e passa a ser um processo gratificante de iluminação gradual.

Assim logo no inicio poderão ser observados alguns resultados já no sentido de comprovar, ver por si mesmo e quiçá de transformação interior, que se aprofundarão e se multiplicarão ao longo da trajetória levando à segurança, à confiança e ao crescimento espiritual. Esta é seguramente uma característica diferencial do budismo, seu caráter inquiridor, comprobatório, de ver por si. Como dizia Buda quando perguntavam sobre certos temas que para as outras religiões eram artigos de fé: “venha e veja”.

Antonio F. Gonzaga

Digha Nikaya 22 - Mahasatipatthana Sutta

Os Fundamentos da Atenção Plena (continuação)

Este sutta foi condensado a partir da tradução completa do Digha Nikaya; Os suttas foram traduzidos do Pali para o inglês por Thanissaro Bhikkhu, Maurice Walsh, Bhikkhu Boddhi, Narada Thera e T. W. Rhys Davis; a tradução do inglês é de Michael Beisert e pode ser encontrada no www.acessoaoinsight.net .

Para distribuição gratuita como um presente do Dhamma
( 4. Os Sete Fatores da Iluminação )
42. “Novamente, bhikkhus, um bhikkhu permanece contemplando os objetos mentais (4) como objetos mentais referentes aos sete fatores da iluminação.[29] E como um bhikkhu permanece contemplando os objetos mentais como objetos mentais referentes aos sete fatores da iluminação? Aqui, estando presente nele o fator da iluminação da (4.1) atenção plena, um bhikkhu compreende: ‘O fator da iluminação da atenção plena está em mim’; ou se o fator da iluminação da atenção plena não estiver presente nele, ele compreende: ‘O fator da iluminação da atenção plena não está em mim’; e ele também compreende (a) como estimular o fator da iluminação da atenção plena que não está estimulado e (b) como o fator da iluminação da atenção plena que está estimulado alcança a sua plenitude através do desenvolvimento.
“[Da mesma forma] Estando presente nele o fator da iluminação da (4.2) investigação dos estados[30] (...) Estando presente nele o fator da iluminação da (4.3) energia (...) Estando presente nele o fator da iluminação do (4.4) êxtase (...) Estando presente nele o fator da iluminação da (4.5) tranqüilidade (...) Estando presente nele o fator da iluminação da (4.6) concentração (...) Estando presente nele o fator da iluminação da (4.7) equanimidade (...).[31]
43. “Dessa forma ele permanece contemplando (...) E ele permanece independente, sem nenhum apego a qualquer coisa mundana. (...)
( 5. As Quatro Nobres Verdades )
44. “Novamente, bhikkhus, um bhikkhu permanece contemplando os objetos mentais como objetos mentais em relação às quatro nobres verdades. E como um bhikkhu permanece contemplando os objetos mentais como objetos mentais em relação às quatro nobres verdades? Aqui um bhikkhu compreende como na verdade é: (1) ‘Isto é sofrimento’; (...) (2) ‘Isto é a origem do sofrimento’; (...) (3) ‘Esta é a cessação do sofrimento’; (...) (4) ‘Este é o caminho que leva à cessação do sofrimento.’[32]
45. “E o que, amigos, é (1) a nobre verdade do sofrimento? O nascimento é sofrimento; o envelhecimento é sofrimento; a morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimento; não obter o que se deseja é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento.  
“E o que, amigos, é nascimento? O nascimento dos seres nas várias classes de seres, o próximo nascimento, o estabelecimento [num ventre], a geração, a manifestação dos agregados, a obtenção das bases para contato – a isto se denomina nascimento.
“E o que, amigos, é o envelhecimento? O envelhecimento dos seres nas várias categorias de seres, a sua idade avançada, os dentes quebradiços, os cabelos grisalhos, a pele enrugada, o declínio da vida, o enfraquecimento das faculdades – a isto se denomina envelhecimento.
“E o que, amigos, é a morte? O falecimento de seres nas várias categorias de seres, a sua morte, a dissolução, o desaparecimento, o morrer, a finalização do tempo, a dissolução dos agregados, o corpo deitado – a isto de denomina morte.
“E o que, amigos, é a tristeza? A tristeza, entristecimento, sofrimento, tristeza interior, arrependimento interior, de alguém que sofreu alguma desgraça ou que está afetado por alguma situação dolorosa – a isto se denomina tristeza.
“E o que, amigos, é a lamentação? O pranto e o lamento, chorar e lamentar, o choro e a lamentação de alguém que sofreu alguma desgraça ou que está afetado por alguma situação dolorosa – a isto se denomina lamentação.
“E o que, amigos, é a dor? Dor no corpo, desconforto corporal, a sensação dolorosa e desconfortável que surge do contato corporal – a isto se denomina dor.
“E o que, amigos, é a angústia? Dor mental, desconforto mental, a sensação dolorosa e desconfortável que surge do contato mental – a isto se denomina angústia.
“E o que, amigos, é o desespero? A confusão e o desespero, a tribulação e a desesperação de alguém que sofreu alguma desgraça ou que está afetado por alguma situação dolorosa – a isto se denomina desespero.
“E o que, amigos, é ‘não obter o que se deseja é sofrimento’? Para os seres sujeitos ao nascimento surge o desejo: ‘Ah, que nós não estivéssemos sujeitos ao nascimento! Que o nascimento não viesse para nós!’ Mas isto não pode ser obtido pelo desejo e não obter o que se deseja é sofrimento. [O mesmo] para os seres sujeitos ao envelhecimento (...) sujeitos à enfermidade (...) à morte (...) à tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero, surge o desejo: ‘Ah, que nós não estejamos sujeitos à tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero! Que a tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero não surjam para nós!’ Mas isto não pode ser obtido pelo desejo e não obter o que se deseja é sofrimento.
“E o que, amigos são os cinco agregados influenciados pelo apego que, em resumo, são sofrimento? Eles são: o agregado da forma material influenciado pelo apego, o agregado da sensação influenciado pelo apego, o agregado da percepção influenciado pelo apego, o agregado das formações influenciado pelo apego e o agregado da consciência influenciado pelo apego. Esses são os cinco agregados influenciados pelo apego que, em resumo, são sofrimento. A isto se denomina a nobre verdade do sofrimento.
46. “E o que, amigos, é (2) a nobre verdade da origem do sofrimento? É o desejo, que induz à renovação dos seres, que é acompanhado de prazer e cobiça e que sente prazer nisto e naquilo; isto é, (a) o desejo por prazeres sensuais, (b) o desejo por ser/existir e (c) o desejo por não ser/existir. [33]
“E onde surge e se estabelece esse desejo? Qualquer coisa no mundo que seja cativante e tentadora, nisso surge e se estabelece o desejo.
“E o que no mundo é cativante e tentador? O olho no mundo é cativante e tentador. O ouvido (...) O nariz (...) A língua (...) O corpo (...) A mente no mundo é cativante e tentadora, nisso surge e se estabelece o desejo. Formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no mundo são cativantes e tentadores, nisso surge e se estabelece o desejo.
“Consciência no olho, consciência no ouvido, consciência no nariz, consciência na língua, consciência no corpo, consciência na mente no mundo é cativante e tentadora,  nisso surge e se estabelece o desejo.
“Contato no olho, contato no ouvido, contato no nariz, contato na língua, contato no corpo, contato na mente no mundo é cativante e tentador, nisso surge e se estabelece o desejo.
“Sensação tendo como condição o contato no olho, contato no ouvido, contato no nariz, contato na língua, contato no corpo, contato na mente no mundo é cativante e tentadora,  nisso surge e se estabelece o desejo.
“Percepção de formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no mundo é cativante e tentadora, nisso surge e se estabelece o desejo.
“Intenção por formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no mundo é cativante e tentadora, nisso surge e se estabelece o desejo.
“Desejo por formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no mundo é cativante e tentador, nisso surge e se estabelece o desejo.
“Pensamento aplicado [34] às formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no mundo é cativante e tentador, nisso surge e se estabelece o desejo.
“Pensamento sustentado [35] nas formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no mundo é cativante e tentador, nisso surge e se estabelece o desejo. A isto se denomina a nobre verdade da origem do sofrimento.
47. “E o que, amigos, é (3) a nobre verdade da cessação do sofrimento? É o desaparecimento e a cessação sem deixar vestígios, é abrir mão, abandonar, soltar e rejeitar esse mesmo desejo. E como ocorre o abandono desse desejo, como ocorre a sua cessação?
“Qualquer coisa no mundo que seja cativante e tentadora, nisso ocorre a cessação. E o que  no mundo é cativante e tentador. O ouvido... O nariz... A língua... O corpo... A mente no mundo é cativante e tentadora, nisso surge e se estabelece o desejo. Formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no mundo são cativantes e tentadores,  nisso ocorre o abandono desse desejo, nisso ocorre a sua cessação.
“Consciência no olho, consciência no ouvido, consciência no nariz, consciência na língua, consciência no corpo, consciência na mente no mundo é cativante e tentadora,  nisso ocorre o abandono desse desejo, nisso ocorre a sua cessação.
“Contato no olho, contato no ouvido, contato no nariz, contato na língua, contato no corpo, contato na mente no mundo é cativante e tentador, nisso ocorre o abandono desse desejo, nisso ocorre a sua cessação.
“Sensação tendo como condição o contato no olho, contato no ouvido, contato no nariz, contato na língua, contato no corpo, do contato na mente no mundo é cativante e tentadora, nisso ocorre o abandono desse desejo, nisso ocorre a sua cessação.
“Percepção de formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no mundo é cativante e tentadora, nisso ocorre o abandono desse desejo, nisso ocorre a sua cessação.
“Intenção por formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no mundo é cativante e tentador, nisso ocorre o abandono desse desejo, nisso ocorre a sua cessação.
“Desejo por formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no mundo é cativante e tentador, nisso ocorre o abandono desse desejo, nisso ocorre a sua cessação.
“Pensamento aplicado às formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no mundo é cativante e tentador, nisso ocorre o abandono desse desejo, nisso ocorre a sua cessação.
“Pensamento sustentado nas formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no mundo é cativante e tentador, nisso ocorre o abandono desse desejo, nisso ocorre a sua cessação. A isto se denomina a nobre verdade da cessação do sofrimento.
48. “E o que, amigos, é (4) a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento? É justamente este Nobre Caminho Óctuplo; isto é, entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta e concentração correta.[36]
“E o que, amigos, é (1) entendimento correto? (a) Entendimento do sofrimento, (b) entendimento da origem do sofrimento, (c) entendimento da cessação do sofrimento e (d) entendimento do caminho que conduz à cessação do sofrimento – a isto se denomina entendimento correto.
“E o que, amigos, é (2) pensamento correto? O (a) pensamento da renúncia, o (b) pensamento da não má vontade e o (c) pensamento da não crueldade – a isto se denomina pensamento correto.
 “E o que, amigos, é (3) linguagem correta? (a) Abster-se da linguagem mentirosa, (b) abster-se da linguagem maliciosa, (c) abster-se da linguagem grosseira e (d) abster-se de linguagem frívola – a isto se denomina linguagem correta.
“E o que, amigos, é (4) ação correta? (a) Abster-se de matar seres vivos, (b) abster-se de tomar o que não seja dado e (c) abster-se de conduta imprópria com relação aos prazeres sensuais – a isto se denomina ação correta.
 “E o que, amigos, é (5) modo de vida correto? Aqui um nobre discípulo, tendo abandonado o modo de vida incorreto*, ganha o seu pão através do modo de vida correto – a isto se denomina modo de vida correto.
 “E o que, amigos, é (6) esforço correto? Aqui um bhikkhu (a) gera desejo para que não surjam estados ruins e prejudiciais que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. Ele [do mesmo modo] (b) gera desejo de abandonar estados ruins e prejudiciais que já surgiram (...); (c) gera desejo para que surjam estados benéficos que ainda não surgiram (...); (d) gera desejo para a continuidade, o não desaparecimento, o fortalecimento, o incremento e a realização através do desenvolvimento de estados benéficos que já surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. A isto se denomina esforço correto.
“E o que amigos, é (7) atenção plena correta? Aqui um bhikkhu (a) permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Ele (b) permanece contemplando as sensações como sensações, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Ele (c) permanece contemplando a mente como mente, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Ele (d) permanece contemplando os objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. A isto se denomina atenção plena correta.
“E o que, amigos, é (8) concentração correta? Aqui, afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, um bhikkhu (a) entra e permanece no primeiro jhana**, que é acompanhado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. (b) Silenciando o pensamento aplicado e sustentado, um bhikkhu entra e permanece no segundo jhana, que é acompanhado pela autoconfiança e unicidade da mente sem o pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos da concentração. (c) Com o desaparecer do êxtase, um bhikkhu permanece com a equanimidade, plenamente atento e plenamente consciente, ainda sentindo felicidade no corpo, ele entra e permanece no terceiro jhana, acerca do qual os nobres declaram: ‘Possui uma estada feliz aquele que é equânime e plenamente atento.’ (d) Com o abandono da felicidade e do sofrimento, e com o anterior desaparecimento da alegria e tristeza, um bhikkhu entra e permanece no quarto jhana, que possui nem felicidade, nem sofrimento e a atenção plena purificada devido à equanimidade. A isto se denomina concentração correta.
“A isto se denomina a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento.
(Insight)
49. “Dessa forma ele permanece contemplando os objetos mentais como objetos mentais internamente ou ele permanece contemplando os objetos mentais como objetos mentais externamente, ou ele permanece contemplando os objetos mentais como objetos mentais tanto interna como externamente. Ou então, ele permanece contemplando fenômenos que surgem nos objetos mentais, ou ele permanece contemplando fenômenos que desaparecem nos objetos mentais, ou ele permanece contemplando tanto os fenômenos que surgem como os fenômenos que desaparecem nos objetos mentais. Ou então, a atenção plena ‘de que existem os objetos mentais ’ se estabelece somente na medida necessária para promover o conhecimento e a atenção. E ele permanece independente, sem nenhum apego a qualquer coisa mundana. Assim é como um bhikkhu permanece contemplando os objetos mentais como objetos mentais em relação às Quatro Nobres Verdades.
( Conclusão )
50. “Bhikkhus, qualquer um que desenvolver esses quatro fundamentos da atenção plena dessa maneira durante sete anos, um de dois resultados pode ser esperado: ou o conhecimento supremo aqui e agora, ou o ‘não-retorno’[37] se ainda houver algum resíduo de apego.
“Sem falar em sete anos, bhikkhus. Qualquer um que desenvolver esses quatro fundamentos da atenção plena dessa maneira durante seis anos... cinco anos... quatro anos... três anos... dois anos... um ano, um de dois resultados pode ser esperado: ou o conhecimento supremo aqui e agora, ou o ‘não-retorno’ se ainda houver algum resíduo de apego.
“Sem falar em um ano, bhikkhus. Qualquer um que desenvolver esses quatro fundamentos da atenção plena dessa maneira durante sete meses... seis meses... cinco meses... quatro meses... três meses... dois meses... um mês... meio mês, um de dois resultados pode ser esperado: ou o conhecimento supremo aqui e agora, ou o ‘não-retorno’ se ainda houver algum resíduo de apego.
“Sem falar em meio mês, bhikkhus. Qualquer um que desenvolver esses quatro fundamentos da atenção plena dessa maneira durante sete dias, um de dois resultados pode ser esperado: ou o conhecimento supremo aqui e agora, ou o ‘não-retorno’ se ainda houver algum resíduo de apego.
51. “Assim, foi em referência a isto que foi dito: ‘Bhikkhus, este é o caminho direto para a purificação dos seres, para superar a tristeza e lamentação, para o desaparecimento da dor e angústia, para alcançar o caminho verdadeiro, para a realização de Nibbana - isto é, os quatro fundamentos da atenção plena’”
Isto foi o que o Abençoado disse. Os bhikkhus ficaram satisfeitos e contentes com as palavras do Abençoado.
Notas:
[ 29 ] A maneira pela qual os sete fatores da iluminação se desdobram numa seqüência progressiva é explicada no MN 118.29-40. Para uma discussão mais detalhada veja Piyadassi Thera, The Seven Factors of Enlightenment.
[ 30 ] ‘Investigação dos Estados’, (dhammavicaya), significa o escrutínio por meio da atenção plena dos fenômenos físicos e mentais que se apresentam ao meditador.
[ 31 ] Os comentários explicam em detalhe as condições que conduzem à maturação dos fatores da iluminação. Veja The Way of Mindfulness pag. 134-149.
[ 32 ] A partir deste ponto o DN 22 faz uma análise detalhada das Quatro Nobres Verdades que não consta do MN 10. No entanto, o detalhamento da Nobre Verdade do sofrimento também pode ser encontrado no MN 141.
[ 33 ] O detalhamento da Nobre Verdade da origem do sofrimento, (verso 47), bem como da Nobre verdade da cessação do sofrimento, (verso 48), não constam do MN 141.
[34] Vitakka.
[35] Vicara.
[36] Igual ao MN 141.
[37] O conhecimento supremo, añña, é o conhecimento do arahant sobre a libertação final. Não retorno, (anagamita), é o estado de não retorno daquele que renasce num plano superior, onde ele atinge Nibbãna sem jamais retornar para o plano humano.
* N. O.: os meios de vida incorretos são listados normalmente como de quatro ou cinco tipos: 1. matança, tortura e comércio de seres vivos incluindo obviamente de seres humanos também; 2. negociar armamentos; 3. negociar venenos ou drogas; 4. roubo (que inclui outros meios de vida desonestos como fraude, estelionato, enganar as pessoas, etc. pode-se encontrar também notas de tradutores que incluem a agiotagem e advogar falsamente nessa lista). Quando há cinco é que se subdivide o 1 em comércio de carnes e comercio de seres vivos resultando em um a mais, mas também pode ser encontrada mais facilmente essa subdivisão como dois pontos diferentes e a ausência do número 4.
** N.O.: mais conhecido no ocidente pelo termo sânscrito dyana.

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